sábado, 23 de junho de 2018

Terapia larval


Terapia larval revoluciona tratamento de diabetes

Por: Aline Anúzia, Eduarda Fernandes, Isabella Oliveira e Priscila Lima.

As lesões cutâneas são bastante comuns, e geralmente, há dificuldades de cura, em geral naquelas ligadas a diabetes. As feridas, especialmente em idosos, e certas infecções, particularmente com bactérias resistentes a antibióticos de vários tipos, dificultam a recuperação desses ferimentos, levando a riscos de amputação e mesmo ao óbito. Com mais de dez milhões de diabéticos no Brasil, a quantidade de casos de feridas com dificuldades para cura é muito grande.

Várias técnicas têm sido utilizadas para auxiliar na cura de lesões cutâneas, associadas a géis e antibióticos modernos, mas os tratamentos são demorados, caros e nem sempre eficazes.

A observação de que as larvas de certas moscas podem ajudar a limpar ferimentos e apressar a cura levou à chamada terapia larval, que teve seu apogeu entre as guerras mundiais. Após 1945, com o desenvolvimento de vários antibióticos, a medicina deixou de lado o uso desta técnica para o tratamento de feridas.

Em pouco tempo, percebeu-se que os antibióticos levavam à resistência, e que os tratamentos eram caros e resolviam somente parte dos casos, não conseguindo impedir conseqüências graves, como as amputações. Essas dificuldades proporcionaram o ressurgimento do interesse pela terapia larval, a partir da década de 1980. Atualmente, dezenas de milhares de pacientes com feridas de várias origens (diabetes, úlceras, queimaduras, fasciite necrotizante etc.) já foram tratados nos Estados Unidos e em vários países da Europa, principalmente no Reino Unido, Alemanha, Holanda e Suécia. E desde 2011, no Brasil, mais especificamente no Hospital Onofre Lopes, em Natal.


Terapia larval é um o nome de um procedimento médico de ponta no mundo inteiro e que foi trazido para o Brasil, para aplicação em humanos, por uma enfermeira do serviço público brasileiro. Julianny Ferraz é o nome da profissional da saúde que mudou a vida de muitos pacientes que passaram pelo Hospital Onofre Lopes com feridas em estado de necrose grave e que poderiam causar uma amputação.

A enfermeira Potiguar, Julianny Ferraz, recebeu o prêmio Anna Nery 2017, o mais importante prêmio de Enfermagem do Brasil. A profissional foi reconhecida pelo importante trabalho que desenvolve nas pesquisas do tratamento de feridas e terapia larval, no qual possui destaque nacional. Julianny, embora atue na área há 33 anos, ainda se emociona ao relatar a história de pacientes que passaram pelas suas mãos cuidadosas.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte abriga o grupo de pesquisadoras sobre Terapia Larval, onde, desde 2011 se encontraram por meio de interesses em comum e nunca abandonaram a vontade de mudar a vida dos pacientes carentes que passam todos os dias pelos leitos do Hospital Universitário. Porém, a UFRN não as trata como mãe: as pesquisadoras contam que nesses quase 10 anos desde a aplicação do método, nem a Universidade nem a Governança do Hospital nunca às recebeu para conversar sobre o tema e oferecer qualquer tipo de apoio para o desenvolvimento da pesquisa e do tratamento.

O tratamento consiste no uso de larvas de moscas varejeiras para promover o desbridamento biológico, nome dado para o processo em que as larvas comem os tecidos mortos da pele e soltam em sua saliva substâncias que promovem a cicatrização das feridas mais rapidamente que métodos convencionais. Utilizado como tratamento no mundo inteiro, a terapia Larval começou a ser aplicada no Brasil através do trabalho pioneiro da enfermeira Julianny Barreto Ferraz, coordenadora da equipe de feridas do Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal. A prática do Desbridamento Biológico é antiga e atualmente é utilizada como rotina em países da Europa e nos Estados Unidos. Apesar dos benefícios cientificamente comprovados e de ser uma técnica de uso milenar, no Brasil, apenas o Rio Grande do Norte realiza esse procedimento. Para a enfermeira Julianny Ferraz os benefícios que a larva traz são impressionantes para o paciente, para a família e para o SUS, afirma.

 O Desbridamento Biológico consiste na utilização de larvas estéreis da mosca Crysomya Megacephal, espécie de varejeira comum em Natal, em pacientes com feridas causadas por diabetes, úlceras e queimaduras.A técnica atualmente é usada no HUOL no tratamento de pacientes diabéticos, doença que atinge mais de um milhão de pessoas somente no Rio Grande do Norte. As larvas das moscas, após coleta, criação e esterilização em laboratório, localizado no Departamento de Ciências Biológicas da UFRN, são colocadas e mantidas nas feridas por um período de 48 horas. Estas larvas alimentam-se somente de tecido morto, estimulando a formação de tecido de granulação, promovendo a cicatrização da ferida.

A larva tem como função se alimentar do tecido morto e sua saliva possui substâncias que ajudam o tecido a se regenerar, sua urina muda o ph da pele e possibilita uma recuperação mais rápida e completa do que com métodos convencionais utilizados em hospitais.

O tratamento de rotina para a eliminação da pele necrosada de feridas, é comumente realizado de forma mecânica, por meio de raspagem utilizando um bisturi. No entanto, essa prática é muito agressiva e dolorosa para o paciente. Outro meio é a utilização de curativos à base de substâncias como a prata, procedimento que despende um custo altamente elevado para o hospital, além das muitas cirurgias de amputação que chegam a ser feitas devido à gravidade da ferida. São justamente esses fatores que tornam a terapia larval uma alternativa mais viável, tanto do ponto de vista econômico quanto científico e em relação ao bem-estar do paciente.



Desafio dentro dos hospitais

As moscas são consideradas pela maioria das pessoas como seres nocivos ou, no mínimo, repulsivos. Para a enfermeira do HUOL Mariana Abreu Agra, especialista em dermatologia, o principal desafio para a expansão da terapia larval no Brasil é o conservadorismo médico, que muitas vezes prefere um tratamento convencional e se recusam a participar de especializações, seminários e congressos sobre o tema.

Os pacientes têm acesso à terapia larval através da palavra das enfermeiras do projeto, que ao receberem um paciente com uma ferida cutânea em estado de necrose de liquefação – um tipo de necrose onde a pele se encontra “mole”, com mau cheiro e coberta por uma colônia de bactérias – têm o papel de conscientizar à respeito das vantagens da terapia e da possibilidade de não ter o membro amputado. A adesão por parte dos pacientes é 100% positiva, cita Mariana Abreu.

Desde seu surgimento no Hospital Onofre Lopes, a terapia larval foi aplicada em 16 pacientes. Esse número é resultado de um trabalho incansável por parte da pequena equipe de enfermeiras e alunos de graduação, que se dedicam 24h por dia, sete dias por semana, aos cuidados da colônia de moscas do Centro de Biociências, que possui uma alimentação de dar inveja à qualquer inseto: leite ninho, farinha láctea, levedo de cerveja e ração para peixe.

A pesquisadora e professora Renata Antonaci, conta que um ponto marcante para a prática da Terapia Larval foi a possibilidade de se criar a colônia num laboratório próprio, mas que ainda é muito difícil manter os custos da criação das moscas e da manutenção do laboratório, por falta de investimentos e interesse por parte da Universidade. “Acredito que uma pesquisa que mostre o impacto financeiro da terapia larval faria com que a instituição abrisse os olhos para essa alternativa”, conta Renata. Atualmente, uma aplicação de larvas custa para o SUS pouco mais de $5,00, enquanto outras práticas, como a cirurgia, chegam a mais de $1.500,00.

As profissionais promovem cursos de capacitação para profissionais da saúde que se interessam na Terapia, oferecem simpósios, projetos de extensão e todos os métodos possíveis para tornar a prática, uma cultura hospitalar. “A vontade é conseguir aplicar a terapia larval em todos os pacientes que correm o risco de perder o membro por causa de uma ferida, mas não temos recursos físicos, humanos e laboratoriais para isso ainda”, afirma Julianny Ferraz.

As pesquisas caminham para um destino muito promissor na área da saúde que é a validação de técnicas da medicina alternativa, que tem o gosto tanto pela ciência quanto pelo bem estar do paciente. E enquanto contarmos com profissionais que se atualizam, buscam referências históricas e que botam suas idéias em prática compartilhando seus conhecimentos, visões de mundo e desejo de mudar o mundo, podemos manter a confiança numa sociedade mais humana e numa saúde pública mais integrativa.


sexta-feira, 22 de junho de 2018

Grupo Giradança


DANÇANDO SOB RODAS

Por: Alunas: Raylena Evelyn de O. G. do Nascimento, Rayssa Beatriz Bezerra Monteiro e Vanessa Islany M. de Araújo

O instituto Gira dança, foi inaugurado no ano de 2005 com a proposta de aceitar todos os diferentes tipos de corpos, fundada pelos bailarinos Anderson Leão e Roberto Morais, o instituto tem se mantido todo esse tempo sem ajuda financeira do governo.

O grupo que se encontra semanalmente para ensaios, trabalhando os corpos e suas interações através da dança contemporânea, reclama da falta de apoio financeiro e a dificuldade de manter um espaço para atender aos dançarinos e suas necessidades de forma apropriada.


Espaço onde são realizados os ensaios “ Se tem ensaio 5 vezes na semana, vai ter que ter 3 porque não vai ter passagem pra todo mundo, não dá pra ficar ensaiando tantas horas porque a gente não tem dinheiro pra pagar comida” relata Alexandro Americo, diretor artístico e coreografo do grupo.

Apesar das adversidades o grupo tem se mantido graças a dedicação daqueles que acolheram a ideia do projeto e vê nele um espaço de acolhimento e aceitação, como o bailarino Álvaro Dantas, que diz ter tido dificuldade de começar no balé por estar acima do peso considerado ideal, mas que no gira dança ele pôde realizar seu sonho sem restrições devido ao seu corpo.


copa e twitter


Em tweets, confira o quanto o mundo mudou (ou não) entre as Copas de 2014 e 2018

Políticos se manifestam ativamente na rede social, mesmo quando o Mundial não pauta suas publicações

Por Adriano Soares, Gisla Brito, José Lucas Lopes, João Victor Dantas, Juliana Almeida e Lucas Félix.

1.433 dias separam a final da Copa do Mundo no Maracanã da abertura da edição seguinte em Moscou. No futebol, nem tanta coisa mudou nesse intervalo. A Alemanha, então campeã, segue favorita. O Brasil, humilhado na semifinal, também. No meio do caminho, o encontro entre as seleções no mesmo estádio carioca durante a final olímpica trouxe o único título que faltava para os brasileiros.

Em todo o resto, as diferenças são bem mais significativas. Cidades se viram marcadas para sempre por tragédias. Mariana, Paris, Janaúba, Chapecó... E no mesmo Maracanã em que Neymar converteu o derradeiro pênalti em 2016, Michel Temer foi vaiado ainda como presidente interino durante a abertura dos Jogos. E não foi só o Brasil que mudou de presidente. Os Estados Unidos, aí pelo voto, abriram as portas da Casa Branca para Donald Trump.

O novo comandante da maior potência do planeta tem uma plataforma preferida para se manifestar: o Twitter. Por lá, é possível acompanhar a evolução não apenas de seu discurso, como também de diversas outras figuras importantes para o Brasil e o mundo. O que mudou entre o que falavam na semana de abertura do Mundial de 2014 para o período inicial da Copa da Rússia? Além de Trump, analisaremos também os tweets de Michel Temer, Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro e Marina Silva.

A terceira colocada nas duas últimas eleições presidenciais celebrava o começo do torneio, mas já previa a tensão antes mesmo do jogo contra a Croácia. Ela também aproveitou o momento de grande presença de turistas para fazer um alerta sobre a exploração sexual de menores.


Dessa vez ela postou uma foto com uma camisa personalizada da Seleção no dia da estreia contra a Suíça.


Já o candidato líder do primeiro turno nos cenários mais prováveis das eleições deste ano não mostrou muita empolgação com a Copa em solo brasileiro. Na época, preferiu constar a satisfação com a nova candidatura ao cargo de deputado federal, em que viria a disputar seu sétimo mandato.



O período passado não despertou maior empolgação futebolística nele, que se resume a postar conteúdo de pré-campanha, com um emoji de positivo destoando de produções mais elaboradas que possivelmente são realizadas por sua assessoria.


Por sua vez, a ex-presidente Dilma Rousseff se mostrava ativa em 2014, relatando passos da rotina presidencial, como o telefonema ao técnico Felipão no dia do jogo inicial da Copa. Dias depois, destacou ainda a celebração que tomava conta do país.




Mas o 7 a 1 foi suficiente para desiludir a petista, que agora foca em revelar sua nova agenda afastada do poder.



Já seu então vice em 2014 cravava uma previsão tão equivocada quanto a de recuperação dos empregos durante o seu mandato, prevendo a conquista do hexacampeonato. Ele ainda revelou ao governador paulista Geraldo Alckmin que é são-paulino. O tucano é santista.


Agora presidente efetivo, Temer mantém a confiança inabalável “rumo ao hexa”, já que considera o Brasil “sempre favorito”.


Enquanto o mundo ainda não dava muita bola para ideia, Donald Trump aproveitava aquele junho de 2014 para republicar imagens apoiando a então distante ideia de ser presidente dos Estados Unidos, inclusive com previsões da disputa que realmente aconteceria com Hillary Clinton.


Nada sobre o Mundial, enquanto em 2018 houve espaço para a menção da escolha dos Estados Unidos, ao lado de México e Canadá, como sede do torneio em 2026.


Como visto, muita coisa pode mudar até a Copa do Catar, que terá o mais longo intervalo entre duas edições do torneio em tempos de paz. Até a edição da América do Norte então… A única certeza é que Trump, mesmo se reeleito, não estará mais no exercício nem de um segundo mandato. É bem possível que aproveite o tempo livre para postar mais ainda no Twitter… Já os brasileiros, será que estarão torcendo ainda pelo hexa ou já pelo octa? Cenas dos próximos capítulos. Ou melhor: dos próximos jogos.

a febre dos zines




A importância do zine no âmbito cultural.

Por: Ágata Menezes, Eduardo Fernandes, Irlane Lira.

Você tem algo pra falar ou quer ter mais acesso à cultura em forma escrita ou ilustrativa, mas acha que isso não é acessível? Talvez você não tenham ouvido falar em Zine, que nada mais é do que um livreto básico que se pode encontrar de forma bastante acessível e até mesmo fazer os seus próprios de forma simples. O termo “fanzine” deriva da junção das palavras inglesas “fan” e  “magazine”, significando literalmente “revista de fãs”. Sem formato ou padrão estabelecido, o zine se caracteriza por ser uma publicação independente e não oficial. Essa ferramenta está sendo bastante utilizada por artistas independentes com todo o processo de produção cabíveis a eles mesmos e o mais legal: com total poder de experimentação.

É neste cenário de experimentação e mudanças que se encontra o zine “K”, que surgiu a partir dessa concepção underground cultural. Esse projeto editorial independente é escrito por Rodrigo Hammer, jornalista formado pela UFRN, nascido no Rio de Janeiro e radicado em Natal há mais de três décadas, foi repórter do Diário de Natal e depois partiu para a Publicidade, além de também ser tradutor. Hoje é responsável pela manutenção dos sites Natal Post e Portal da Semana, junto ao trabalho como freelancer em marketing para diversas empresas.  Publica zines desde os anos 80, dedicando-se atualmente apenas ao “K”, título que vem da palavra grega kino que significa movimento, cinema. A publicação propõe-se a apresentar um cineasta em cada edição destacando de forma pessoal seus filmes mais importantes, uma pequena biografia, além de curiosidades da vida e carreira do diretor em questão, entre outros temas. A primeira edição foi lançada em novembro de 2013 e, desde então, mensalmente, distribui os exemplares em pontos estratégicos da cidade de forma totalmente gratuita. Na entrevista, Hammer conta sobre sua trajetória e produção do zine.

Edição número 56, a última lançada.

Antes do “K”, você produziu outros zines, fale um pouco sobre eles.

Alimentava o sonho de lançar uma publicação independente com os recursos que tínhamos à época: máquina de escrever, papel ofício, hidrocor preto, cola e tesoura. Com isso e uma máquina Xerox, era fácil empreender nesse sentido. Em 1985, lancei um primeiro zine chamado ‘O Pêndulo’. Versava sobre Cultura em geral (Literatura, HQ, etc) e só ficou no primeiro número, hoje totalmente desaparecido. Depois, movido pela paixão por Rock ‘n’ Roll que cultivava desde 1977, criei junto ao meu primo e parceiro Carlos Henrique Leiros, o ‘The Action File’, primeiro como clube de gravações em fitas K-7, depois como zine mesmo. Vale salientar que, no Brasil, apenas uma publicação independente abordava o tema: o ‘Rock Brigade’, de SP, que depois virou revista. Éramos nós e eles, até onde sei. Seguiram-se o ‘Trench’ – voltado exclusivamente para Heavy Metal – e depois, quando já trabalhava no Diário de Natal, o ‘Zyklon-B’ (Cultura Geral). Acredite que, por causa dele, cheguei a sofrer censura de gente que se escandalizava com as matérias e principalmente com as capas. Mais tarde, já nos Anos 1990, foi a vez do The Brotherhood of Poison (“A Irmandade do Veneno”), este totalmente iconoclasta, dedicado a apontar o lado negro das bandas consagradas de Rock. Descíamos o pau de Beatles a Pink Floyd! Foi quando cheguei a ser ameaçado de morte por diversas vezes. E não estou exagerando...

Profissionalmente você seguiu o caminho da comunicação. Isso foi reflexo do seu envolvimento com os zines ou foi o contrário?

Foi o contrário. Interessava-me por Jornalismo, sugestionado por minha mãe que admirava a profissão. Também herdei o gosto para a escrita, graças a ela. Era uma missivista de mão cheia, cartas de um Português perfeito, longas e muito bem redigidas.

O seu conhecimento de composição e artes visuais veio com a profissionalização? Que diferenças você nota dos zines antigos para o “K” nesse sentido?

Sempre tive olho bom para fotografia e artes visuais em geral. Na adolescência, pintava óleo sobre tela reproduzindo fotos de paisagens. Nesse sentido, era perfeccionista. Depois, já no curso de Comunicação, apaixonei-me por Fotografia e produzi muita coisa legal. Meu trabalho de final de curso, hoje TCC, foi uma fotonovela experimental chamada ‘Numerais’. Toda em p/b, com narrativa contínua – começo, meio e fim. Sem diálogos, trabalhando com noções de absurdo. Foi a única nota máxima da turma, o que irritou quem tinha preferido texto. Engraçado, não? Quanto a diferenças em relação aos zines antigos para o ‘K’, diria que o sentido artesanal da coisa perdeu-se de todo. Hoje, basta um PC, criatividade e paciência. Tenho saudade daqueles tempos.

De onde surgiu a ideia deste zine?

A ideia do ‘K’ surgiu do intuito de empreender uma pesquisa pessoal em torno de 100 cineastas representativos para o Cinema. 100 nomes que conferissem uma visão global à chamada Sétima Arte. Fiz questão de uma triagem bastante criteriosa e imparcial, contemplando todos os continentes, gêneros, sexos e estilos. Sem preferência por A ou B.

No “K”, você fala de cinema, que é algo muito ligado à estética. Como você trabalha a estética do zine? Como foi a criação desse layout que permanece igual ao longo desses anos de publicação?

Visualmente trabalho sobre um template criado de forma autônoma. A ideia era facilitar a edição, apenas preenchendo os boxes vazios da diagramação com os textos no Quark XPress. É isso que faço. Digito diretamente nos espaços da matriz, de improviso, sem rascunho ou texto prévio. É tipo um mergulho de cabeça, uma catarse espontânea movida a Coca-Cola, batata-frita, jujuba e muito, muito chocolate, hoje minhas “drogas” favoritas... [risos].

Como ocorre o processo de pesquisa e seleção de conteúdo do que será publicado?

Para cada cineasta, reúno um número máximo de oito filmes. Assisto-os um a um, dia após dia, até que o ciclo se complete. Isso me dá uma noção global do nome em questão, bem como a oportunidade de descobrir ou redescobrir obras que já esquecera ou não tivera maturidade bastante da primeira exibição. Feito isso, parto para o processo de redação diretamente na tela, como expliquei anteriormente. Basta ter poder de síntese e dominar os segredos dessa arte.

Em quais locais da cidade o zine é distribuído? Para quem tem interesse em obter algum exemplar dos 56 publicados ao longo desses 5 anos, há alguma forma de acessá-los online ou adquirir o zine físico?

Atualmente distribuo, de forma independente, em pontos que vão do Sebo Vermelho à Banca 7ª Arte; da Capitania das Artes aos colégios Marista, Salesiano e Over; do Campus da UFRN e seus setores, àquelas bancas nas imediações do Atheneu. Grátis, faço questão de frisar. Em relação ao acesso on-line, preferi não facultá-lo, já que a ideia é papel de verdade mesmo. Curto muito originalidade e costumo brincar sobre essa “supremacia virtual de milhares de blogs por aí”: por ser o único ou um dos raros a produzir cultura (ainda) em papel, no dia em que resolverem a ele retornar, parto para o digital... Sempre na contramão, é o meu lema.

Apofenia Gráfica, fanzines de Tatiana Azevedo.

Uma oficina de produção de zines começou a ser oferecida no Campus Cidade Alta do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte) neste mês de Junho e deve durar até o final de 2018. A atividade é gratuita e aberta ao público e tem como objetivo estabelecer um diálogo entre cultura, saúde e educação por meio da construção do material estético fanzine. O curso busca também promover a liberdade criativa dos participantes e a sua capacitação para que possam construir seus próprios zines de maneira autônoma.

Um dos ministrantes da oficina é a designer Tatiana Azevedo, de 28 anos. Formada em Design pela UFRN, ela conta que o seu interesse por zines começou enquanto fazia intercâmbio na University of the Arts London (Universidade das Artes de Londres) pelo programa Ciências sem Fronteiras. Lá ela viu as publicações independentes em eventos e uma amiga sua também começou a produzir, o que incentivou Tatiana a construir seus próprios zines. “Comecei a me interessar por ser algo que eu mesma poderia fazer e experimentar, é como uma forma de aprender mais sobre design gráfico e ao mesmo tempo produzir coisas que me interessam”, afirmou a designer.

Atualmente, Tatiana produz o Apofenia Gráfica, um pequeno zine de fotografia analógica. Quando perguntada sobre qual o tema das suas publicações ela responde: “Neles eu brinco de juntar fotos que pra mim fazem algum sentido juntas, criando uma relação entre elas. E a ideia é que o leitor possa brincar de descobrir ou criar essas relações”.

Sobre o formato dos seus zines, a designer afirma que trabalha com a impressão em folha A4 por ser mais fácil e de menor custo e, por fim, com a dobradura a publicação toma a dimensão de uma folha A7. Preocupada com a qualidade das fotografias que formam a fanzine, Tatiana diz procurar um lugar que ela confie para imprimir os livretos, afirmando também que: “A estética do zine foi construída de acordo com meus interesses e referências, as fotografias analógicas são o conteúdo e ao mesmo tempo são a principal estética”. Ela já participou de eventos vendendo suas fanzines por quatro reais, mas atualmente ela produz na para mostrar aos amigos e dar de presente.


Carnavais, crônicas de foliões

A Fanzine "Carnavais, crônicas de foliões" tem o objetivo de ilustrar a magia do carnaval através de crônicas que reproduzem experiências vividas por pessoas comuns, mas que tiveram momentos singulares de suas vidas marcados pelo carnaval brasileiro. Produzida à luz da análise sociológica do carnaval presente no livro "Carnavais, malandros e heróis" de Roberto Damatta .Vale ressaltar o compromisso do real tocando as bordas da imensidão do irreal (detalhe que faz toda diferença nas histórias) como ponto chave da obra tornando-a imperdível.

Baixe o zine AQUI

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O meio é a mensagem?


Fotos do grupo “Os meios de comunicação como extensões do homem de M. McLuhan”, dos integrantes Artur F. Medeiros, Matheus Joan, Pedro Henrique, Mellyna Rodrigues, Paulo Vinicius, para a disciplina de História e Teoria da Comunicação II.

O ensaio aborda algumas das temáticas propostas por McLuhan no livro 'Os meios como extensão do homem'. Apresentamos a essência do que o Mcluhan quis passar em seu livro, bem como mostrando o avanço da tecnologia em fotos do dia a dia de, por exemplo, alunos da faculdade e seu contato com os temas “o meio é a mensagem”, “aldeia global” “meios quentes e meios frios”, “o mito de Narciso” e “os meios como extensão do homem”

Como dizer que morreu?


A necessidade de saber lidar com más notícias

O Projeto Dying: A human thing, busca trabalhar com os médicos questões comunicacionais, sobre a morte e outros tabus da profissão.

Por Erika Artmann, Layane Vilela, Suzane Chagas, Luana Sousa e Tainah Lucena.

Más notícias também precisam ser dadas e, é através da comunicação que médicos e outros profissionais da saúde lidam com seus pacientes e com os familiares dos mesmos, um envolvimento delicado, principalmente ao se tratar de doenças graves ou terminais, e que requer conceitos técnicos teóricos aliados à uma prática pouco trabalhada na grade do curso de medicina. Pensando nessa lacuna até então não preenchida, surgiu em 2015 o Projeto Diyng: A human thing, na Universidade Federal Rio Grande do Norte.

O Dying funciona como um projeto de extensão na Universidade e reúne, em cinco encontros, um grupo de estudantes de medicina e médicos já formados em torno de reuniões dinâmicas, com encenações e palestras sobre notícias indesejáveis, como a morte, esses encontros levam em consideração, segundo a página do grupo, os valores culturais da sociedade e não apenas o conhecimento médico científico das salas de aula.

Para Juliana Alianza Fernandes, médica geriatra de 34 anos ‘’a preocupação com o sentimento do médico e do paciente, o que isso pode causar de impacto em ambos e como que isso pode ser trabalhado’’ diz ter sido algo não tratado durante sua vida acadêmica, e, por isso, a Médica entende a importância do diálogo com os estudantes no projeto e também fora dele. Segundo ela, o contato entre médico e paciente pode ser desgastante, justamente por, muitas vezes, abarcar sentimentos diversos.

E o valor desse projeto é reforçado por Thaisa Costa, estudante do 2° período do curso, com 21 anos, que diz ter recebido um "conhecimento que geralmente não tem no curso, é pouco abordado pelos professores, daí a sua importância para a formação acadêmica e como pessoa também, para termos mais noção de como que tratar alguém durante um diagnóstico difícil, num momento que nem todo mundo sabe lidar”, ela afirma estar mais bem preparada, graças ao Dying.

O Projeto de extensão tem vagas limitadas, são escolhidos 20 alunos por semestre e o número de inscrições já chegou a 70. Os que são aceitos são acompanhados por profissionais já experientes que os avaliam e aconselham tendo em vista um melhor preparo técnico dos alunos e um atendimento mais humano aos pacientes.

ENSAIO FOTOGRÁFICO

Sintaxe da Linguagem Visual em Imagens Por Maria Veríssima

“Enquanto o tom está associado a questões de sobrevivência, sendo, portanto, essencial para o organismo humano, a cor tem maiores afinidades com as emoções”.