Uma
análise
comparativa dos filmes Terra para Rose (1987) O Sonho de Rose (2000)
e Frutos da Terra (2008), de Tetê Moraes
Ygor Felipe
Pinto
O
presente trabalho tem por objetivo analisar os filmes da Trilogia da
Terra: Terra para Rose (1987), O
Sonho
de Rose (2000) e Fruto da Terra (2008), da cineasta Tetê Morais.
Para tanto, parto de uma análise comparativa entre os filmes,
buscando apontar os procedimentos e elementos estéticos escolhidos
pela diretora, identificando aproximações e distâncias entre as
estratégias discursivas de cada narrativa. Como metodologia parto
da
análise pragmática de Luiz Gonzaga Mota (2013), utilizando seus
procedimentos operacionais para debater a respeito dos sentidos
expressados pela
narrativa, levando em conta o contexto histórico de produção e as
estratégias discursivas elaboradas
pela diretora que dão sentido aos filmes.
Introdução
A Trilogia da Terra é
uma série de 3 filmes documentais, produzidos pela diretora Tetê
Moraes, em um espaço de tempo de 22 anos. Os filmes representam a
história de luta do MST, sua evolução como organização e as
ideologias que norteiam a lógica dos assentamentos, não o bastante,
a partir do segundo filme, a diretora confronta os filmes anteriores
aos personagens, medindo os efeitos recepção da narrativa do filme
na vida dessas pessoas. O tempo tem papel fundamental no processo de
construção discursiva, pois tanto os personagens quanto a diretora
sempre estão em confronto com ele, questionando sempre sua posição
anterior a tomadas de cenas.
O primeiro filme, Terra
para Rose (1987) foi gravado em 1986. O filme conta a história do
processo de ocupação da Fazenda Annoni, um latifúndio improdutivo
de nove mil hectares, através da trajetória de Rose, uma militante
histórica do MST, primeira mulher a dar à luz em um assentamento,
que morreu em um suposto acidente, durante o processo de ocupação
desta fazenda.
O Sonho de Rose (2000)
narra a volta de Tetê Moraes aos assentamentos do Rio Grande do Sul,
no filme a diretora reencontra os antigos militantes, evidenciando as
transformações em suas vidas. Também encontra a família de Rose,
descobre que após a sua morte, seu marido e filhos se afastam do
movimento, indo morar em Porto Alegre. Lá ele reencontra Marcos,
filho de Rose e primeira criança a nascer em uma acampamento do MST,
que relata não lembrar da mãe e não ter sonhos. Após as
gravações do filme, o MST decide conceder um lote à família de
Rose, em função de sua luta e sacrifício pela reforma agrária, o
que faz a família retornar aos quadros do movimento.
O último filme da
trilogia é Fruto da Terra (2008), é um curta-metragem de 15
minutos, onde a diretora reencontra Marcos, na ocasião, estudante de
medicina em Cuba. O filme aborda a trajetória de Marcus até chegar
a universidade e o papel que os outros filmes possuem em sua vida.
Também mostra um pouco das experiências de Marcos em Cuba.
Nessa análise irei
aplicar o método de análise pragmática de Luiz Gonzaga Mota, para
discutir a respeito das escolhas estéticas e conceituais empregadas
pela diretora em seus filmes. Levando em conta que meu olhar sobre a
narrativa se debruça sobre o contexto comunicacional da enunciação,
onde tanto o contexto, quanto o de recepção devem ser levados em
conta (Mota, 2013). Compreendendo que os discursos narrativos se
constroem através de estratégias e astúcias comunicativas que
decorrem dos desejos do sujeito narrador.
Ele recorre consciente
ou inconsciente a operações e ardis linguísticos e
extralinguísticos a fim de realizar certas intenções: as
estratégias narrativas realizam-se em contextos pragmáticos e
produzem certos efeitos de sentido de acordo com os contratos
comunicativos e a burla consentida (e compreendida desses
contratos cognitivos. A comunicação narrativa gera, assim, certo
tipo de relação entre os sujeitos interlocutores: consciente ou
inconscientemente o narrador investe na construção narrativa do seu
discurso como um projeto dramático e solicita uma determinada
interpretação de parte do seu destinatário (se essa interpretação
se realizará de fato é outra questão. (Motta, 2013, p 126)
Irei adotar os
procedimentos da Metodologia de Análise
Pragmática consiste em um esquema de três
planos de entendimento, sendo eles plano da
expressão (linguagem ou discurso)
corresponde à descrição, o plano da estória
(ou conteúdo) equivale à análise, e o plano
da metanarrativa (tema de fundo) o da
interpretação. Em seguida defino os três níveis de narração, em
que operam dentro das narrativas, sendo eles, narrador
autor, narrador mediador e narrador personagem.
Por fim iremos enquadrar os filmes nos sete movimentos narrativos: a
intriga, o paradigma, os episódios, o conflito dramático, os
personagens, as estratégias argumentativas e a metanarrativa.
Pano de expressão,
estória e metanarrativa
O plano de expressão é
como a narrativa é empregada, no caso das três narrativas
analisadas, por serem filmes, é o audiovisual de não ficção
(documentário).
Já o plano de conteúdo
diz respeito a substância das histórias e o assuntos principais
abordados, no casos dos filmes da Trilogia da Terra (1987 a 2008) é
a Luta dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul,
focalizada na história da militante Rose, mártir na luta pela
reforma agrária e símbolo do movimento e seus múltiplos (positivos
e negativos) desdobramentos.
O plano meta-narrativo
diz respeito aos subtemas e grandes temas empregados na narrativa,
como por exemplo a “moral da história” ou quais discussões a
narrativa que levar ao público. Nos filmes propostos para análise
fica clara a centralidade de questões relacionadas à desigualdade
no campo, concentração fundiária, falta de interesse de agentes
políticos e violência policial e política, uma vez que trata da
trajetória, até a pós a morte, da militante Rose, vítima de
violência do campo, que faleceu sem ver seu sonho se realizar.
Níveis de narração
Como narrador-autor,
temos a empresa que produz os filmes bem como
suas fontes de financiamento. Quando falamos de contexto
comunicacional esse narrador autor
tem grande relevância, uma vez que, é quem financia e tem seus
interesses expressos nas narrativas. Os filmes analisados foram
produzidos pela produtora VemVer Brasil,
de propriedade da diretora dos filmes, Tetê Moraes, assim podemos
dizer que tanto o narrador-autor,
quanto o narrador-mediador
se coadunam, sendo eles a mesma pessoa. Contudo, precisamos
identificar as linhas de financiamento e apoiadores financeiros das
obras.
O primeiro filme (Terra
para Rose, 1987) teve apoio da EMBRAFILME, FUNTEVÊ/TV-E RIO, FINEP,
IBASE, SECRETARIA DE ATIVIDADES SÓCIO CULTURAIS/INACEN
(Coordenadoria de mulher e cultura), FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA,
CEDI, CESE, MST-RS; Segundo filme (O Sonho de Rose 2000), com o apoio
da Lei de Incentivo à Cultura n 8.313 (MINC), BILANCE, ICCO,
INCRA/PNUD Terceiro filme (Fruto da Terra, 2008) teve apoio, AECID –
Centro Cultural São Paulo, CTAV – Centro Técnico Audiovisual,
MINC – Secretaria do Audiovisual.
Todos os apoios partem
de instituições de caráter social e financiamento público, isso
deixa claro o caráter militante dos filmes, sendo essas narrativas
contestadoras da situação abordada, a desigualdade fundiária e a
violência política no Brasil. Olhar as fontes financiadoras é um
grande passo para entender a posição ideológica e a mensagem que
as narrativas empregam.
Para identificar o
narrador-personagem
precisamos lançar um olhar aos elementos estéticos do filme. As
Sonoras: Assentados, políticos, fazendeiros, transmitem memórias e
opiniões, que reforçam a mensagem do cineasta, também são
utilizadas como contraponto de opiniões na montagem dos filmes.
Outro fator importante
é Voz Over (voz de Lucélia Santos) narra a história
contextualizando, trazendo dados estatísticos, históricos e
factuais. No primeiro filme ela é um elemento organizador das ações,
empregada de uma forma muito parecida com a feitura de documentários
expositivos e reportagens jornalísticas. Já no segundo serve como
elemento de ligação entre os episódios. Por exemplo, quando a
diretora vai de um assentamento a outro, a voz over traz alguma
informação histórica, ou sobre a organização do MST.
O Arquivo é um
elemento fundamental, tanto para a cobertura da voz over, quanto para
contextualizações históricas. A partir do segundo filme ele ganha
maior relevância pois a diretora sempre usa o arquivo para fazer
comparações entre o antes e depois das personagens, colocando as
personagens em choque com o passado.
A partir do segundo
filme a presença da diretora é mais frequente, ela interage com as
personagens aparecendo em cena com eles. Dessa forma a diretora se
converte em personagem participando das ações em cena.
Tomadas de cenas em som
direto: Quotidiano do acampamento, registros das negociações com a
polícia, palavras de ordem, cantos. Essas cenas trazem o
aqui e agora das ocupações, das marchas e o
cotidiano dos acampamentos. Procedimentos esse remonta o perfil de
produção do cinema direto e cinema etnográfico francês.
Os sete movimentos
analíticos
1º Movimento:
compreender a intriga como síntese do heterogêneo
Para compreender a
intriga dos filmes foi necessário compreender suas partes e como
elas interagem com o todo narrativo, para tanto, fiz uma decupagem
dos filmes analisados, onde os filmes foram “desmontados” para
identificar como se opera a intriga dessas narrativas.
Terra para Rose (1987)
Foca na personagem Rose, mostrando suas posições e luta. É
dividido em capítulos que narram a luta pela desapropriação da
fazenda Anoni, Mostrando o nascimento do filho de Rose, o acampamento
ao redor da fazenda, a caminhada até a cidade de Porto Alegre, a
volta ao acampamento, a violência policial e a morte de Rose
(atropelada por uma carreta desgovernada nas proximidades de Fazenda
Anoni). A voz Over guia a história, sendo reforçada pelas imagens
in loco dos eventos e as sonoras dos diversos agentes envolvidos.
O Sonho de Rose (2000)
é focado na relação da cineasta (personagem) com as personagens.
Faz usos de flashes backs, com imagens do filme de 1987 e atuais. A
voz over surge possui papel de elemento de ligação. Ao invés de
capítulos temos as visitas da cineasta aos assentamentos,
apresentados como cartelas. O auge da narrativa está no encontro de
Tetê Moraes com a família de Rose, principalmente a entrevista com
o menino Marcos, que diz não lembrar da mãe, não sonhar e querer
ser pintor como seu pai, totalmente afastado do antigo sonho de sua
mãe de ter uma terra para plantar.
Frutos da Terra (2008)
e foca na relação da cineasta com Marcos, filho de Rose e a
primeira criança a nascer num assentamento do MST. Esse filme é um
resultado do filme anterior, já que após as gravações o MST,
resolveu acolher a família concedendo um lote de terra, o que fez
toda a família voltar ao movimento Marcus faz curso de medicina em
Cuba, onde as cenas são gravadas. A voz over agora é do próprio
Marcos, que fala sobre as mudanças de sua vida, sua relação com a
mãe e o MST. O momento atual de Marcos é sempre contraposto com
cenas dos dois outros filmes.
2º Movimento:
compreender a lógica do paradigma narrativo
A lógica do paradigma
narrativo muda com a produção dos filmes. Enquanto o primeiro filme
é centrado na trajetória de Rose, nos filmes seguintes o foco das
ações são os encontros dos personagens com a diretora, que a
partir daí levanta questões referentes aos trabalhos anteriores. A
personagem Rose sempre é lembrada, em arquivos e depoimentos.
Os filmes vão se
desdobrando uns nos outros, Terra para Rose, a luta de Rose por terra
e sua trágica morte; O Sonho de Rose, retorno de Tetê Moraes para
saber se o sonho de Rose havia se realizado e como estão os outros
integrantes do MST registrados em 87 e como o movimento se
desenvolveu nesse período; por fim Frutos da Terra, a realização
do sonho de Rose, pois sua família estava assentada e seu filho
estudando medicina em Cuba graças aos convênios do MST com o estado
cubano.
3º Movimento:
deixar surgirem novos episódios
Terra para Rose: 6
capítulos – Prólogo (sem cartela); Pressão; A Espera; O
Confronto; O Sonho; A Trégua. As cartelas são igual com a imagem de
uma carroça em cima de uma monte ao pôr do sol, só mudando os
texto.
Sonho de Rose: Cada
assentamento é um capítulo, onde ocorrem os encontros entre a
diretora e as personagens.
Frutos da Terra: Curta
metragem sobre a vida de Marcus em Cuba.
4º Movimento:
permitir ao conflito dramático se revelar
Foram identificados os
seguintes conflitos dramáticos nas obras?
Terra para Rose: A luta
pela terra, sob a perspectiva da desigualdade e violência no campo.
Personagem Rose personifica esse conflito.
O Sonho de Rose: A luta
pela conquista da terra pela família de Rose, que até então havia
deixado o movimento, ao final do filme o MST consegue assentar o
companheiro e os filhos de Rose (filme como mediação da conquista
familiar) Secundário: As transformações na vida das personagens do
primeiro filme.
Frutos da Terra: Como
Marcus lidou com sua presença nos filmes, com a perda precoce da mãe
e como chegou a cursar medicina em Cuba. A importância de um
movimento social organizado e multidisciplinar e sua militância no
MST.
5º Movimento:
personagem: Metamorfose de pessoa a persona
São três os
personagens principais da série, Rose, Marcus e Tetê Moraes, pude
identificar que a história gira em torno de suas ações e memórias,
norteando assim a narrativa.
Rose, militante do MST
que se torna mártir no primeiro filme. A construção dessa
personagem é muito forte no primeiro filme, o que a torna um símbolo
do movimento por sua luta e por sua entrega. A trajetória de Rose é
central para pensar a série de filmes, sob sua órbita emergem
outras histórias e temas a serem debatidos.
Marcos Tiaraju Correa
da Silva, filho de Rose, primeira criança a nascer em um
assentamento do MST. Sua trajetória é marcada pelo afastamento do
movimento quando criança e seu retorno, que fica evidente no
terceiro filme, como estudante de medicina do MST. Marcus simboliza
as conquistas do movimento, seu sucesso e sua internacionalização.
A diretora Tetê
Moraes, que aparece em imagem e interage em cenas com as personagens,
troca com elas memórias, se tornando um elemento mediador, entre as
obras.
6º Movimento: as
estratégias argumentativas
São muitas as
estratégias argumentativas para produção de um documentário. Aqui
já escrevi um pouco sobre algumas dessas estratégias como a voz
over e o arquivo. Também podemos encontrar nos filmes influências
de diferentes escolas do cinema documentário como o cinema direto,
que privilegia os encontros entre cineasta e personagens e
depoimentos “no calor do momento” (ex manifestações). Outra
estratégia vem de encontro com o documentário expositivo, onde a
voz over guia as ações que aparecem na tela, construindo uma
relação de som e imagem, por vezes de ilustração ou de oposição
argumentativa.
7º Movimento:
permitir às metanarrativas aflorar
Esses filmes têm por
objetivo trazer uma visão positiva do MST, não entram em muitas
polêmicas em relação ao movimento, as únicas que pude identificar
são relacionadas aos assentados trabalharem em cooperativas ou para
si, o que não apareceu, nas sonoras, ser algo tão polêmico entre
as personagens. O que os filmes procuram transmitir é a questão da
desigualdade no campo, simbolizada pela ocupação de áreas como da
fazenda Annoni, um latifúndio improdutivo de 9 mil hectares de
terras. Desse tema afloram outros subtemas como a falta de
comprometimento político e a violência por parte do estado.
Nos dois últimos
filmes a diretora expande essa visão e além das questões
referentes a desigualdade, levanta-se questões relacionadas ao
trabalho em cooperativas e agroecologia. Trabalhar de forma cooperada
e unida sob uma base de preceitos agroecológicos, ou seja, alimentos
limpos que respeitam a natureza tem sido uma das principais bandeiras
do MST.
Conclusões
Os filmes da Trilogia
da Terra, são um conjunto de filmes que abordam a luta e a
organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Podemos concluir que um filme é o desdobramento do anterior,
evidenciando a busca da diretora por simbolizar o MST por meio dos
personagens Rose e Marcos, mãe e filho que participam ativamente das
lutas do movimento.
As propostas
discursivas da diretora modificam muito a forma estilísticas dos
filmes, enquanto Terra para Rose, temos um grande cuidado com planos
(direção Walter Carvalho) e em registrar os vários momentos da
personagem Rose e seu filho recém-nascido, com contextualizações
históricas, trazendo para discussão a voz de autoridades,
pesquisadores e políticos ou outros dois se baseiam nos encontros da
diretora com as personagens e as mudanças em suas vidas após o
lançamento do primeiro filme, assim. Terra para Rose é como um
ponto de partida para as outras narrativas.
O sonho de Rose (2000)
teve um papel importante para a família de Rose, já que a partir
das gravações desse filme, os filhos e marido de Rose realizaram o
sonho de ganhar um lote de terra no Rio Grande do Sul. Mostrando
assim o potencial mobilizador e transformador que as narrativas
audiovisuais possuem.
Por fim, Frutos da
Terra (2008) simboliza a realização do sonho, a ascensão social de
quem foi tão massacrado pela sociedade. Isso se dá pois o filme
foca unicamente na relação de Marcos com os filmes realizados por
Tetê Moraes, ela chega a dizer em um momento “esses são os filmes
da sua vida”. Em entrevista em O Sonho de Rose, Tetê questiona
Marcos se ele lembra de sua mãe, se tem sonhos e o que quer ser
quando crescer, Marcos responde que não lembra nada da mãe, que não
sonha e quer ser pintor como o pai. Em Frutos da Terra fica clara a
mudança de perspectiva que o filme anterior gerou na vida da família
do garoto.
Ainda há muito que se
refletir sobre os filmes, transmito aqui uma primeira análise que
será o primeiro passo para reflexões mais profundas, com base em
entrevistas com a cineasta e com os personagens envolvidos.
Referências
MOTA,
Luiz Gonzaga, Análise Crítica Narrativa - Brasília, Editora
da Universidade de Brasília, 2013, 254p
Filmes
Terra
para Rose (1987)
https://www.youtube.com/watch?v=1ZlqjK4K1-0
O
Sonho de Rose (2000)
https://www.youtube.com/watch?v=xP2Jm23RJ9Y
Fruto
da Terra
(2008) https://www.youtube.com/watch?v=EzGqqYJlWZI