sábado, 31 de outubro de 2020

13 Reasons Why

Uma visão semiótica narrativa da Série 13 Reasons Why


Renata Alves de Albuquerque Othon 1; 

Kassandra Merielli Lopes Lima 2; 

Josilma Oliveira Lopes 3; 

Renato Ferreira de Moraes 4.

1. Introdução

O universo dos jovens americanos diante dos desafios da passagem da adolescência para a fase adulta - que inclui dramas familiares, sexualidade, questões de gênero, a exigência de um bom desempenho no Ensino Médio (High School, nos Estados Unidos) para o acesso a uma boa universidade, entre outros - foi e continua sendo objeto de uma série de obras “de formação” exibidas no cinema e na televisão, algumas baseadas na literatura. 

Parte da escola do cinema americano abordou o tema de forma romântica ou com tendência para a comédia. Ainda adolescente, Lindsay Lohan protagonizou a comédia Mean Girls (Paramount Pictures, 2004), Meninas Malvadas, título no Brasil, que mostra as estratégias de um grupo de estudantes em busca da popularidade na escola. Tornar-se popular é tema também de Sydney White, título original de Ela e os Caras (Universal Pictures, 2007), que narra a história de uma estudante expulsa de uma comunidade feminina que encontra abrigo numa república de garotos nerds5 para montar sua vingança contra as ex-colegas. A Mentira (Sony Pictures, 2010), título em português de Easy A, protagonizado por Emma Stone, conta a história de uma estudante que se torna vítima da própria mentira ao tornar público um encontro com um calouro em que supostamente teria perdido a virgindade. 

Há exceções. Carrie (United Artists, 1976), por exemplo, baseado no romance de Stephen King, exibido no Brasil com o título de Carrie, a Estranha, é uma narrativa de suspense que aborda a história de uma adolescente perseguida na escola, acuada pela mãe, que percebe ter estranhos poderes que fogem de seu domínio no baile de formatura.

Nas séries de TV, o tema passa a ser abordado em outra perspectiva dramática. Assuntos como bullying, orientações e comportamentos sexuais e o papel e a reação da escola enquanto instituição diante desses problemas passam a ser discutidos em séries como Big Little Lies (HBO MAX, 2017). A obra retrata o olhar e a atitude de três mães de alunos sobre os episódios de humilhação na escola que envolvem seus filhos. Na segunda temporada de American crime (ABC, 2015), exibida a partir de janeiro de 2016, bullying e homofobia são abordados ao longo de dez episódios através da história de um estudante vítima de humilhação na escola após acusar seus colegas jogadores de basquete de abuso sexual e publicação das fotos do episódio.

Produzida pela Paramount Television e exibida pela NETFLIX, 13 Reasons Why, objeto deste artigo, explora esses dramas inserindo na discussão uma de suas consequências mais trágicas: o suicídio. A série é uma adaptação do diretor Brian Yorkey ao livro Thirteen Reasons Why (2007), de Jay Asher. Após vários episódios de humilhação - que inclui estupro, bullying, violação de privacidade, assédio, incompreensão - sofridos na escola, Hannah Baker comete suicídio, mas antes planeja uma espécie de vingança ao gravar fitas-depoimento sobre todos os 13 motivos que a levaram a cometer o ato. A trama se desenrola na reação de amigos e familiares envolvidos nos episódios relatados por Hannah em seu diário post mortem. 

 A partir de um olhar crítico e técnico, lançamos mão de três aspectos pelos quais uma narrativa pode ser analisada: narrativa e técnicas utilizadas; rede de discursos que circularam entre os públicos produtores e consumidores; e quadrado semiótico de personagens e conflitos da narrativa (GREIMAS, 1976). 

Pretende-se, neste artigo, analisar as reações do público consumidor e das instituições jornalísticas frente às polêmicas que circularam no ambiente midiático após o lançamento da série e relacioná-las à teia de interações presentes na série, identificadas a partir do quadrado semiótico de Greimas (1976). Para a análise escolheu-se o Facebook (reações do público) e sites jornalísticos online, realizando a busca a partir de palavras-chave no Google e comentários nas publicações da Nteflix, respectivamente. 

2. Narrativa em flashback

A série é caracterizada pela exposição dos acontecimentos em flashback, uma ferramenta narrativa que permite a organização de eventos de forma não cronológica. Assim, a narrativa alterna o passado - narrado pela própria Hannah sobre os motivos que a levaram a cometer o suicídio - e o presente – através da narrativa do cotidiano conturbado de Clay, amigo da estudante morta, e outros colegas e respectivos familiares que tiveram alguma participação nos problemas enfrentados por ela. Os 13 episódios são organizados de acordo com a sequência de apresentação dos principais personagens da série enquanto “culpados” na morte de Hannah, que vai contando a Clay, através das fitas, quem são eles (inclusive ele próprio) e quais os motivos de estarem incluídos na lista.

No primeiro episódio, Clay recebe as fitas deixadas por Hannah e as instruções sobre o jogo de desvendar a sua morte. Na fita, ela apresenta Justin Foley, seu primeiro namorado, responsável também pelo primeiro caso de bullying ao expor aos amigos a foto (vazada na internet) de um momento íntimo entre os dois e de espalhar rumores obscenos sobre o encontro. 

No capítulo 2, ela apresenta Jessica Davis, “ex-amiga”, também novata na escola, cuja amizade foi desfeita em virtude de ciúmes e fofocas. A estudante volta a aparecer em episódios posteriores, quando é revelado que ela foi estuprada por um colega com o consentimento do namorado - fato presenciado por Hannah. Ainda nesse episódio, na narrativa presente, a mãe de Hannah encontra um bilhete que a faz acreditar que a filha vinha sofrendo bullying. A esta altura, os colegas da escola já sabiam que Clay estava ouvindo as fitas e Sherri (personagem que faz parte dos 13 porquês e aparece em episódios posteriores) se aproxima dele.

O episódio 3 narra a relação de Hannah com Alex Standall, outro novato na escola, que se torna amigo de Hannah e namorado de Jessica. Alex é protagonista de outro episódio de bullying contra Hannah ao incluí-la numa lista de “melhores e piores” da escola. No presente, a mãe de Hannah procura o diretor da escola e os amigos começam a pressionar Clay. Alex dá sinais de que também precisa de ajuda.

No capítulo 4, Tyler Down, fotógrafo oficial do grêmio estudantil, é mostrado perseguindo Hannah, com quem tenta uma aproximação. Repelido, se vinga expondo as fotos de um beijo entre Hannah e Courtney (outra personagem envolvida na prática de bullying contra Hannah). Na narrativa do presente, Clay é pressionado pelos colegas a beber e se excede no consumo de álcool pela primeira vez, o que eleva a desconfiança dos pais em relação ao comportamento do filho. O rapaz começa a executar um plano de vingança contra os que praticaram bullying contra Hannah: fotografa Tyler nu e envia a foto para os colegas.

O episódio 5 traz a história da curta amizade entre Hannah e Courtney Crimsen, homossexual não assumida, que se afasta de Hannah após ser fotografada beijando a amiga, passa a evitá-la de todas as formas e expõe a colega para esconder sua orientação sexual. No presente, dando continuidade ao seu “plano” de vingança, Clay pressiona Courtney ao levá-la ao túmulo de Hannah.

Marcus Cole é o personagem central do episódio 6. Com a ajuda de Zach Dempsey, de quem é amigo, tenta aproximar-se de Hannah no Dia dos Namorados para aproveitar-se da suposta fama de “fácil” que a estudante adquiriu. Mais uma humilhação. Enquanto isso, na narrativa presente, o clima entre os colegas começa a ficar pesado. Alex briga com Montgomery, um “valentão” da escola. Ambos são levados ao conselho de classe.

O sétimo capítulo aborda a história de Zach Dempsey. Jogador de basquete do time da escola, que aproveita o episódio entre Cole e Hannah para tentar uma aproximação, mas é rejeitado. Vinga-se sabotando recados dos alunos em sala de aula para expô-la ao ridículo perante os colegas. No presente, Clay começa a ter alucinações com Hannah.

No oitavo episódio, Hannah apresenta Ryan Shaver, editor da revista da escola, que a envolve em outro caso de bullying ao expor, sem o seu consentimento, um poema da estudante na publicação escolar (uma espécie de revista). No presente, enquanto conversam sobre as fitas, Tony conta a Clay que é homossexual e fala sobre o sentimento de culpa pela morte de Hannah.

O capítulo 9 mostra de novo o drama entre Hannah e Justin Foley. Neste episódio, Foley – único a ter duas fitas dedicadas a ele - é citado por consentir e se calar diante do estupro da namorada Jessica Davis pelo amigo Bryce Walker. Enquanto isso, no presente, durante uma revista em sala de aula, Clay descobre que os colegas plantaram maconha em sua mochila. Depois, tenta falar com Jessica sobre o estupro, mas sem sucesso.

No 10º, Hannah mostra o drama que viveu ao lado de Sherri Holland. Líder de torcida, Holland faz tudo para esconder sua participação num acidente – testemunhado por Hannah – que matou Jeff, estudante do mesmo colégio. No presente, Jessica começa a ter problemas com o consumo excessivo de álcool.

O capítulo 11 é dedicado a Clay Jensen, amigo de Hannah, um dos personagens centrais da trama, que viveu uma relação amorosa mal resolvida com a estudante e carrega o remorso pela omissão na ajuda à amiga. Enquanto isso, a mãe de Hannah encontra a lista da protagonista com os amigos que a importunaram na escola. Uma das professoras de Hannah revela a Porter (inspetor da escola, última pessoa a falar com Hannah antes de a estudante cometer suicídio) ter recebido bilhete anônimo com pedido de ajuda e é aconselhada a escondê-lo.

No penúltimo episódio, Hannah relata os detalhes da noite em que foi estuprada por Bryce Walker, que começou com o desânimo por ter perdido o dinheiro de um depósito para os pais e acabou na saída de casa sem rumo e a chegada à festa. No presente, Clay vai à casa de Bryce e consegue gravar uma confissão do estupro. Os nomes na lista de Hannah começam a ser intimados a depor. Enquanto ouve a fita em que Hannah relata seus últimos momentos, o inspetor recebe do diretor da escola a notícia que Alex havia dado um tiro na cabeça. 

No último episódio, Clay entrega a fita com a confissão de Bryce a Kevin Porter, inspetor da escola, última pessoa a ser procurada pela protagonista em busca de ajuda antes do suicídio. No flashback, Hannah denuncia o estupro, mas o inspetor a demove de denunciar o estuprador. Depois de gravar a conversa com Porter, Hannah volta para casa e corta os pulsos. Enquanto isso, alguns dos depoentes vão confessando suas culpas. Justin deixa a cidade e Jessica relata ao pai ter sido estuprada. Clay se reaproxima de Skye, uma colega de classe que tentou suicídio. Por fim, os pais de Hannah recebem as fitas com as gravações da estudante.

A organização dos episódios de 13 Reasons Why revela, em um primeiro olhar, a aparição de vários personagens que podem representar os antagonistas da narrativa, dependendo de como ela é analisada. Questionamos, a partir de então, quem são os protagonistas, coadjuvantes e antagonistas da série, e como se dá a relação entre eles. Para tanto, passamos do papel de “consumidor comum” e analisamos os nós, as temáticas abordadas e os espaços nos quais as cenas acontecem por meio do quadrado semiótico de Greimas (1976).

3. Os 13 porquês no Quadrado Semiótico

Dentro das Escolas Narrativas, Greimas (1976) foi o autor responsável por construir um modelo estruturalista para interpretação e análise de narrativas através das relações entre os actantes. 


Tabela 1 – Actantes do Quadrado Semiótico de Greimas (1976)

Relações de contradição


S1/~S2

Protagonista X Antagonista

~S2/S1

Sociedade X Coadjuvante

Relações de Contrariedade


S1/ S2

Protagonista e Sociedade

~S1/~S2

Coadjuvante e Antagonista

Relações de Complementaridade


S1/~S1

Protagonista + Coadjuvante

S2/~S2

Sociedade + Antagonista

Fonte: Gomes (2017)

Gomes (no texto anterior) define como actantes: o Protagonista (S1), a Sociedade (S2), o Coadjuvante (~S1) e o Antagonista (~S2). Observando as três relações do Quadrado Semiótico de Greimas (1976), que são contradição, contrariedade e complementaridade, os actantes da série Os 13 Porquês estariam assim organizados: Hannah Baker (S1: a protagonista), o Colégio (S2: a sociedade), Clay Jensen (~S1: o coadjuvante) e o Bullying (~S2: o antagonista). 

Para auxiliar na compreensão elaborou-se o seguinte quadro esquemático a partir do modelo narrativo de Greimas (1976):


Tabela 2 – Actantes do Quadrado Semiótico na série 13 Reasons Why

Posição

Elementos Narrativos

Narrativa

S1/~S2

Protagonista X Antagonista

Hannah Baker X O Bullying

~S2/S1

Sociedade X Coadjuvante

O Colégio X Clay Jensen

S1/ S2

Protagonista e Sociedade

Hannah Baker e O colégio

~S1/~S2

Coadjuvante e Antagonista

Clay Jensen e O Bullying

S1/~S1

Protagonista + Coadjuvante

Hannah Baker + Clay Jensen

S2/~S2

Sociedade + Antagonista

O Colégio + O Bullying

Fonte: autoria própria.

Na posição S1/~S2 é estabelecida a relação contraditória entre Hannah Baker e o Bullying, que definimos nessa análise como o antagonista da história. Preferimos, então, não pensar em cada um dos endereçados às fitas como antagonistas da narrativa, mas o próprio Bullying, que é classificado pelo Dicionário Priberam6 como 

[...] “conjunto de maus-tratos, ameaças, coações ou outros atos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre uma pessoa considerada fraca ou vulnerável”. 

Entretanto, o fato de considerar O Bullying como antagonista da trama não exime as culpas individuais dos 13 Porquês, no entanto, pontua-se nessa reflexão também a vulnerabilidade e a instabilidade emocional da protagonista. 

Na posição ~S2/S1, há uma outra relação de contradição, essa porém realizada entre o coadjuvante da trama, Clay Jensen, e a sociedade retratada na narrativa como a ambiência d’O Colégio.  A escola é uma amostra da sociedade, já que é nela em que boa parte das cenas se desenvolve e também são as relações estabelecidas na ambiência do Colégio que vão gerando O Bullying. Clay Jensen é um dos estudantes do colégio d’Os 13 Porquês e se descobre apaixonado pela colega de turma Hannah Baker, porém é também no mesmo ambiente em que ele cria outras relações de afinidade, e ao longo de boa parte da trama, desenvolve relacionamentos de descontentamento, raiva e até de fúria. 

Na posição S1/S2, em que os actantes estabelecem relações de contrariedade, é colocado em questão o relacionamento entre Hannah Baker (protagonista) e o Colégio (a sociedade). Hannah é uma estudante que aparenta ser igual aos demais, porém apresenta ao longo da trama sinais de fragilidade emocional. Além disso, as repetidas violências físicas e psicológicas a fazem criar uma relação de ódio com o Colégio e com os estudantes. Como a ambiência da adolescente se restringe àquela amostra da sociedade, os sentimentos dela com relação ao Colégio parecem ser maximizados, intensificando os efeitos do Bullying.

Na posição ~S1/~S2, a relação de contrariedade se mantém, mas agora entre Clay Jensen (coadjuvante) e o Bullying (antagonista). Clay mostra ser um personagem diferente dos demais do Colégio. Ele discorda de boa parte das ações dos outros estudantes, porém o que pesa sobre Clay ao longo da trama é a omissão, já que por mais que ele não tenha sido autor de nenhuma das ações de Bullying, ele pouco faz para contornar as violências dos colegas à Hannah. A relação entre Clay e o Bullying é pautada pela omissão. 

Na posição S1/~S1, existe uma nova relação, dessa vez de complementaridade entre Hannah Baker e Clay Jensen. Os colegas de turma iniciam uma amizade despretensiosa e à medida que os capítulos avançam Clay se descobre apaixonado por Hannah, porém o garoto não tem coragem de relevar os seus sentimentos. Hannah, entretanto, também se mostra apaixonada pelo colega de turma, mas o Bullying a faz em repetidas cenas não ter forças para investir nesse sentimento e a insere em um ciclo vicioso de violências psicológicas, da qual Clay colabora em parte com suas omissões.

Por fim, na posição S2/~S2, em que mais uma vez é mantida uma relação de complementaridade, agora porém entre o colégio (sociedade) e o Bullying (antagonista). A junção entre os dois na história de Hannah Baker é explosiva que acaba culminando com o suicídio da jovem, além do impacto psicológico gerado com esta atitude para todos os personagens da trama. É importante ressaltar que essa é uma relação de complementaridade negativa em que um se retroalimenta do outro, já que o Colégio do seriado é o ambiente propício para o desenvolvimento das ações de Bullying. 

Há ainda a relação entre os actantes destinador e destinatário, que ampliam a relação entre Protagonista + Coadjuvante (S1/~S1), isto é, entre Hannah Baker + Clay Jensen. Hannah é destinadora porque enuncia e envia os 13 vídeos autobiográficos e Jensen (e todos os personagens que assistem aos 13 vídeos) são os destinatários (em conjunto com o público receptor dos 13 episódios da série através dos flashbacks e da narrativa presente, em uma oitava acima).

Dessa forma, com auxílio do Quadrado Semiótico de Greimas (1976), direcionamos a análise da série 13 Reasons Why não para a culpabilidade do suicídio de Hannah Baker, mas para o impacto do antagonista Bullying dentro das relações com os outros três actantes, que são a própria Hannah, Clay e o Colégio.

Dentre as seis relações identificadas entre os personagens, destacamos três que apresentaram um papel central nas discussões e polêmicas que envolveram a exibição dos episódios: as relações contraditórias entre Hannah Baker e o Bullying, entre a protagonista e o Colégio, e a relação de complementaridade entre o Colégio e o Bullying. 

Todas elas contêm elementos com os quais os espectadores se identificaram e, portanto, geraram polêmica entre os públicos relacionados ao produto: Hannah (pessoas que sofrem ou sofreram bullying), o Bullying (pessoas que praticaram, sofreram ou já viram alguém ser alvo da prática) e o Colégio (local onde é mais propício que aconteçam fatos semelhantes). 

4. Narrativas Criadas pelas Narrativa

As relações entre os personagens são marcadas por conflitos pouco abordados na circulação midiática – ou pelo menos pouco abordados de forma aprofundada e explícita, quando comparados com outros temas que estão sempre na pauta jornalística e informacional, como política, economia, violência (homicídios e crimes na editoria de cidades), entre outros. Nessa perspectiva, o suicídio é alvo de polêmicas e posicionamentos contrastantes que ora defendem a necessidade da abordagem do assunto, justificada como uma política de prevenção, controle e esclarecimento, ora criticam e apontam o suicídio viabilizado por operações midiáticas e de memória como um fator de influência para a ocorrência de outros suicídios e para a percepção de uma existência post-mortem. Por conseguinte, a série 13 Reasons Why despertou reações diversas do público, surpreso pela forma direta como os episódios mostraram o caso de Hannah. Para analisar os diferentes tipos de feedback de um produto narrativo, parte-se da proposta de Pureza (2016), que faz uso do circuito-ambiente como uma ferramenta metodológica no estudo do filme Whiplash7 (Figura 2).   

Figura 2 – Circuito-Ambiente proposto por Pureza (2016)


Fonte: Pureza (2016)

Neste artigo, nos apropriamos do circuito-ambiente a partir de duas vertentes: discurso informativo e narrativas sobre narrativas. Buscamos por notícias em portais jornalísticos online, via palavras-chave no buscador Google, e por comentários de usuários no Facebook em publicações da Netflix a respeito da série. 

Antes dessa busca, procuramos por documentos oficiais que tratassem da relação entre profissionais de mídia e abordagens midiáticas que envolvam suicídio, visto que o tratamento de publicações que incluem casos de suicídio é uma prática delicada - ao mesmo tempo em que o assunto precisa ser abordado dentro da perspectiva das práticas de saúde (em psicologia, psiquiatria e no contexto dos gatilhos sociais que desencadeiam problemas afins), há pesquisas que apontam para uma espécie de “incentivo” que esse tipo de publicação pode causar. Percebido como o mais citado, em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um manual que enfatiza o impacto que a cobertura midiática pode ter nos suicídios, indica fontes de informações confiáveis, e sugere como abordar casos em circunstâncias gerais e específicas. 

Uma das primeiras associações conhecidas entre os meios de comunicação de massa e o suicídio vem da novela de Goethe Die Leiden des Jungen Werther (Os Sofrimentos do Jovem Werther), publicada em 1774. Nesta novela, o herói se dá um tiro após um amor mal sucedido. Logo após sua publicação, começaram a surgir na Europa vários relatos de jovens que cometeram o suicídio usando o mesmo método. Isto resultou na proibição do livro em diversos lugares. Este fenômeno originou o termo “Efeito Werther”, usado na literatura técnica, para designar a imitação de suicídios. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2000, online).

Ainda de acordo com o documento, a imitação de suicídios, na literatura técnica, consiste no “processo pelo qual um suicida exerce um efeito modelador em suicídios subsequentes”, e o contágio é “o processo pelo qual um determinado suicídio facilita a ocorrência de outros, a despeito do conhecimento direto ou indireto do suicídio prévio” (OMS, 2000, online), ambos relacionados ao termo psicanalítico “Efeito Werther”8. 

Dessa forma, a divulgação de qualquer fato relacionado a casos de suicídio por produtos midiáticos deve ser feita com cautela e atenção. Nas recomendações, o manual relata alguns pontos que devem ser considerados em qualquer produto midiático: “não publicar fotos do falecido ou cartas suicidas, não informar detalhes específicos do método utilizado, não fornecer explicações simplistas, não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso, não usar estereótipos religiosos ou culturais, não atribuir culpas” (OMS, 2000, online, grifo nosso). Por conseguinte, a série contraria pelo menos três das recomendações se levarmos em conta que a carta suicida seria as fitas gravadas pela protagonista, os detalhes do método foram explicitamente divulgados na cena do último episódio, e a culpa foi atribuída aos personagens em cada problema por qual Hannah atravessou. Por outro lado, a narrativa mostra indicadores de risco e sinais de alerta sobre comportamento suicida e fornece informações sobre endereços e serviços onde se possa obter ajuda9, que fazem parte também das recomendações da OMS. As duas faces da moeda de 13 Reasons Why dividiram as opiniões no meio jornalístico e entre o público. A série foi abordada em larga escala por vários meios como a Rede CNN (EUA) e revistas online, como a Galileu e a Revista Época, além dos veículos Folha de S. Paulo, Carta Capital e Estadão. A narrativa foi considerada um avanço na discussão de temas polêmicos como o estupro, bullying, homofobia, falhas de comunicação no ambiente familiar, uso de drogas por adolescentes, a obsessão pelo sucesso profissional, mas também acusada de incentivar o suicídio entre os jovens. 

Entre os sites pesquisados, todos se embasaram em opiniões de especialistas na área, o que resultou em grande parte de notícias negativas sobre a série: “Série ’13 Reasons Why’ aumenta buscas relacionadas ao suicídio”, da Folha de São Paulo (SÉRIE..., 2017); “Buscas no Google sobre ‘como se suicidar’ aumentaram 26% após ‘13 Reasons Why’”, do portal IG (BUSCAS..., 2017); “Organização de saúde mental americana diz que série é irresponsável”, do portal UOL (ESTEVES, 2017); “Série ’13 Reasons Why’ aumentou o interesse por suicídio, diz pesquisa”, da Galileu (VIGGIANO, 2017); e “13 Reasons Why provocou aumento de 19% em buscas sobre suicídio na internet, diz estudo”, do Estadão (CASTRO, 2017).  

Buscato (2017), em reportagem para a revista Época, por exemplo, divulgou estudo que demonstra que a série estimulou ideias de suicídio. O veículo entrevistou um grupo de pesquisadores americanos liderados por John Ayers, da Universidade Estadual de San Diego, que analisou a busca em “um grande buscador da internet entre 31 de março, data do lançamento da série, e 18 de abril”:

Eles analisaram o volume de buscas de 20 termos ligados a suicídio, como a palavra em si e outras expressões associadas: “como se matar”, “ideação suicida”, “prevenção do suicídio”, “suicídio indolor”, “suicide hotline” (telefones de serviços de apoio psicológico). O resultado não causou muita surpresa: “O lançamento de 13 Reasons Why foi seguido rapidamente por um aumento nas buscas na internet relacionadas a suicídio, incluindo métodos para se matar”, afirma Ayers. No período estabelecido pelo estudo, a procura por temas relacionados a esse universo foi 19% maior do que era esperado, conforme projeções feitas com base em períodos anteriores. As buscas chegaram a 1,5 milhão a mais. (BUSCATO, 2017).

No entanto, encontramos algumas matérias que expuseram ambas as opiniões, como em “‘13 reasons why’ vira alvo de polêmica e levanta a questão: como a ficção deve abordar o suicídio?”, do jornal O Globo (RISTOW E BRANDÃO, 2017), “‘13 Reasons Why’ e o suicídio de jovens: o que especialistas veem de positivo e de negativo na série”, publicada no Gauchazh (ROSO E MELO, 2017) e “3 razões para ver e outras 3 para não ver ’13 Reasons Why’”, da Galileu (MOREIRA, 2017).

Por um lado, essa repercussão teve um efeito que especialistas consideram positivo: chamou a atenção para um problema extremamente sério e que com frequência passa despercebido, abrindo caminho para que as pessoas estejam atentas a sinais de risco e que busquem auxílio. Um forte indício de que isso está acontecendo é justamente o aumento da procura pelos serviços de prevenção, como o CVV10. A outra face da moeda, no entanto, é o temor, manifestado por vários profissionais, de que a maneira como o suicídio é abordado no seriado possa encorajar comportamentos parecidos. (ROSO E MELO, 2017).

Por fim, dentro de uma reação positiva em relação às consequências da série, localizamos notícias que se debruçaram sobre o aumento na busca por ajuda em combate ao suicídio, apesar de aparecem em menor número em detrimento das primeiras: “'13 Reasons Why' aumenta busca por ajuda em combate ao suicídio”, publicado pela Catraca Livre (13 REASONS..., 2017), “Busca por centro de prevenção ao suicídio cresce 445% após série”, do Estadão (DIÓGENES E TOLEDO, 2017) e “Série ‘13 Reasons Why’ fez pedidos de ajuda ao CVV dobrarem”, do Portal UOL (SÉRIE 13 REASONS..., 2017).

Depois da estreia da série 13 Reasons Why, produto da Netflix que trata de bullying e suicídio em uma escola americana, subiu 445% o número de e-mails com pedidos de ajuda recebidos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Houve alta ainda de 170% na média diária de visitantes únicos no site. [...] Segundo o centro, a maioria das pessoas que está buscando atendimento nos canais do CVV nos últimos dias é jovem e se identifica com a dor da personagem principal. (DIÓGENES E TOLEDO, 2017).

Por se tratar de assunto que divide opiniões e é pouco discutido, percebe-se que a maioria das publicações em sites e portais jornalísticos que envolviam a série consistia em artigos de opinião em blogs e colunas, provavelmente pela finalidade de certa “isenção” na polêmica discussão e pela necessidade de posicionamento dos escritores, vistos também como consumidores e, de certa forma, influenciadores, pela autoridade e reputação que conquistam em suas colunas. Em um curso semelhante, o posicionamento do público consumidor também contrasta opiniões favoráveis e contra a abordagem da narrativa. Analisamos os comentários dos consumidores em duas das postagens da Netflix sobre a série (Figura 3), na intenção de identificar os principais tipos de reação. 

Figura 3 – Publicações da Netflix

Fonte: Facebook Acesso em: 21 nov. 2017.

Dentre os padrões encontrados, o que nos chamou atenção foi o grande número de comentários de pessoas que se identificaram com a narrativa por já terem sofrido bullying, o que mostra, de certa forma, o quanto a cultura brasileira em escolas e universidades se aproxima da norte-americana, apesar de a maioria dos produtos midiáticos que ganham visibilidade e retratam preconceitos e práticas de bullying em ambientes escolares (principalmente no Ensino Médio/High School) serem produzidos nos Estados Unidos e reproduzidos em ambientes americanos. 

Acabei de assistir e fiquei super na bad. Infelizmente me identifiquei com algumas coisas que aconteceram com a Hannah e isso não é nada legal. 13 Reasons Why não é uma série agradável de se ver, ela causa repulsa, raiva, tristeza e angústia. Nem por um minuto me senti feliz assistindo ela. Mas é uma série que merece ser vista pelo maior número de pessoas possível, para que ninguém seja o porquê de alguém. Jamais!11

Eu assisti tudo em um dia só, confesso que foi bem pesado e me fez relembrar muita coisa da minha vida. Eu poderia ter sido ela, muitas amigas minhas tb, algumas até foram... A lição que a trama traz é fantástica mas precisa ter um psicológico forte pra não levar pro lado contrário e incentivar a pessoa. A dica é: não assista sozinho se não se sentir confortável e não assista tudo em um dia só, hehe.

Além do grupo de consumidor que se identifica com a narrativa por já ter passado por situações parecidas, identificamos outras similaridades entre os comentários. O posicionamento de mães/pais/responsáveis também apresentam discordâncias, visto que alguns acreditam que a série seja muito “pesada” para crianças e adolescentes12 e possa influenciá-los a ter os mesmo comportamentos, e outros a acham necessária por abordar assuntos que se passam na vida dos filhos. 

Nossa amando essa serie, muito reveladora pois sou mãe e algumas coisas q acontece no dia a dia do meu filho eu acho bobeira mais os jovens realmente levam muito a sério. Super indico.

Olha...Na minha opinião como mãe, acho q a classificação devia ser maior...Eu assisti antes dá minha filha, e proibi ela de assistir, claro q conta sobre Bulling e isso é o que acontece hj em dia, porém na minha opinião para apresentar aos adolescentes deveria ser a história q uma menina sofria Bulling, pensou em suicídio mas conseguiu ajuda e venceu [...] Jovens usando drogas, bebendo, mentindo para os pais, cenas fortes de sexo e estupro, mortes...Acho q isso só serve para dar ideias. Imagina se a moda pega e todos os adolescentes q sofrerem Bulling começarem a se suicidar e deixar fitas para os outros ao invés de procurar ajuda!!! [...].

Os que não concordam com a exibição e abordagem do assunto de forma tão explícita apresentam argumentos compatíveis com o “Efeito Werther”. Ou seja, acredita-se que a série pode influenciar e impactar diretamente a vida de jovens que estão passando por situações semelhantes com a da protagonista, tanto pela similaridade dos conflitos vividos pelos personagens com a “realidade”, quanto pela romantização do suicídio.

Achei muito tendenciosa essa questão do suicídio... Essa molecada que se sente vítima de tudo pode querer resolver seus assuntos da mesma forma que a Hannah. E o fim da história não foi bacana. Não se teve justiça! E não há razão para mais temporadas. Decepcionado com o fim da história.

Ela romantiza o suicídio. A protagonista prefere "punir" do q buscar ajuda. Acho perigoso.

Atenção, orientação, acompanhamento... Muitas coisas que aconteceram com a Hannah são corriqueiras nas escolas. Os jovens precisam ser orientados pelos pais e pelas escolas a falarem, exporem seus sentimentos aos orientadores. Por outro lado, os colegas precisam estar atentos ao seu redor. Os pais não podem ignorar os filhos em pequenos "sinais" que são emitidos. É preciso muita conversa.... Nossa, são muitas coisas que envolvem tudo isso... Ótimo alerta e oportunidade de discussão sobre esse tema tão importante. Muito embora, no final, achei perigoso, por exemplo, para um adolescente que enfrenta problemas semelhantes e já tem pensamentos nessa linha, ser de certa forma encorajado a seguir o triste caminho da protagonista. A cena do suicídio foi muito chocante.

Por outro lado, a maioria dos comentários apresentou uma visão positiva e argumentou a respeito da necessidade de se colocar o bullying em discussão, ainda que os episódios tragam uma carga emocional densa.   

Debate importante. Tema universal. Hoje em dia, com as redes sociais e as diversas mídias disponíveis, o bullying ultrapassa os portões da escola e amplifica o sofrimento de quem é perseguido. Se já era ruim e danoso no passado, está muito pior e mais grave agora. Todos devem ver!

Obrigado Netflix! Além de uma ótima série é uma lição para a vida de qualquer pessoa! Me sinto triste e ao mesmo tempo motivado por ter visto essa série! Para quem não viu, prepare os lenços, é forte, emocionante e viciante!

A polêmica em torno da exposição, da narrativa e dos conflitos presentes na trama vai além de questões relacionadas ao bullying e ao suicídio para questionar, também, o papel dos produtos midiáticos – principalmente os audiovisuais, os quais alcançam um número maior de consumidores - em se inserir parcialmente na esfera pública como “debatedores” de práticas sociais. A parcialidade, aqui, é vista na perspectiva de que se produzam narrativas não só no sentido de entreter, mas prioritariamente a fim de gerar discussão e reflexão. 

Vejo a série como serviço à comunidade, exatamente porquê fala de suicídio de maneira direta com os jovens. É densa, é pesada, tem gatilhos muito específicos sim, mas é necessário expor o outro lado da moeda dos que ficam quando há um suicídio de um jovem. Falar sobre o suicídio é necessário demais!

Considerações Finais

É possível fazer uma leitura da série como uma discussão sobre diversos aspectos da juventude.

Esses temas, muitas vezes, são pauta constante na vida de crianças e adolescentes, porém não ganham espaço na esfera pública, sendo muitas vezes encarados como tabu: i) o suicídio; ii) o estupro, visto de diversas maneiras; iii) o machismo; iv) a pressão sobre os jovens que terminam o ensino médio e devem, imediatamente, ingressar em uma universidade renomada; v) a falta de comunicação entre pais e filhos; vi) a orientação sexual na adolescência; vii) a violação da privacidade; viii) o papel da escola e suas responsabilidades na questão do bullying; além de problemáticas que têm sido objeto de estudos acadêmicos, como viv) o smartphone na mediação da sociabilidade na juventude; x) a espetacularização e midiatização das práticas; e, por fim, xi) a obsolescência de suportes midiáticos. 

Podemos, partindo desse ponto de vista, identificar múltiplos antagonistas que aparecem ao longo dos episódios e aplicar o quadrado semiótico a cada um deles. 

Optamos, no entanto, por analisar a série como um todo e incluir a maior parte desses conflitos no conceito do Bullying.   

Acreditamos que as abordagens na narrativa, apesar de densas, chamaram atenção do público e cumpriram o objetivo o qual os produtores propuseram: gerar discussão sobre o bullying e o suicídio e servir como uma espécie de alerta à sociedade. 

A análise sobre o impacto positivo ou negativo do produto sobre determinado consumidor deve ser feita com cautela, considerando o contexto ao qual o sujeito está exposto, ou seja, o produto deve ser estudado isolado de fatores socioculturais que variam a cada telespectador; é preciso levar em conta que cada pessoa interpretará a narrativa de uma forma diferente a partir de suas próprias experiências – o que faz com que as opiniões sejam tão divergentes. 

Salientamos, aqui, a importância do diálogo com e do acompanhamento de crianças e adolescentes que estão passando por fases semelhantes, responsabilidades compatíveis com as instituições ligadas diretamente ao desenvolvimento dessa parcela da sociedade: instituições como a família, a escola e, dentro da perspectiva dos estudos de midiatização, da mídia.  

A construção do artigo nos permitiu conhecer ferramentas de análise de narrativas seriadas e nos deixou a possibilidade de dar continuidade ao estudo de “13 Reasons Why”, que poderá ser feito a partir da abordagem completa e mais aprofundada do circuito-ambiente (PUREZA, 2016), de entrevistas com profissionais, pais e crianças/adolescentes que assistiram à série, ou de análise de conteúdo que contemple as suas perspectivas políticas e estéticas, entre outros que poderão surgir na medida em que mergulhamos na narrativa. 


NOTAS

1 Mestre e doutoranda do Programa de Pós Graduação em Estudos da Mídia da UFRN. CV Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4415887E6 e email: renata.othon@hotmail.com

2 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Estudos da Mídia da UFRN. CV Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4679558T1 e email: kassandramlopes@gmail.com

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Estudos da Mídia da UFRN. CV Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4732587E6 e email: jomestrado@gmail.com

Mestrando do Programa de Pós Graduação em Estudos da Mídia da UFRN. CV Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4278440D3 e email: rmoraes132@gmail.com

5 Nerd é um conceito sociológico que está profundamente atrelado à adolescência e juventude e à cultura do sistema escolar dos Estados Unidos. Geralmente faz referência a uma pessoa vista como intelectual, interessada por assuntos que a maioria das pessoas não se interessa e com poucas habilidades sociais.

Disponível em:< https://www.priberam.pt/dlpo/bullying>. Acesso em: 15 nov. 2017.

Pureza (2016), em artigo apresentado no I Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais, busca elementos para analisar e entender o filme Whiplash no contexto da circulação midiática, com foco na compreensão de como as narrativas sobre cinema produzem novas narrativas.

8 Na psicanálise, o termo “Werther” foi criado em detrimento ao aumento do número de suicídios entre jovens na Alemanha, no século XVIII, após a publicação literária Os Sofrimentos do Jovem Werther, do poeta e escritor Johann Wolfgang Goethe, cujo enredo gira em torno de uma história de amor entre Charlotte e Werther e o posterior suicídio do jovem, ao não poder ser correspondido completamente por sua amada, casada.

9 Antes do início de cada episódio, a série divulgou o site http://13reasonswhy.info, no qual se encontram endereços e contatos de centros de ajuda e organizações que trabalham com a temática.

10 CVV, sigla para Centro de Valorização da Vida, instituição se fins lucrativos que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio no Brasil.

11 Os nomes dos autores foram retirados para preservar suas identidades.

12 A série foi censurada para menores de 18 anos, por exemplo, na Nova Zelândia, decisão do escritório de classificação de cinema e literatura, órgão que regula a faixa etária recomendada para filmes e séries no país. A medida foi tomada, entre outras, em razão de o país ter uma das maiores taxas de suicídio juvenil nas nações da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


  1. Referências

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