UMA NOVA FILOSOFIA PEDAGÓGICA
Marcelo Bolshaw Gomes
1. Introdução
A ‘Educação Midiática’ é um movimento mundial contemporâneo, que se desenvolve em vários países com características específicas. Em comum, a necessidade de uma adequação institucional entre mídia e escola, ou ainda entre a mídia e o aprendizado social (dentro e fora do entorno escolar). A educação midiática, também conhecida como alfabetização midiática, refere-se à capacidade de analisar, avaliar e compreender criticamente os meios de comunicação e suas mensagens. Em um mundo cada vez mais saturado de informações provenientes de várias fontes, a educação midiática tornou-se uma habilidade essencial para os indivíduos navegarem com sucesso na sociedade contemporânea.
A educação midiática envolve o desenvolvimento de habilidades para acessar, analisar, avaliar e criar mensagens em uma variedade de formas de mídia, incluindo notícias, publicidade, entretenimento, redes sociais e outras plataformas. O objetivo principal da educação midiática é capacitar os indivíduos a serem consumidores críticos e produtores responsáveis de conteúdo midiático. Isso inclui a compreensão de como as mensagens são construídas, quem as produz, como são distribuídas e quais impactos podem ter na sociedade. A educação midiática desenvolve habilidades como análise crítica, pensamento crítico, interpretação de mensagens, reconhecimento de viés, discernimento entre fatos e opiniões, e habilidades de produção de mídia.
Os currículos de educação midiática podem abordar uma variedade de tópicos, incluindo ética na comunicação, diversidade e representação na mídia, alfabetização digital, segurança online e compreensão de como as plataformas de mídia funcionam. Com a predominância da comunicação digital, a educação midiática frequentemente se concentra em questões relacionadas à internet, redes sociais, notícias online, desinformação e fake news.
A educação midiática também enfatiza a importância da representação inclusiva de grupos diversos na mídia, promovendo a compreensão da diversidade cultural, étnica, de gênero e outros aspectos da sociedade. A ideia de ‘igualdade’ é equitativa e proporcional, não subtraindo as diferenças ou impondo maiorias em nome do coletivo.
Muitos sistemas educacionais incorporaram a educação midiática em seus currículos, abordando essas habilidades em disciplinas como literatura, ciências sociais e até mesmo em aulas específicas de educação midiática. Através da educação midiática, os indivíduos são capacitados a tomar decisões informadas, a questionar fontes de informação e a participar ativamente na sociedade digital. A educação midiática é fundamental para equipar as pessoas com as habilidades necessárias para participar de forma crítica e consciente na era da informação, onde o acesso à mídia é ubíquo e as mensagens são abundantes e variadas. Sem tais habilidades cognitivas e tecnológicas para vida midiática, a pessoa será culturalmente excluída e relegada socialmente a condição de subalterno, não apenas do ponto de vista econômico, pela exploração do trabalho manual, mas, sobretudo, pela reprodução das desigualdades sociais em todos os níveis.
A difusão das tecnologias da informação não resultou e não resultará em desemprego. Mas, as relações sociais entre o capital e o trabalho sofreram uma transformação profunda. A mão-de-obra está desagregada em seu desempenho, fragmentada em sua organização, diversificada em sua existência e dividida em sua ação coletiva. Capital e trabalho tendem cada vez mais a existir em diferentes espaços e tempos: o espaço de fluxos e o espaço dos lugares, tempo instantâneo de redes computadorizadas versus tempo cronológico da vida cotidiana. O Capital é global; o trabalho, local (Castells,1999, p. 499).
A educação midiática é importante tanto para que o capitalismo global forme as elites de diferentes países como também para os que lutam ampliação democrática da atual sociedade de redes. Entre as correntes progressistas da Educação Midiática atual, o movimento latino-americano da Educomunicação ocupa lugar de destaque.
2. Educomunicação
O argentino Mario Kaplún (1998) desenvolveu, na década de 70, experiências de rádio e TV críticos e participativos com comunidades agrícolas. A iniciativa atesta a característica política do movimento latino (Bona; Conteçote; Costa, 2007).
Barbas (2012), inspirada em Paulo Freire, enfatiza o caráter dialógico da Educomunicação, atribuindo a esta a capacidade, por meio do intercâmbio simbólico, de construção coletiva, colaborativa, participativa, criativa e transformadora. A Educomunicação é ainda um paradigma teórico de orientação de práticas sócio-educativo-comunicacionais, com o objetivo de criar e fortalecer ecossistemas comunicativos abertos e democráticos nos espaços educativos; é a interface Comunicação/Educação, constituindo-se como um campo transdisciplinar dialógico .
Conjunto de conhecimentos e ações que visam desenvolver Ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e criativos em espaços culturais, midiáticos e educativos formais (escolares), não formais (desenvolvidos por ONGs) e informais (meios de comunicação voltados para a educação), mediados pelas linguagens e recursos da comunicação, das artes e tecnologias da informação, garantindo-se as condições para a aprendizagem e o exercício prático da liberdade de expressão (ABL, 2024).
Soares (2005, 2008, 2014, 2018, 2000, 2020, 2022) é o principal pesquisador responsável pelo desenvolvimento da Educomunicação, tanto como teoria (adaptando os conceitos de ‘autonomia’ de Paulo Freire, de ‘dialogia’ de Mikhail Bakhtin e de ‘mediação’ de Jesus Martin-Barbero) quanto como prática pedagógica, principalmente através do curso de licenciatura da USP e da rede municipal de ensino de São Paulo . Exemplos práticos de Educomunicação são o uso de rádio escola, web rádio virtual, jornal comunitário, videogames didáticos, softwares de aprendizagem on-line, podcast, blogs, fotografia, produção de notícias para veiculação em mídias comunitários.
O movimento corresponde há quatro demandas atuais (Almeida, 2024, p. 11):
a) em âmbito internacional, os media studies, chamados aqui no Brasil de mídia-educação ou educação para a mídia, que subsidiam os estudos educomunicativos na”;
b) a pedagogia da comunicação, que congrega textos e autores (como Freinet, Vygostky, entre outros) que problematizam a influência entre os dois campos;
c) arte-educação, reunindo textos do campo das artes e da educação, servindo de base para a área de expressão comunicativa por meio da arte; e
d) gestão da comunicação, deriva da interseção entre disciplinas da administração (como marketing) e da comunicação social (relações públicas e publicidade).
O uso de tecnologia para fins educacionais de formas equivocadas - como a EAD (a educação tradicional a distância com turmas gigantes) e a gamificação que se utiliza da ludicidade para formar pessoas competitivas – não tem nada de ‘libertadoras’, são adaptações da tecnologia da comunicação para o aperfeiçoamento do status quo. Não se trata de como usar o celular na sala de aula, mas, sim, de como usar o celular para mudar os hábitos, de como usar a tecnologia para se libertar do enquadramento social e não de ser melhor condicionado socialmente através de máquinas. Apenas incorporando as pedagogias voltadas para o desenvolvimento cognitivo (Montessori, em relação à motricidade; Vygotsky, em relação às interações; Freinet, em relação à comunicação) pode-se pensar em tecnologia na educação.
A Educomunicação é bastante diferente das chamadas Tecnologia de Informações e Comunicação (TIC). As TIC veem a comunicação (as “mídias sociais”) de forma instrumental, colocando ênfase nos conteúdos e efeitos produzidos em uma estratégia para tornar o aprendizado mais atraente para o aluno. A TIC substitui o quadro negro pelo telão interativo como ferramenta. Já a Educomunicação coloca a sua ênfase no processo construtivista, em que o aluno incorpora a tecnologia a si e é sujeito do conhecimento que produz.
Do ponto de vista teórico, a dois pontos que considero importantes de ressaltar: o conceito de ‘ecossistema educacional’ e a prática de ‘intervenções pedagógicas’ coletivas em escolas, comunidades e instituições.
3. Ecossistema educacional
O conceito de sistema mudou muito no decorrer do tempo. De um “espaço em que os elementos interagem entre si” do funcionalismo (Parsons) para um “conjunto de relações auto organizadas para autonomia em relação ao exterior” (Maturana e Luhmann), houve um longo percurso. No começo, os sistemas tendiam à homeostase, ao equilíbrio interno. Com a cibernética, os sistemas se organizavam contra a entropia, para resistir ao caos. Hoje, a autopoesis - a autonomia sistêmica através da auto-eco-organização (da complexidade internas de seus feedbacks e da diversificação de entradas e saídas) - é o objetivo dos sistemas. É o que faz de sistema, sistema.
Nesse novo paradigma, todos os fatores estão conectados, os sistemas não se excluem. Aliás, a diferença entre um sistema e outro, é apenas de perspectiva e ênfase, uma vez que se trata de uma única realidade. A ideia de um ecossistema educacional, por exemplo, não se limita as instituições escolares, mas também observa o aprendizado social em outros ambientes, como a família e a comunidade. Até mesmo instituições de outros sistemas (econômicas, repressivas, mídia) participam indiretamente através de restrições (perdas, punições, constrangimentos) e de incentivos (financeiros, culturais, simbólicos) do ecossistema educacional. O ecossistema é complexo e integral. Ele faz parte de outros ecossistemas e outros ecossistemas podem ter interseções com ele.
O ecossistema de uma escola municipal faz parte dos ecossistemas comunitário, regional, nacional e global. Também faz parte do ecossistema de ensino como um todo, que envolve as secretarias municipal e estadual, a rede privada do local, as universidades, o ministério da educação e vários institutos.
Além de fazer parte de outros ecossistemas maiores, existem ainda acoplamentos estruturais, conexões horizontais entre sistemas. A própria ideia de ‘Educomunicação’ é ecossistemática, porque representa uma prática de interface transversal (e interseção) entre dois sistemas com objetivos distintos.
Muitas conexões sistêmicas não são evidentes. A cultura, por exemplo, é um dos fatores invisíveis mais importantes para entender o ecossistema educacional. Pode-se observar sua influência tanto em relação aos professores (se têm uma cultura de excelência ou de sobrevivência em relação à formação continuada) e das famílias dos alunos (em termos de formação e acesso à informação).
Qualquer espaço de interação que gere aprendizado podem ser considerado ‘ecossistema educacional’. Uma cozinha, um time de futebol, uma família. Porém, a classificação clássica é que existem ecossistemas escolares, comunitários e corporativos. Para Educomunicação, o ecossistema educacional deve ser um ambiente de aprendizagem que valorize a individualidade e promova a autonomia e engajamento crítico dos alunos. A ideia central é que, através de intervenções pedagógicas e midiáticas, possa-se melhorar os ecossistemas educativos.
4. A intervenção educomunicativa
A Educomunicação é uma abordagem que integra processos de comunicação e educação para promover o aprendizado de forma colaborativa e participativa. As intervenções educomunicativas são ações socioculturais que visam atuar em situações de conflito e desigualdade. O objetivo, mais do que ensinar, é conscientizar as pessoas do contexto e torna-las protagonistas de suas próprias vidas. Eis porque se considera herdeira de Paulo Freire. Ele também utilizava o letramento alfabético como uma ferramenta necessária à conscientização do contexto social. Hoje, alguns exemplos das ferramentas da intervenção educomunicativa são: Rádio escola, Web rádio virtual, Jornal comunitário, Videogames, Softwares de aprendizagem on-line, Podcasts, Blogs e Fotografia. Todas essas técnicas de letramento midiático, no entanto, não visam apenas a constituição de uma competência midiática , mas são sobretudo constitutivas de uma formação cidadã dos alunos.
Existem, conforme Soares (2014c, sete áreas simultâneas de intervenção Educomunicativa: 1) Educação para a Comunicação (EC); 2) Pedagogia da Comunicação (PC); 3) Gestão da Comunicação (GC); 4) Mediação Tecnológica na Educação (MTE); 5) Produção Midiática Educativa (PME); 6) Expressão Comunicativa através da Arte (ECA); e 7) epistemologia da Educomunicação (EE). Recentemente se apresentou a proposta de duas novas áreas de intervenção: educação para a Transcendência e Direitos Humanos (Almeida, p. 22).
O primeiro passo é o Diagnóstico. Problemas como violência escolar e dificuldades de convivência são diagnósticos inadequados. O ideal é começar a partir de um levantamento de dados (como, por exemplo, a quantidade e locais de brigas ocorridas). O diagnóstico tem um efeito terapêutico realizado a partir de falas dos envolvidos e também utilizando rodas de conversa para levantar como o problema está ocorrendo. Porém, o mais importante é o mapeamento dos fluxos de comunicação do ecossistema. Onde não há comunicação? Quais conflitos precisam se tornar diálogos? Quais problemas são estruturais e quais são apenas passageiros?
A segunda etapa é o Planejamento. Para tanto, é preciso escrever um projeto de intervenção detalhando três aspectos.
• Apresentação consiste em elucidar o problema, que deverá ser esmiuçado a partir do diagnóstico. Assim, essa etapa do projeto é apenas uma pequena explicação do que está acontecendo e dos motivos pelos quais é preciso realizar a intervenção.
• Intervenção pedagógica é formada pelas ações que se pretende fazer para modificar a situação apresentada. São utilizadas aqui as sete áreas de intervenção.
• Metodologia É preciso traçar Objetivos (semestrais e anuais) para serem realizados, bem como quantifica-los em Metas e elaborar Estratégias de como realiza-los. Também é necessário um Cronograma - para indicar em quanto tempo o projeto será realizado e quando será colocada em prática cada uma das etapas
A terceira fase do projeto corresponde a Execução das Ações e a observação de seus resultados imediatos; e a quarta e última etapa é a Avaliação. Além de analisar os parâmetros da Metodologia (Objetivos, Metas, Estratégias e Prazos) em relação às sete áreas de intervenção, uma avaliação educomunicativa deve auferir ganhos e perdas simbólicos na auto-organização do ecossistema, deve ser uma auto avaliação coletiva, com ampla participação na análise e interpretação dos resultados.
A intervenção educomunicativa NÃO é uma interdição, uma invasão, uma imposição ou uma interrupção nos processos institucionais. Ela atua esclarecendo os problemas e oferecendo alternativas, acrescentando mais que corrigindo.
E há ainda os três grandes campos institucionais de aplicação da Educomunicação (Almeida, p. 20): a escola, a mídia e o terceiro setor.
• EDUCOMUNICAÇÃO CORPORATIVA – A utilização das estratégias da Educomunicação nas empresas e instituições governamentais. A Educomunicação socioambiental foi resultante de um trabalho corporativo no ministério do meio ambiente.
• EDUCOMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA – A utilização das estratégias da Educomunicação não apenas em comunidades territoriais, mas também em sindicatos, associações, movimentos sociais.
• EDUCOMUNICAÇÃO ESCOLAR – A utilização das estratégias da Educomunicação no ensino médio, no ensino básico, no ensino superior, como também em cursos livres de teatro, dança, línguas, etc.
Essas sete áreas de atuação são aplicadas, de modo diferente e desigual, a cada campo institucional. Assim, no ambiente corporativo, a GC e a PME podem ser mais importantes; no espaço comunitário, as áreas de atuação de EC da ECA são mais comuns; enquanto PC e EE são assuntos mais voltados para o campo educacional.
Porém, de uma forma geral, a GC trata de como o comunicação é administrada pela organização, quanto se gasta com comunicação, quais os recursos disponíveis, quais são subutilizados. Além de um diagnóstico específico, cada área tem também um planejamento e uma avaliação próprias. A TME trata de como a organização utiliza a tecnologia: existem redes? O treinamento é audiovisual? Quais são os clientes (outputs) e fornecedores (inputs) do ecossistema? A PME e ECA muitas vezes surgem como soluções para os problemas encontrados: criar um mural na frente da sala do diretor, um grupo de zap para os professores, um jornal da escola para os pais, conteúdo audiovisual para as aulas, um podcast para disciplina tal. A expressão comunicativa através da arte e a produção midiática devem responder as demandas ou as ausências de comunicação. EE, EC e PC são áreas mais informativas. A Epistemologia representa ações de divulgação dos conceitos e da teoria da Educomunicação, para que os integrantes da organização saibam do que se trata. Já a Educação para Comunicação é trata de ensinar a assistir criticamente à mídia; e, no sentido contrário, a Pedagogia enfatiza o lado comunicacional do aprendizado e a necessidade de treinamento.
5. Considerações finais
Existem várias iniciativas globais e locais que promovem a educação midiática. Essas iniciativas visam desenvolver habilidades críticas em relação ao consumo e produção de mídia, capacitando as pessoas a navegar no mundo da informação de maneira mais consciente. Algumas iniciativas incluem: Media Smarts (Canadá) ; Media Literacy Now (Estados Unidos); BBC Own It (um aplicativo do Reino Unido); MediaWise (organização Internacional sem fins lucrativos); Digital Citizenship Education (Europa). Center for Media Literacy (Estados Unidos); #ThinkBeforeSharing (Filipinas): Edukasi Media (Indonésia). Essas iniciativas são exemplos de esforços em todo o mundo para promover a educação midiática em diversas comunidades. Elas variam em escopo, público-alvo e abordagem, mas compartilham o objetivo comum de capacitar as pessoas a se tornarem consumidores críticos e participantes responsáveis na era digital.
A Educação Midiática é estratégica em relação a inclusão social. Inclusão dos portadores de deficiência de diferentes tipos, uma vez que a tecnologia abre a possibilidade de sua integração plena, como também no sentido de diversidade cultural de nosso país, para que não se reproduzam culturalmente desigualdades sociais.
Para tanto, a formação inicial e continuada de professores que atuam na educação brasileira precisa ser preparada. A midiatização da escola começa com a de seus professores e gestores. E essa é a missão da Educomunicação: a midiatização escolar. Ou melhor a inclusão da escola em uma sociedade midiatizada. Seu objetivo é formar profissionais que atuem como agentes dessa midiatização.
Enquanto a Educação Midiática em geral trata de treinar alunos para conviver criticamente com a mídia, a Educomunicação abrange ainda três áreas distintas conexas: a TEM (mediações externas e internas, redes e bancos de dados), a ECA (Arte-Educação) e a GC (treinamento audiovisual e marketing). Não se trata apenas de educação para mídia, mas também de desenvolver habilidades técnicas, artísticas e administrativas.
No Brasil, como dissemos, as principais iniciativas visando promover a Educação Midiática, capacitando indivíduos a compreender, analisar criticamente e utilizar de forma consciente os meios de comunicação, são de cunho educomunicacional: Licenciatura em Educomunicação, na ECA-USP; Bacharelado em Educomunicação, da Universidade Federal de Campina Grande; Coleção Educomunicação, da editora Paulinas; Série Comunicação e Educação, da editora Editus; Revista Comunicação & Educação; Grupo de Pesquisa em Educomunicação, da Associação Ibero-Americana de Comunicação (Assibercom / Ibercom); Lei nº 13.941, de 29 de dezembro de 20046, instituidora, no município de São Paulo, do programa Educom: Educomunicação pelas ondas do rádio; Programa Mais Educação, que abre espaço, entre as suas dez áreas de atividades opcionais, para as escolas desejosas de participar do programa Ensino Médio Inovador, introduzindo o “macrocampo Educomunicação”; e A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que proclama a necessidade de se pensar as relações entre comunicação e educação.
Em âmbito nacional, nos últimos 20 anos, foram publicadas 291 investigações específicas sobre Educomunicação. O banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundada pelo Ministério da Educação (MEC), informa que, nos últimos 20 anos, foram publicados 37 trabalhos de pós-doutorado, 41 teses de doutorado e 213 dissertações de mestrado, num total de 291 investigações sobre Educomunicação.
O conjunto de teses foi produzido em 90 programas de pós-graduação, em áreas como educação, comunicação, psicologia, informática, entre outras, em 87 universidades de todo o país . Entre o ano de 2000 e 2014, foram defendidas, 110 dissertações e teses doutorais sobre o conceito, em centros de pós-graduação em Comunicação, em Educação e nas diferentes áreas das Ciências Humanas e Sociais . Também ressalte-se a importância estratégica para o entrelaçamento da produção ibero-americana sobre Comunicação/Educação de revistas especializadas como “Comunicar” (Grupo Comunicar, 1993); “Comunicação & Educação” (Universidade de São Paulo, Brasil, 1994) e “Aularia” (Grupo Comunicar, 2012).
“A sociedade civil criou a Educomunicação e a academia a sistematizou”. A Educomunicação não é uma pedagogia ou uma metodologia de ensino. Ela é uma filosofia, uma prática social e um movimento. A Educomunicação é uma área que nasce motivada por determinado quadro histórico, aquele no qual vicejavam as ditaduras latino-americanas dos anos 1960. Ela é um continuação da filosofia pedagógica freiriana, trabalhando com alfabetização das linguagens para despertar a consciência do contexto.
Referências
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