segunda-feira, 30 de junho de 2025

Adoráveis Mulheres (2019), de Greta Gerwig

Mayara Hellena Faustino Siqueira


Greta Gerwig não apenas adaptou Little Women; ela o reinventou com uma sensibilidade que pulsa em cada cena. Seu filme é uma carta de amor à arte de contar histórias, às mulheres que ousam sonhar e aos lares que nos moldam. Lançado em 2019, Adoráveis Mulheres é muito mais do que uma história de época: é um retrato atemporal da juventude, das escolhas e das emoções que atravessam os séculos.

A trama acompanha as irmãs Jo, Meg, Beth e Amy crescendo durante a Guerra Civil nos Estados Unidos, cada uma com suas vontades, dores e trajetórias únicas. O grande trunfo de Gerwig está na forma como ela reconstrói a narrativa, misturando passado e presente, memórias e desejos, de maneira fluida e afetiva. Ao invés de seguir a ordem cronológica do livro de Louisa May Alcott, a diretora opta por um mosaico emocional, onde as lembranças ganham cor quente e o presente, tons frios, uma escolha estética que diz muito sobre a nostalgia e a saudade.

Saoirse Ronan, como Jo March, entrega uma atuação vibrante e crua, dando voz a uma mulher que ama intensamente, que quer ser escritora e dona de seu próprio destino. Florence Pugh brilha como Amy, talvez a personagem que mais se transforma, deixando de ser apenas a mimada para se tornar uma mulher complexa e sensível. O elenco é coeso, afiado, e cada irmã brilha em sua própria luz.

Mais do que tudo, Greta faz de Adoráveis Mulheres uma história sobre autoria. Quem escreve sua história? Quem decide o que vale ser contado? Jo, no desfecho do filme, não escolhe apenas um final: ela escolhe poder. Escolhe narrar sua vida com as próprias mãos. É cinema que emociona não só pela beleza visual, mas pela delicadeza com que trata temas como amadurecimento, ambição, família, feminismo e amor.

Assistir a Adoráveis Mulheres é como folhear um diário antigo, mas com a impressão de que ele poderia ter sido escrito hoje. É um filme que aquece e inquieta. Que acolhe e desafia. Um clássico moderno, profundamente humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário