terça-feira, 6 de agosto de 2024

A chegada

Guilherme Lima

A Chegada (Arrival), dirigido por Denis Villeneuve e lançado em 2016, é um filme de ficção científica inspirado no conto "História da sua vida" de Ted Chiang. A trama gira em torno da linguista Dra. Louise Banks, vivida por Amy Adams, que é recrutada pelo governo dos Estados Unidos para se comunicar com alienígenas que pousaram na Terra em doze naves espaciais. Sua missão é essencial: desvendar a linguagem dos extraterrestres e entender a razão de sua visita.

Não é comum assistirmos a obras que abordam questões linguísticas (nesse caso, atrelado ao tempo), ou até mesmo comunicação numa escala filosófica, fora de méritos de ordem pessoal ou social. Além disso, o roteiro, direção, fotografia, arte, som, e demais aspectos do filme servem ao propósito de contar a história da melhor forma. Esses aspectos conversam entre si, fazendo com que a linguagem (enquanto campo de estudo), e particularmente a linguagem das criaturas extraterrestres, seja o fio condutor da trama.

Obviamente, o filme não é sustentado apenas na questão conceitual. A história é cativante, e lida com perdas, escolhas, e reflexão de como lidamos com questões essenciais em nossas vidas. Nesse quesito, a interpretação da atriz principal, Amy Adams, brilha. A personagem da atriz tem todo o tempo e ferramentas necessárias para ser desenvolvida e cativar o público em sua jornada.

A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson é um dos pontos altos da obra, e enriquece a atmosfera do filme. A música sublinha a tensão e a emoção da história, guiando o espectador através dos momentos mais íntimos. A música tema do filme, On the Nature of Daylight, de Max Richter, chama a atenção para um dos pilares da história: o conflito, a guerra. A música não foi composta para o filme, mas sim antes, no contexto da Guerra do Iraque. Dessa forma, ela possui um tema anti guerra, e tem um forte poder de comoção.

Existem filmes que são como um passeio, ou um período de férias para a mente do espectador. A Chegada não é um desses filmes. Como uma boa ficção científica deve fazer, A Chegada provoca e desperta a necessidade de reflexões. Essas reflexões são de natureza social (estimulando o pensamento crítico), mas também de natureza humana (estimulando o sentimento mais puro de conexão entre as pessoas), e perseguem quem assiste o filme, a partir de quando os créditos sobem, até o resto de suas vidas.

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