segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Cutie Honey

 Cutie Honey (2004)

João Victor Santos Correia de Oliveira

É impossível, pelo menos para mim, não manter a expectativa alta ao assistir às obras dirigidas pelo Hideaki Anno, muito pelo fato dele ter feito, em 1995, um anime espetacular que explora a psique humana sob o pano de fundo de batalhas entre ciborgues e criaturas galácticas, Neon Genesis Evangelion.

Em Cutie Honey, o diretor adapta um clássico do autor japonês Go Nagai. O filme inicialmente parece se distanciar dos trabalhos de Hideaki Anno, mas existe algo do imaginário japonês que nos faz acreditar em uma cola que liga essas obras, visto que o diretor cresceu sendo influenciado pela fantasia, horror, ficção científica e até mesmo o erotismo presente nos mangás do Go Nagai. Anno abusa dos seus característicos cortes acompanhados por enquadramentos claustrofóbicos e sequências estilizadas a fim de produzir um efeito dinâmico e cômico nas cenas.

Denota-se que o longa sabe que é, de certa forma, trash e não se envergonha perante a demanda de desenvolver o vínculo necessário entre as personagens principais, interpretadas por Eriko Sato e Mikako Ichikawa. As duas têm um esquema de contraste de personalidades, e mantêm a atuação caricata digna de uma página de mangá. A crítica aqui fica com a erotização do corpo feminino, infelizmente uma realidade que pode ser encontrada em múltiplas obras nipônicas, já que a feminilidade jovial é um aspecto histórico-cultural que assombra e polemiza o país.

Enfim, apesar dos pesares, Cutie Honey é uma ficção científica divertida que pode, portanto, provar que Anno não precisa ficar sob a sombra daquilo que é considerado a sua obra-prima, Evangelion, visto que ele se tornou um profissional prolífico que viria a dirigir a adaptação de outros clássicos da cultura pop japonesa, vulgo Godzilla e Kamen Rider.

Nenhum comentário:

Postar um comentário