Segredos revelados
ROBESON DANTAS DOS SANTOS
Sabe aqueles filmes baseados em fatos reais que nos deixam reflexivos e pensativos quanto às nossas vidas, e quanto aos nossos princípios éticos? Então, Spotlight é um desses. Envolvente, dramático e por que não dizer, polêmico, Spotlight conta a história real da investigação jornalística sobre os casos de pedofilia na Igreja Católica. Mais do que apenas uma investigação contra a igreja,
o filme narra uma luta contra um sistema “imbatível” formado a fim de encobrir a barbárie recorrente e evitar gigantesco escândalo.
A trama se passa no início dos anos 2000, mas a investigação jornalística faz um paralelo com os anos entre 1970 e 1980, já que desde esse período diversos padres já haviam molestado e abusado de mais de 80 crianças.
O conflito inicia quando Marty Baron (Liev Schereiber) um novo editor chefe (um jornalista judeu) chega em Boston e indaga por qual motivo o Boston Globe (jornal onde se passa a história) não investigou a fundo as acusações contra o padre John Geoghan, acusado por pedofilia entre 1970 e 1980. Essa indagação faz com que o grupo spotlight saiam em busca de qualquer prova, testemunhas, denúncias e fatos daquele período, chegando a descobrirem mais de 13 padres abusadores, apenas naquela região.
Como futuro jornalista e cristão, afirmo que é impossível não se envolver na trama, o enredo choca ao mesmo tempo em que nos coloca a vivenciar cada denúncia, cada angústia e cada descoberta do grupo.
O diretor Tom McCarthy inspirou-se no livro escrito pelos próprios jornalistas e conduz o filme de maneira simples, sem muitos efeitos, enquadramentos ou edição sofisticados, mas fazendo do simples, um clima de realidade e impacto, uma vez que o texto, sobretudo dos depoimentos das vítimas são fortes e as vezes repugnantes.
O filme possui 128 minutos e conta com um incrível elenco com os atores Michael Keaton (Walter Robinson), Mark Ruffalo (Michael Rezendes); Rachel McAdams (Sacha Pfeiffer); Brian d’Arcy James (Matty Carroll) e muitos outros.
O filme Spotlight nos leva à reflexão de que o jornalismo precisa ser corajoso e agir com ética em prol do compromisso com a verdade e com a sociedade. Quantas crianças não poderiam ter sido poupadas de abuso se o jornal tivesse aprofundado a investigação nos anos de 1970 a 1980?
Não só em relação à igreja Católica, mas dentro de todas as congregações, católicas, evangélicas, espíritas, cristãs ou não cristãs. A reflexão vai além do fato de serem padres ou da igreja católica, mas sim do abuso de autoridades religiosas, que usam o nome de Deus para cometer o crime de pedofilia, e do fim da credibilidade de um sistema criminoso que encobriu mais de 90 padres envolvidos em abusos de menores.
Antes dos créditos, o público pode acompanhar diversas cidades em vários países, em que milhares de pessoas relataram casos de abuso, e enfim se sentiram livres e encorajados de denunciar a igreja pela não acusação de padres criminosos.
Não esperem uma mega aventura, ação do início ao fim ou suspense, a riqueza do filme está no roteiro impecável e na dinâmica da investigação do grupo spotlight, desafiando os limites em busca da verdade. Por fim, indico o filme a todos que se interessam por uma trama envolvente, intrigante e muito, muito reflexiva
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