terça-feira, 19 de novembro de 2019

comportamento selvagem




Clube da Luta

Eduardo Fernandes da Silva

O filme é uma adaptação para o cinema de um romance de Chuck Palahniuk, e foi lançado em 1999. Retrata um personagem que tem conflitos mentais, sofre de bastante insônia e que está cheio de sua rotina “comum” em meio ao capitalismo, até que se depara com tyler, a sua aflorada futura realidade.
O filme já começa no climax, digamos, que já inverte as maneiras comuns de narrativas lineares, porém, ao final do filme, isso ficará claro na cabeça de quem assiste.
  A visão ideológica do filme é forte, para quem se coloca na cabeça do personagem central, o “narrador”, que busca nos primeiros momentos se livrar do seu atual modo de vida, ao ponto que literalmente a narrativa possui duas camadas, duas personalidades, dois modos de enxergar a vida, que vai consumindo uma por outra, aos poucos. E essas camadas fazem críticas, mas ao mesmo tempo, reforçam diferentes formas de ideologia, porém o “narrador” irá transgredir para uma forma ideológica, mais visceral e violenta - na procura de sua liberdade, trazendo uma tendência de vouyerismo para os espectadores, que possivelmente não se conformam com o capitalismo vigente, na realidade, e no filme – se livrar de uma ideologia para alcançar outra.
Diante disso surgem questões como: onde está a responsabilidade do criador de tal obra, visando as implicações éticas de seu filme?
A obra foi considerada um fiasco de bilheterias quando foi lançando, porém, hoje é visto por muitos, como uma obra cult atual. Essas considerações, estão na forma em que o autor poetizou a questão da violência e problematizou o capitalismo, ou simplesmente mostrou que há violência nas duas coisas, sendo que uma é mais física do que a outra.
 A Genealogia da Moral de Nietzsche, mostra que os conceitos e valores tradicionais da moral não são universais e nem estabelecidos de forma objetiva e ainda propõe uma “transvaloração de todos os valores”, definindo seu pensamento acima do bem e do mal, fazendo crítica ao modernismo e tentando ressaltar que a ética não tem base na razão. Ao meu ver, o pensando Nietzschiano está intrinsecamente ligado a composição desse filme afinal como ele dizia, “ O que não me faz morrer me torna mais forte”. O “narrador” vai destruindo seu outro lado, afinal, estaria ele destruindo a si mesmo, pensando que destruiria seu lado de modismos capitalistas liberando sua raiva interior, ou trazendo a tona novos vícios, porém não padronizados na sociedade, ele tenta superar a ele mesmo, porém falha.
Em torno da contemporaneidade do filme, a complexidade da narrativa, implica subjetividade em torno das opiniões sobre as sociedades pós modernas e a identidade que vai tornando-se cada vez mais frágil e instável, como é o caso do “narrador”, que mesmo aos poucos alcançando seu modo ideal de viver continua instável e com problemas psicossociais, transformando, assim, uma ilusão, a sua transgressão. 

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