REDE DE INTRIGAS
Allan
ALMEIDA¹
Network (CHAYEFSKY, Paddy. EUA, 1976),
nome original do filme “rede de intrigas”, foi produzido nos estados unidos e
dirigido pelo cineasta americano Sidney Lumet. O filme traz uma crítica acerca
do único objetivo do grande e importante canal televisivo UBS, o dinheiro. Ao
analisar rede de intrigas feito em 1976 com o século atual, é perceptível que
nada mudou. Os grandes canais televisivos apenas observam os números do ibope,
isso é o que é de extrema importância para eles, seja qual for o conteúdo que
esteja sendo exibido, tem que ter audiência.
No
longa-metragem, Howard Beale – interpretado pelo ator Peter Finch – é o âncora
de um jornal noticiário da rede UBS. Ele, sabendo que a audiência está cada vez
pior e que não permanecera no ar por muito tempo, durante uma noite em um bar
com seu amigo Max Schumacher (William Holden) relata sua frustração. Max,
então, tentando amenizar o caso resolve dar uma ideia ao amigo, se suicidar
durante a exibição do telejornal, e com isso alcançando uma audiência alta. No
dia seguinte, Beale surta e fala ao vivo que cometeria o suicídio no ar,
durante o programa exibido na terça-feira seguinte. Então, Max, dirigente da
divisão de Jornalismo da rede, entra em pânico, com medo de ser o fim da sua
carreira e de Beale.
Apesar
de toda preocupação e desespero que a redação da UBS passou depois do anuncio
feito por Howard Beale, foi notório a grande audiência que o jornal teve
naquela noite. Por meio disso, a ambiciosa Diana Christensen (Faye Dunaway)
passa a defender a permanência do jornalista na emissora. Ela, junto com o
executivo Frank Hackett (Robert Duvall), demitiram Max Schumacher pelo fato do
jornalista ainda ter algum escrúpulo. Beale, que permaneceu na UBS, é
incentivado a falar o que pensa no ar, passando a imagem de uma pessoa
revoltada para a sociedade, em seu novo programa.
Rede
de Intrigas, é um exemplo de uma teoria do jornalismo conhecida como teoria do
agendamento, ou agenda-setting. Essa teoria consiste na ideia em que a mídia
escolhe o tema em que se tornará o diálogo da sociedade. A Doutora em Ciência
da Informação e da Comunicação pela Universidade Paul Verlaine-Metz, na França,
Kênia Maia junto com Luciane Agnez, mestranda do programa de pós-graduação em
Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte elaboraram um
estudo referente a essa teoria.
O agenda-setting se insere na tradição
funcionalista dos estudos norte-americanos em comunicação, que tem como ponto
nodal a análise e detecção das funções e dos efeitos causados pelos meios de
comunicação sobre a audiência. (MAIA; AGNEZ, P.2)
Na
análise feita por Kênia e Luciene, encontra-se a referência à obra de McCOMBS e
que determina bem o conceito e ideia dessa teoria.
O agendamento é bastante mais do que a
clássica asserção de que as notícias nos dizem sobre o que é que devemos
pensar. As notícias dizem-nos também como devemos pensar sobre o que pensamos.
Tanto a seleção de objetos para atrair a atenção como a seleção de enquadramentos
para pensar sobre esses objetos são tarefas poderosas do agendamento (McCOMBS;
SHAW, 2000b, p. 131).
Portanto, é notório como tal teoria está
intrínseca ao filme que, apesar de ter sido exibido em 1976, é totalmente
atual. Aproveitar de um surto o qual gera um grande valor-noticia, para ganhar
audiência, mostra o quanto a rede UBS não importa para a ética que exige a
profissão do jornalista, associando o agenda-setting com a teoria do
Newsmaking, onde a realidade é maquiada, fazendo com que a notícia sirva como
construção social e não o reflexo do que é real.
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