"E a
vida, o que é?
Diga lá, meu irmão..."
Diga lá, meu irmão..."
A Vida Invisível é uma produção
conjunta do cinema brasileiro e alemão, sétimo longa-metragem dirigido pelo
cineasta cearense Karim Aïnouz e
que está no rol de disputa por uma vaga no Oscar 2020 na categoria de melhor
filme internacional, após ter sido premiado na mostra Um Certo Olhar em Cannes,
neste ano.
Conta uma história baseada na obra A
Vida Invisível de Eurídice Gusmão, da carioca Martha Batalha, e em relatos
autobiográficos do próprio Karim acerca de sua mãe Iracema. Ele roteirizou o
filme com a ajuda das mãos, mente, corpo e coração de Murilo Hauser e Inês
Bortagaray.
As atrizes Carol Duarte e Julia Stockler vivem as irmãs Eurídice e Guida,
respectivamente, que são separadas pelo pai quando este descobre a gravidez de
Guida, filha mais velha, que foge para morar em outro país. Eurídice, que sonha
em ser pianista, casa-se e continua morando no Rio de Janeiro, cuja natureza
calorosa, aromática, selvagem, colorida, viva e livre, representada por um
ambiente de planos de ações diversificadas e pelos jardins e plantas das
florestas retratadas nas cenas, contracena com as sensações expressas pelos
personagens ao longo da trama.
A condição dessas mulheres nas décadas de 40 e 50, nas quais o viés patriarcal
conferia a elas o lugar de propriedade dos maridos e de progenitoras, perpassa
outros tempos e locais, chegando aos dias atuais.
O sexo e a sensualidade presentes na estrutura do corpo refletem uma
crueza tanto do feminino quanto do masculino, sem tanto pudor. No entanto, os
relacionamentos duradouros no enredo concentram-se mais, por exemplo, na
amizade entre Guida e Filomena e entre Eurídice e sua confidente Zélia, bem
como, principalmente, no amor que une e que confere um lugar comum em termos de
identidade às duas irmãs.
As normas sociais parecem ditar as oportunidades tolhidas, muitas vezes,
pelas duas irmãs, quer no campo da música para uma, quer na área amorosa para a
outra. Estas vidas delas, invisíveis, próximas e afastadas, ao mesmo tempo,
respiram uma comoção que faz uma considerar a outra como em uma realidade
imaginativa bem mais glamorosa do que de fato possa acontecer.
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