quinta-feira, 26 de novembro de 2020

aia

 

WILLIAM DANILO FERNANDES PIRES

Os Contos da Aia, possui uma narração em primeira pessoa, isso por si só já já nos aproxima e nos fideliza com a história de June. Além disso, os muitos closes nos fazem conhecer cada expressão da personagem, especialmente de dor. Quando fala conosco, Offred quase sussurra, como se nos contasse um segredo. Isso nos traz uma aura ainda mais de tensão, ela não poderia estar falando com ninguém.

Isso tudo visa a nos passar a dor das mulheres sob um regime fundamentalista cristão hipotético, mas possível, onde tudo é silêncio, frio e azul. A depressão do confinamento é angustiante e sufocante. Isso me faz pensar como uma mulher aqui do nosso mundo encara as inúmeras privações e estupros de uma sociedade que oprime qualquer expressão sentimental. Separação, fuga, saudade, ódio são vividos à exaustão numa montanha russa de sensações de revolta.

O desejo pela libertação das amarras do nosso tempo, especialmente o fundamentalismo religioso e o machismo, deixa explícito o desejo dos autores de nos alertar sobre os perigos de quem se deixa levar por pensamentos de controle e conservadorismo. Enfim Os Contos da Aia é um soco no estômago dos reacionários.

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