ANA CLARA BILRO MEDEIROS BARROS NERI
Choi Yoo-Jin é um escravo que aos 9 anos foge de Joseon (Coréia) para os os E.U.A e já adulto, retorna à terra natal como o cônsul americano Eugene Choi. Agora dotado de poder, o militar se apaixona por Go Ae-Shin, uma nobre que esconde a vida secreta de franco-atiradora que luta pela soberania de seu país. Apesar de carregar rancor do lugar onde nasceu, Eugene acaba se envolvendo cada vez mais com o movimento libertário em razão de sua paixão pela jovem, e luta ao lado da resistência popular coreana contra a tirania japonesa, que surge como a antagonista que incorpora toda a maldade que os coreanos desprezam na vida real. Sentimento esse que a narrativa deixa clara através dos núcleos de fundo, que vivem em constante conflito com os nipo-invasores. Nesse ritmo, a trama confunde-se com a realidade da Coréia no período retratado, proporcionando até a sensação de que aquilo que foi assistido é real, visto que fatos fictícios e reais se misturam para promover uma verossimilhança.
Uma série cheia de poética e resistência, onde o “romantismo está na boca de um rifle”, como diz a protagonista, já que o amor e o revolucionarismo caminham de mãos dadas aqui. Mas apesar da guerra e da resistência serem explícitas, como elas sempre são na realidade, o romance está nas entrelinhas e no platonismo por dois motivos: o berço oposto das duas personagens e a própria cultura coreana do amor, que se manifesta de maneira muito mais sutil, permitindo que aqui, o espectador seja livre para interpretar à sua maneira.
Contudo, se a autora deixou algo claro nesse dorama, foi a sua visão sobre a necessidade de agir, e sobretudo os sacrifícios. Essa mensagem está no sentimento de pertencimento e representação, que surge tanto por parte dos coreanos como dos japoneses, que na história (real ou não), agiram conforme a sua paixão, trazendo uma série de elementos e acontecimentos completamente imprevisíveis.
Mais uma vez os símbolos reais e fictícios se confundem e a história se desenvolve para chocar o espectador e às vezes até pôr em estado de agonia e desespero. Talvez sejam os sentimentos mais comuns mediante a imprevisibilidade da vida. Ninguém pode prever o futuro e dizer o que acontecerá. Esse inesperado e a ausência de controle são as mensagens finais. Não importa se o espectador é coreano, japonês ou estrangeiro, se há uma visão que há em comum de todos os receptores é a da fragilidade da vida.
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