quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Barry


Tragédia cômica ou comédia trágica?


 Luan Paulo Dionísio de Lima


Barry traz em sua trama o drama do bem contra o mal e da disputa entre o agir da forma certa ou da forma necessária. A história tem sua criação dividida entre Alec Berg e Bill Hader, esse último também estrela a atração interpretando Barry, personagem que dá nome a séria da plataforma HBO MAXX. Encontramos em Barry conflitos morais em histórias sobre traumas e superação, maquiadas pelo humor tragicômico que é bastante empregado nesta atração, que faz do seu ambiente recheado de assassinatos algo curiosamente leve e engraçado. 

 Acompanhamos a história de Barry Berkman (Bill Hader), um ex-fuzileiro que atua como assassino de aluguel e que tenta largar a vida de crimes para se dedicar a sua recém-descoberta nova paixão, o teatro. Barry se ver dividido entre a lealdade com seu “agente” Monroe Fuches (Stephen Root) que tenta mantê-lo nos negócios e a sua vontade de mudar de vida nos palcos, que é em muito, motivada pelo seu interesse romântico, Sally Reed (Sarah Goldberg). 

Temos em nosso protagonista a figura de um bom homem que mantem sua lealdade, que tem suas motivações carregadas de boas intenções e que leva a sério o seu código moral, mas que antes de qualquer coisa mata para não ter a sua “normalidade” arruinada. Barry está muito longe de ser um herói, seria injusto tratarmos como um vilão, mas acima de tudo, acredito que a figura do anti-herói não lhe caia muito bem. Em resumo, Barry é um personagem complexo, dentro de uma história levemente confusa, história essa que nos apresenta um protagonista apático e perdido em si mesmo tentando lidar com um mundo a que ele não pertence. 

A série que tem a sua primeira temporada fragmentada em oito episódios, é construída entre narrativas que nos apresentam a descoberta do personagem de si para si mesmo como também a revelação de si para o público. Temos como temática principal a complexidade de ter uma mudança de vida. Ela apresenta um diálogo entre a dúvida e o medo de mudar, faz um questionamento sobre nós, se quando buscamos a mudança nós estamos de fato tentando ser nós mesmos ou apenas tentando mascara aquilo que realmente somos? 

Para Barry, a mudança estar ligada a extinguir o passado, mesmo sem entender se esse passado é de fato sua real essência. E para o público, compreender quem de fato Barry é realmente acaba sendo um bom jogo de descoberta e desilusão, visto que o próprio personagem não sabe se seus passos estão a caminho do fracasso ou da redenção.

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