quinta-feira, 29 de junho de 2023

retorno


O Caminho de Volta


Lucas de Oliveira Lima


Entregando uma performance sólida e quem sabe a melhor atuação de sua carreira, o Caminho de Volta, estrelado por Ben Affleck, é um drama que além de ter foco no basquete, busca principalmente demonstrar a depressão de um pai alcoólatra que busca suprir a dor da perda.

Lançado em 2020, o filme reinventa a fórmula dos filmes de esporte e mostra que nem sempre a vitória irá ajudar a superar seus traumas e vícios. O diretor conseguiu em sua história, transmitir a dor e a luta interna do personagem de forma convincente, retratando os altos e baixos emocionais de Jack Cunningham com autenticidade.

No lado esportista do filme, o roteirista Brad Ingelsby (Mare Of Easttown) não foge muito do clichê do time ruim que vai superando suas dificuldades em busca da glória, mas através do diretor Gavin O’Connor, as cenas de treinamento e jogos de basquete acabam sendo bem executadas e ajudam a capturar a intensidade do esporte.

O Caminho de volta é um filme que tem seus erros, como pecar em explora a história dos personagens secundários, mas quando foca em seu tema principal, consegue trazer o espectador para junto da história, onde você entende o caminho que Jack Cunningham precisa percorrer para superar seus traumas.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

aranhaverso2

 


BIANCA BEATRIZ GOMES BATISTA


"Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" é uma obra-prima do cinema de animação que cativa e emociona o público de todas as idades. O filme apresenta uma abordagem inovadora e criativa ao universo do Homem-Aranha, oferecendo uma história única e visualmente deslumbrante.

Uma das maiores qualidades do filme é a sua capacidade de combinar diferentes estilos de animação, criando um visual vibrante e dinâmico que reflete a diversidade dos personagens e dos universos que eles habitam. Cada versão do Homem-Aranha é representada de forma distinta, com técnicas visuais variadas, o que enriquece a narrativa e confere um frescor estético ao filme.

Além da inovação visual, a trama de "Através do Aranhaverso" é envolvente e bem construída. A história aborda a jornada de Miles Morales, um jovem adolescente que assume o manto do Homem-Aranha e descobre seu próprio poder e responsabilidade. O desenvolvimento do personagem é rico em camadas emocionais, explorando temas como identidade, família e amadurecimento. Essa abordagem pessoal torna o filme profundamente humano e permite que o público se identifique e se conecte com Miles e seus desafios.

O roteiro de "Através do Aranhaverso" também merece destaque, pois consegue equilibrar habilmente ação, comédia e momentos emocionantes. O filme apresenta cenas de ação eletrizantes, com sequências de luta coreografadas de forma impressionante. Ao mesmo tempo, o humor é inteligente e bem dosado, garantindo risadas genuínas durante toda a projeção. E, por trás de toda a ação e comédia, há uma mensagem poderosa sobre a importância da aceitação, do trabalho em equipe e da crença em si mesmo.

Além disso, o elenco de vozes é excepcional, com atuações marcantes de Shameik Moore como Miles Morales e Jake Johnson como Peter Parker. Cada ator dá vida ao seu respectivo Homem-Aranha de maneira única e cativante, adicionando profundidade e carisma aos personagens.

"Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" é uma obra-prima cinematográfica que vai além das expectativas. Sua abordagem inovadora, a riqueza de sua história, a qualidade visual e o elenco talentoso fazem dele um filme imperdível. É uma experiência que emociona, entretém e resgata o espírito atemporal do Homem-Aranha de uma forma fresca e original.

the flash


Matheus Wagner e Silva de Medeiros 


O filme The Flash, de 2023, produzido como parte do DC Extended Universe (DCEU), dirigido pelo diretor argentino Andy Muschietti, e roteirizado pela britânica Christina Hodson, é estrelado pelo americano Ezra Miller no papel de Barry Allen/ The Flash. Antes de estrelar no filme, Miller já aparecera como o herói icônico da DC Comics nos filmes Batman v Superman: A Origem da Justiça (2016), Esquadrão Suicida (2016), Liga da Justiça (2017), Liga da Justiça de Zack Snyder (2021), e fizera participações especiais como o personagem nas séries Arrow (num episódio de 2020) e Peacemaker (Pacificador, num episódio de 2022). 

Controvérsias da vida pessoal do ator à parte, estes dados indicam que Miller já era conhecido do público bem antes de estrelar seu filme-solo do Velocista Escarlate da editora de HQs rival da Marvel Comics em solo estadunidense e, num mundo globalizado como o nosso, também nos demais países, com as duas empresas agora também presentes massivamente no campo de outras mídias, tais quais o cinema e a televisão. Uma das cenas do Liga da Justiça de Zack Snyder (também conhecido como Snyder Cut), estrelada exatamente por Miller (especificamente a cena em que o Flash adentra pela primeira vez na Speed Force, o que eventualmente se torna um ponto essencial que leva ao eventual clímax do filme), recebeu um prêmio do público no Oscar 2022 como a “Cena Favorita dos Fãs” dentre as produções lançadas em 2021, considerando tanto filmes de streaming (caso do Snyder Cut) quanto filmes lançados nos cinemas tradicionais. 

Essa teórica familiaridade do público com Miller teria então, funcionado a favor para a performance de crítica, receptividade do público e bilheteria conquistados pelo filme? Até o presente momento, a resposta mais precisa, ironicamente, poderia ser: mais ou menos. 

Com cerca de duas semanas de exibição para o grande público nas telonas, The Flash pode não ser um fiasco total, mas é fato que ficou longe de atender as expectativas dos executivos da DC e sua “parent company”, a Warner Bros. Discovery. É sabido desde meados de 2022 que a franquia cinematográfica da DC passaria por uma mega reformulação encabeçada por James Gunn, conhecido, dentre outros trabalhos, por dirigir os aplaudidos 3 filmes de Guardiões da Galáxia, pela Marvel/ Disney, e dirigir o reboot/ sequência O Esquadrão Suicida, em 2021, pela própria DC/ Warner, além de seu spin-off, o seriado de TV Pacificador, também igualmente elogiados. O que não se sabia era o posicionamento definitivo de The Flash, tanto em termos da história contada pelo filme e como ela reverberaria mais adiante, quanto pelo seu desempenho diante de público e crítica. O filme foi desde o início concebido como uma aventura “multiversal” que funcionaria para resetar o universo DC nos cinemas. Se o Velocista Escarlate continuará na principal escalação do novo universo futuramente, só o tempo nos dirá; contudo, é possível traçar algumas conclusões acerca disso com base no que nos foi mostrado pelo filme, tanto por sua história quanto por seu desempenho. 

Talvez o filme não encha os olhos de todo o público. Com uma pontuação mediana de apenas 65% no Rotten Tomatoes (média de 6.3 numa escala de 0 a 10), e contando com uma média 56 no outro grande site de crítica especializada de cinema, o Metacritic, é evidente que o filme tem suas falhas e não agradou totalmente. Contudo, o site PostTrak registrou que 77% dos espectadores do filme o consideraram positivo, e 59% dizendo que o recomendariam a outros. Fatores que podem ter causado a bilheteria do filme, atualmente estimada em um pouco mais de 210 milhões de dólares (valores que seriam altos para um filme padrão, mas modestos quando comparados com outros tantos do gênero de super herói que foram lançados nos últimos anos), a não ter decolado tanto, incluem, além das controvérsias envolvendo a vida pessoal de Miller, o conhecimento prévio do público de que a DC passará por um reboot (que já havia afetado, alguns meses antes, a bilheteria dos filmes Black Adam, e Shazam: Fury of the Gods), o excesso de filmes de super heróis sendo lançados em anos recentes, inclusive o recente Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (que, por ter sido lançado em uma data próxima, pode ter servido como competidor direto para The Flash e servido para “roubar” parte de seu possível ou eventual público), e a divulgação de que as críticas ao filme haviam sido mistas ou medianas no geral. 

A premissa do filme, contudo, é bastante ambiciosa. Mesmo consciente de que um reboot se aproxima e de que é preciso entregar um novo universo para que a nova cronologia de histórias cinematográficas possa ser contada, adequadamente, desde o começo, The Flash tem uma história específica para contar, com começo, meio e fim. Barry Allen, agora já um membro estabelecido da Liga da Justiça devido aos eventos dos já mencionados filmes anteriores do DCEU, concilia sua rotina como CSI da Polícia de Central City, com a vida de super herói velocista. Auxilia Bruce Wayne e Diana Prince, respectivamente Batman e Mulher-Maravilha, no início do longa a frustrar os planos de uma gangue de criminosos em Gotham City. Apesar disso, Barry já demonstra certas frustações próprias, como, quando conversa com o mordomo do Homem Morcego, Alfred, de que se sente o “faxineiro” da Liga e que só foi chamado porque Superman e outros heróis estavam indisponíveis para o serviço. Outra de suas frustrações é a de não conseguir provar a inocência de seu pai, Henry Allen, preso na penitenciária Iron Heights sob a condenação de que teria assassinado sua esposa, Nora, a mãe de Barry; o velocista adentrou no trabalho de CSI junto à polícia para tentar justamente provar a inocência do pai de dentro do sistema. Bruce consegue para ele uma gravação que mostra o pai de Barry fazendo compras na mercearia no momento do crime; porém, a filmagem é inútil para o julgamento de recurso pois Henry permanece de cabeça baixa e de boné durante todo o vídeo, ocultando assim sua face e tornando impossível provar que ele estava lá e não na própria residência no momento em que o crime ocorreu. 

Barry também passa por momentos atribulados no trabalho, no qual é constantemente caçoado pelos colegas Albert Desmond e Patty Spivot, e é frequentemente cobrado por seu chefe, David Singh, de que não se atrase mais para chegar ao trabalho (a cena mostra que Barry se atrasou pois havia ido ajudar Batman e a Mulher-Maravilha a deter os criminosos mais cedo) e que comece a entregar os relatórios mais vezes dentro do prazo. Uma visita de Bruce e, depois, de sua antiga colega de faculdade e paixão secreta da juventude, Iris West, acabam inspirando Barry, depois de descobrir que pode usar a Speed Force para voltar no tempo, a se aventurar no passado e tentar impedir que sua mãe venha a falecer, alterando um pequeno detalhe da ida que ele e a mãe tiveram ao mercado mais cedo naquele mesmo dia e que, na linha do tempo original, causou mais tarde a ida do pai ao mercado para pegar algo que eles haviam esquecido, justamente no momento em que o assassino (cuja identidade o filme não revela) adentrou a casa e matou Nora. Deixar a identidade do assassino em incógnita pode ter sido uma deixa para uma eventual continuação, mas, conforme já foi dito antes, uma continuação provavelmente só aconteceria se o filme atingisse ou superasse as expectativas do estúdio. 

A partir daí, quando Barry volta ao “presente”, ele encontra a mãe viva, mas, em compensação, diversas alterações na linha do tempo começam a ser fazer sentir diante dele. Albert e Patty agora são amigos do Barry dessa realidade e dividem um apartamento com ele, além de estarem romanticamente envolvidos; o Barry dessa realidade ainda não ganhou poderes; o filme De Volta para o Futuro (que claramente serviu de inspiração para este filme) foi estrelado por Eric Stoltz e não mais por Michael J. Fox (Stoltz era o intérprete original de Marty McFly nas gravações do longa até que foi substituído por Fox devido a, dentre outros motivos, seu relacionamento ruim com o restante do elenco e da equipe do filme); Aquaman (Arthur Curry) nunca nasceu; Barry não encontra indícios de que Diana Prince esteja operando como a Mulher-Maravilha nessa realidade ou de que sequer exista; Victor Stone está ainda vivo, mas não sofreu o acidente que eventualmente o levaria a se tornar o Cyborg como ocorreu na linha do tempo original de Barry; a cápsula do Superman nunca chegou ao planeta Terra (Barry acaba conhecendo, mais adiante, a prima do herói, Kara Zor-El/ Supergirl, que acaba essencialmente assumindo o papel dele nessa nova realidade); o Batman dessa realidade não conhece Barry, está mais velho e deixou de operar como vigilante de Gotham, além de ser interpretado por Michael Keaton (que viveu o herói em dois longas lançados em 1989 e 1992) e não mais por Ben Affleck (que vive o personagem no DCEU desde 2016) como nas cenas iniciais do longa; e como Barry veio parar numa versão alternativa do ano de 2013 (também o ano em que Barry originalmente ganhou seus poderes), ao invés de voltar ao seu presente, o planeta está sendo “novamente” atacado pela nave do General Zod (repetindo o plot do filme Man of Steel, lançado justamente em 2013 e que deu início ao DCEU), o que aumenta os temores de Barry já que dessa vez o mundo não conta com um Superman, um Batman, uma Mulher-Maravilha ou algum dos outros heróis que ele conhecia, para protege-lo. 

A partir daí o filme se lança nos empenhos do Barry original e do Barry de 2013 em tentar montar uma ofensiva contra Zod. Além disso, o filme traz diversas homenagens, referências e participações especiais, inclusive de alguns atores já falecidos, possibilitadas pelo uso de inteligência artificial e do deepfaking, que enchem os olhos dos fãs mais antigos ou “raiz” da DC, incluindo aí: Christopher Reeve, dos filmes do Superman lançados entre 1978 e 1987; Helen Slater, a Supergirl do filme homônimo de 1984; Adam West, como o Batman do filme de 1966 e da série homônima que foi exibida originalmente entre 1966 e 1968; George Reeves, do filme Superman and the Mole Men (1951) e da série As Aventuras do Superman (1952 a 1958); a voz de Cesar Romero, o Coringa da série de 1966-1968; a voz de Jack Nicholson, o Coringa do filme de 1989; Teddy Sears, interpretando uma versão alternativa de Jay Garrick, uma versão do Flash anterior a Barry Allen nas HQs, e reprisando seu papel da segunda temporada da série The Flash exibida pelo canal CW entre 2014 e 2023; e Nicolas Cage, aparecendo como uma versão alternativa do Superman, que ele iria interpretar originalmente no filme “Superman Lives” de Tim Burton e Kevin Smith, que acabou não sendo realizado e que esteve em diversos estágios de produção entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000. Henry Cavill, que interpretou o Superman no DCEU entre 2013 e 2022, aparece brevemente no começo do filme em uma montagem no papel do herói para explicar sua ausência enquanto os outros heróis lidam com os criminosos em Gotham; Cavill havia filmado também outras cenas para o filme, mas que foram cortadas quando a nova direção do universo cinematográfico DC decidiu não continuar com ele para o papel. 

Com boas doses de saudosismo e nostalgia, o filme pode agradar e até emocionar fãs antigos e atuais do trabalho da DC. Os efeitos visuais do filme, enquanto complexos, conseguem atrair a atenção do espectador, mesmo com as afirmações do diretor Andy Muschietti (um fã de infância da DC que cresceu assistindo ao seriado de 1966-1968 do Batman de Adam West, que estava sendo reprisado na Argentina nos anos 1970) de que sua intenção era de que os efeitos visuais, especialmente de quando Barry está correndo pela Speed Force e de quando as versões alternativas de personagens consagrados da DC aparecem de universos diferentes, parecessem realmente confusos para o público. Mesmo fãs do Flash e da DC que se acostumaram com as animações clássicas do personagem ou com a versão interpretada por Grant Gustin no seriado de TV entre 2014 e 2023, poderão apreciar as nuances e pontos de destaque da obra. O humor e a performance do elenco (principalmente de Keaton, do polêmico Miller e até mesmo de Affleck) foram pontos fortes, apesar de o roteiro, especialmente no que se refere ao terceiro ato, a conclusão do enredo do filme, ter deixado a desejar em certos pontos. O retorno de Michael Keaton foi particularmente espetacular, com a volta de diversos elementos visuais fortes, como o seu traje do Batman, a trilha sonora de seus filmes anteriores do personagem, as cenas de ação que o envolveram e que pareciam diretamente trazidas dos dois filmes dirigidos por Tim Burton envolvendo o Morcego; Keaton originalmente estava previsto para reprisar o papel em Batgirl (o filme foi eventualmente cancelado mesmo depois de já ter sido totalmente filmado), em Batman Beyond (o filme foi inicialmente suspenso, mas ao assumir a direção da DC Films, James Gunn afirmou que ainda há possibilidade de um filme sobre o Batman de Keaton acontecer), e em Aquaman and the Lost Kingdom, previsto para o final de 2023 (neste último caso, Keaton gravou cenas para o filme, mas ainda não se sabe se as cenas serão mantidas no corte final do longa ou se serão cortadas), tamanha foi a repercussão positiva com o retorno dele ao papel. Quer o filme The Flash influencie de fato nos novos planos da DC para seu futuro nos cinemas, quer ele acabe esquecido dentre outros projetos cinematográficos da empresa, configurou-se de fato numa grande oportunidade para os fãs de poder prestigiar alguns de seus personagens preferidos do cânone da DC sob uma nova perspectiva, adaptando uma história clássica dos quadrinhos da DC (Flashpoint), trazendo um team-up entre diferentes gerações de personagens do lore da DC e da Liga da Justiça, e fazendo o Flash se juntar à legião de heróis que enfim ganharam uma adaptação cinematográfica solo no século XXI. Mesmo que divida opiniões, The Flash sem dúvida representa um marco na história da contação de enredos de longa-metragem de super heróis.

pequena sereia

 


Ah, que pena seria…


EDUARDA CARDOSO DE MELLO

Apostando mais uma vez no que é seguro, Walt Disney Pictures, nos apresenta mais um live action dos seus contos clássicos. A Pequena Sereia (2023) de Rob Marshall nos leva ao fundo do mar para recontar a história de Ariel, a princesa sereia que é fascinada pelo mundo dos humanos.

Muito se questiona sobre o porquê do estúdio estar produzindo tantos live actions nos últimos anos e as hipóteses levantadas vão de uma possível falta de interesse das crianças de hoje em animações como as já produzidas a “será que as animações já deram tudo que tinham de dar?”. Filmes como Gato de Botas 2: o último pedido nos prova que isso não é verdade, então só me resta acreditar que o que a produtora quer é espremer o máximo que conseguirem daquilo que eles já sabem que a galera gosta, nos entregando mais do mesmo e nem sempre este mais é tão bom quanto o mesmo.

Não há como falar desta produção sem mencionar todo o burburinho que ela gerou desde a escalação de sua protagonista Halle Bailey. Assim que foi divulgada para o papel, a cantora sofreu ataques racistas por não ser parecida (leia-se: não ter o mesmo tom de pele) da personagem da animação, mas feliz e merecidamente, Halle calou todos com a sua graciosa voz (elemento muito importante na construção de sua personagem) que ela usa com muita maestria na em sua interpretação e performance encantadora, nos entregando toda a inocência e curiosidade de Ariel, e com certeza foi o que mais me cativou no filme.

Infelizmente não é possível dizer o mesmo sobre os outros personagens, mais especificamente, sobre os animais. A escolha de fazê-los o mais próximo da realidade levou embora 90% de suas personalidades. O mais carismático entre os animais que mais ganham destaque na minha opinião é o Sabidão, e isso me incomodou muito pois o Sebastião tem um papel muito mais importante na trama e ficou completamente apagado por de expressividade.. E a nossa relação com personagens animais não é a única coisa afetada por esta decisão. Na animação vemos um fundo do mar colorido com muitos peixes e corais para ver, e no live action só conseguimos identificar os elementos ao fundo de algumas cenas se os observarmos diretamente, tirando a atenção do que está acontecendo em tela no momento. E durante o número musical de Sebastião, vemos que havia condições de nos entregar uma experiência mais submersiva então por que não? O filme conta a história de um ser mítico que não existe de verdade então por que pesar tanto a mão em realismos?

Detalhes técnicos à parte, a narrativa segue a mesma da versão original, aquecendo nossos coraçõezinhos nostálgicos, e não se desvia quase nada disso, exceto para aprofundar algumas questões e relações já antes existentes, como o fascínio de Ariel pelo mundo humano, reforçando a visão de que ela não fez tudo o que fez apenas para ficar com o príncipe, o que é uma boa mensagem para as pequenas telespectadoras, e o seu próprio relacionamento com o Eric, deixando que as coisas fluísse mais naturalmente entre os dois, menos apressadas.

Em suma, é um filme bom, mas se eu precisasse mostrar A Pequena Sereia para alguém que nunca assistiu antes, eu com certeza optaria pela animação.

psicoterror

 

Ilha do medo (2010)


Juarez Eudes


Dois detetives são enviados para uma ilha onde funciona uma instituição psiquiátrica de segurança máxima para investigar o desaparecimento de uma paciente perigosa. Conforme a investigação avança, eventos estranhos e a atmosfera opressiva da ilha começam a desafiar a sanidade dos protagonistas, e até mesmo a do espectador enquanto assiste.

O filme "Ilha do Medo", dirigido por Martin Scorcese, é marcado pela habilidade do diretor em criar uma atmosfera densa e claustrofóbica. O uso de imagens sombrias e som ambiente tenso contribui para o clima de suspense ao longo do filme.

A performance do elenco em "Ilha do Medo" com destaque para Leonardo DiCaprio, captura perfeitamente a angústia e a determinação de seu personagem. DiCaprio transmite a luta interna de Teddy Daniels, um homem assombrado por traumas do passado e atormentado pela dúvida sobre a sanidade de sua própria mente.

A obra é um labirinto psicológico cheio de reviravoltas e surpresas. O roteiro, baseado no livro de Dennis Lehane, explora temas como a natureza da loucura, a manipulação e a busca pela verdade. Scorsese cria um jogo de pistas que mantém o espectador envolvido e constantemente questionando a realidade da história. A camada de suspense psicológico é aprofundada pelas reflexões sobre a natureza da mente humana e o que é realidade ou ilusão.

É o tipo de filme que a magia da primeira vez assistindo é única pois, se assistido novamente, é como se fosse outra obra, revelando uma série de detalhes e nuances que a primeira vista, passaram despercebidos pelo expectador. Não é atoa que o filme está entre os favoritos de quem curte um bom suspense e terror psicológico.

Murders in the Building

 Uma Mistura Brilhante de Comédia e Mistério


Rayssa Carvalho Campos


Murders in the Building é uma série de comédia e mistério que acompanha a vida de três estranhos que se encontram casualmente em um prédio de apartamentos em Nova York. Interpretados pelos talentosos Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez, os personagens se unem para investigar uma série de assassinatos que ocorrem em seu prédio, inspirados por seu amor mútuo por podcasts de crimes verdadeiros. Com uma mistura perfeita de humor, suspense e reviravoltas inesperadas, a série leva os espectadores em uma jornada envolvente repleta de segredos sombrios e momentos hilários.

Murders in the Building é uma verdadeira joia na cena televisiva atual, combinando habilmente comédia e mistério em uma narrativa cativante. A série cria um equilíbrio perfeito entre momentos leves e tensos, mantendo o público envolvido e constantemente querendo mais. A química entre os protagonistas é inegável, com Steve Martin trazendo seu humor característico, Martin Short proporcionando um alívio cômico irresistível e Selena Gomez demonstrando seu talento como uma personagem misteriosa e enigmática.

A trama se desenrola de maneira intrigante, com cada episódio revelando novas pistas e desenvolvendo os personagens de maneiras surpreendentes. A série é habilmente escrita, com diálogos afiados que combinam humor inteligente e observações perspicazes sobre a cultura dos podcasts de crimes verdadeiros. Além disso, o roteiro consegue equilibrar perfeitamente os momentos de comédia e drama, mantendo um ritmo ágil e evitando que a trama se torne previsível.

Uma das grandes qualidades de Murders in the Building é sua capacidade de subverter as expectativas. A série brinca com os clichês do gênero de mistério e oferece reviravoltas genuinamente surpreendentes. Ao mesmo tempo, também mergulha nas motivações e complexidades emocionais dos personagens, explorando temas como solidão, fama e redenção.

A série vai para além de uma simples história de assassinato e investigação, ela é uma reflexão sutil sobre a conexão humana e discorre a necessidade universal de encontrar significado e propósito em nossas vidas e como podemos criar laços inesperados quando compartilhamos interesses comuns.

Além disso, a série também aborda questões contemporâneas, como a influência das redes sociais e a sedução da fama, mostrando como esses elementos podem moldar a maneira como as pessoas se comportam e interagem. Murders in the Building é um deleite para os fãs de comédia e mistério, mas também para aqueles que apreciam uma narrativa bem construída e personagens cativantes. Com seu elenco talentoso, roteiro afiado e uma abordagem única do gênero, a série se destaca como uma das melhores produções recentes.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Pearl

 

Pearl


Marcos Vinicius Munay dos Santos


O que acontece quando colocamos no fogo uma panela de pressão que está com a válvula entupida? Se você pensou: "Ela explode", acertou. E com isso, acabamos de conhecer um pouquinho mais sobre a estrela desse filme, Pearl, uma garota aparentemente dócil, mas que leva nas costas o papel de protagonista e assassina de um filme de terror slasher.

Pearl é um longa dirigido e roteirizado por Ti West, lançado no ano de 2022. Conta a história de Pearl, uma garota que mora em uma fazenda afastada da cidade. Vive seus dias cuidando da propriedade com sua mãe, uma mulher bastante exigente, e ajudando seu pai, um homem bem debilitado por sua doença. No entanto, Pearl tem o sonho de ser notada e virar uma estrela de cinema para enfim dar adeus a essa vida.

Apesar de ser um prelúdio de X - A Marca da Morte (2022), o filme não se contenta em mostrar uma simples origem para a personagem com clichês baratos e motivações rasas ou até irrelevantes. Desde o início somos apresentados a uma personagem que não esconde sua personalidade ou motivações, mas acompanhamos gradativamente sua transformação, já esperada. Ganhando pontos com uma narrativa que mostra não apenas um excelente filme de terror, mas também um bom drama com um ótimo desenvolvimento na trama e um suspense conflitante, criando uma atmosfera de incertezas. Mostrando, de forma criativa e bem trabalhada, a possibilidade de surpreender o espectador, mesmo ele sabendo qual será o final da história.

Posso citar também a gentil preocupação do diretor em apresentar referências que correlacionam as duas histórias (Pearl e X), animando seus entusiastas. O minimalismo em cenas aparentemente ingênuas, mas carregadas de uma carga expressiva. A engenhosidade em utilizar clichês de forma criativa, trazendo uma nova roupagem. Poderia falar muito mais, no entanto, é impossível destacar esses pontos sem citar a engrenagem que faz todas essas peças funcionarem, pois as luzes estão voltadas para Pearl e a incrível atuação de Mia Goth.

A dedicação da atriz vai além da atuação, participando também da roteirização do filme junto a Ti West. Não é tão comum filmes de terror terem como seu protagonista o próprio vilão, mas no longa somos postos na visão de Pearl o tempo inteiro, e Mia Goth acaba com a incumbência de nos apresentar essa visão, mostrando sua personagem "vencendo" seus desafios e caminhando rumo ao seu ápice. Conseguimos entender suas motivações e suas frustrações, mesmo não concordando com suas atitudes. Seu monólogo nas cenas finais mostra como ainda existe mais para conhecer sobre ela, uma garota infantilizada, mas nada ingênua, com um temperamento instável e uma necessidade narcisista, tudo isso em poucos minutos de tela, é graças a essa atuação impecável que vemos uma construção contínua de camadas, enriquecendo o enredo.

Em resumo, o longa expõe as fragilidades da personagem com sua interação familiar, Pearl e sua mãe Ruth (Tandi Wright), mostrando o quão nocivo pode ser, para a mente humana, a permanência diária em um ambiente opressivo, controlador e tóxico, tendo em vista que o filme aborda bastante questões como saúde mental. Entretanto, a narrativa não passa pano para a personagem, pois quando algo ou alguém se põe contra seus desejos, Pearl não procura arrodeios para tirá-lo do caminho. Uma continuação que funciona muito bem sozinha, tendo sua própria característica e identidade, Pearl é o mais novo queridinho para quem adora filmes de terror.


Céu no Inferno

 

HELL’S PARADISE


 LEONARDO NOBRE DE SOUZA


Hell’s Paradise é um anime produzido pelo estúdio japonês Mappa, que, em minha opinião, está entregando os melhores animes com resultados jamais antes vistos, tanto em direção, fotografia, animação e entre muitos outros. Eles são responsáveis pela melhoria dos animes em um contexto geral nos últimos tempos, até mesmo forçando outros estúdios a melhorarem, para não caírem no esquecimento. De autoria de Yuji Kaku, Hell’s Paradise é um mangá que foi publicado no Japão entre 2018 e 2021 no site Shonen Jump, da editora Shueisha, tendo seus capítulos compilados em um total de 13 volumes. A adaptação para as telas foi feita pelo estúdio Mappa, no início de 2023. O anime conta a história sobre um assassino extremamente forte (a ponto de ser considerado um imortal) Gabimaru, que foi sentenciado a morte pelo homem mais poderoso do Japão, O Shogun. Então, ele é enviado para uma missão suicida em uma ilha magica e desconhecida com a missão de encontrar o elixir da vida.

Com este pensamento, fui assistir o novo lançamento do estúdio, Hell’s Paradise, com, honestamente, minhas maiores expectativas, tendo em vista que o último anime publicado por eles foi Chainsaw Man, o melhor anime de todos em minha opinião. No começo, minhas expectativas foram mais que alcançadas, pelo fato da animação ser fluida e bonita, com uma história clichê de protagonista extremamente forte, mas que particularmente gosto muito, com personagens cativantes e um ambiente com estética diferenciada do restante dos animes, então estava bem satisfeito com o que tinha visto. Mas, pela primeira vez em tempos, este anime me causou estranhamento com o decaimento da qualidade e da história em si. 

Os primeiros episódios foram os melhores disparados, mas sinto que o orçamento acabou nos 4 primeiros episódios, e precisaram se virar nos 30 para acabar a temporada. Com várias imagens estáticas, com traços feios que transmitem uma ideia de falta de revisão entre os desenhistas e por cima de tudo, falta de clímax nos momentos de ação, algo que não esperava desse estúdio. Como ainda não houve o desfecho da temporada, sigo assistido, com esperança que guardaram algum dinheiro para fazer um final decente e condizente com o começo do anime.

sábado, 24 de junho de 2023

Ataque dos Titãs


 KAREN DE OLIVEIRA LIRA


A primeira parte do final de Ataque dos Titãs oferece uma experiência cinematográfica aos fãs de um dos animes mais populares dos últimos anos. O especial de uma hora mostra o desenrolar do estrondo, o evento catastrófico iniciado por Eren Jaeger, o herói que se tornou vilão.

Quando assistimos o primeiro episódio de Ataque dos Titãs, já prevemos que será uma história que segue a fórmula típica do gênero pós-apocalíptico; um bando de personagens lutando contra monstros irracionais, os titãs, até que todos sejam eliminados. Mas alguns episódios depois vem a primeira reviravolta: o protagonista, Eren, possui a habilidade de se transformar, mudando entre titã e humano. Esse é o primeiro de muitos plot twists que são uma marca registrada do anime, desde a primeira até a quarta e última temporada.

E o especial mostra o quanto esses twists mudaram a narrativa de lá até aqui. O início do episódio alterna frequentemente entre os acontecimentos do presente e cenas do passado, ressaltando as diferenças entre o começo e o fim do anime. No centro das mudanças está Eren; antes uma criança que viu sua mãe ser devorada por uma titã e agora uma criatura monstruosa com mais de 200 metros de altura. Eren, que naquele dia prometeu matar todos os titãs e vingar a raça humana, agora marcha no centro de um exército de milhares de titãs colossais que esmagam países inteiros.

O episódio faz questão de mostrar a magnitude das ações de Eren, desde ângulos e enquadramentos que mostram o tamanho dos titãs colossais comparado aos humanos até as cores sombrias constantes até mesmo em cenas que acontecem durante o dia. Um tom avermelhado também é presente em vários momentos, um lembrete ao espectador sobre o sangue que está sendo derramado. É em detalhes assim que a animação do estúdio Mappa brilha, reproduzindo cenas que não seriam possíveis em live action.

O especial é um prato cheio para os fãs de Ataque dos Titãs, trazendo tudo que eles esperam do anime: ação, emoção, a escrita incrível de Hajime Isayama e uma animação impecável.

Entre Facas e Segredos

 

 Igor Melo


“Entre Facas e Segredos” é um filme norte-americano de 2019, dirigido por Rian Johnson. No filme, o famoso escritor Harlan Thrombey é encontrado morto em sua casa e as evidências apontam para um suicídio, mas o detetive Benoit Blanc é contratado para resolver o caso, que se revela ser mais complexo do que parece.

Logo de início, é possível ver que o filme se inspira bastante nos livros de Agatha Christie: temos uma grande lista de suspeitos, um cenário glamouroso, um detetive de extrema competência investigando o caso e várias reviravoltas; elementos bem comuns nos livros de Christie, como “Morte no Nilo”, por exemplo. Temos essa premissa que homenageia, com sucesso, a Dama do Crime, mas o filme logo se descola de sua inspiração e parte para uma narrativa diferente, quando, ainda no início do longa, revela como aconteceu a morte de Harlam Thrombey, saindo das tradicionais investigações policiais de um detetive, e indo para o ponto de vista da humilde Marta, cuidadora do falecido, muito bem interpretada por Ana de Armas.

O filme se deleita sobre o gênero do suspense, enquanto o desconstrói e o ironiza. Cria uma atmosfera dramática e sinistra, quando faz o principal cenário ser uma mansão vitoriana que poderia ser uma casa assombrada e com um céu sempre nublado, mas ao mesmo tempo sempre mantêm o clima bem-humorado, com personagens propositalmente caricatos, as piadas que aparecem de vez em quando e a personagem de Ana de Armas que sempre vomita após mentir, gerando momentos bem engraçados.

Além disso, com a obra não se resumindo apenas ao mistério, também há uma outra trama que é sobre quem vai ficar com a herança do riquíssimo Harlam Thrombey e o filme nos convida a refletir e questionar o conceito de hereditariedade: Por que a herança precisa ser passada necessariamente para a família? Por que algumas pessoas conseguem tantos privilégios apenas nascendo num país rico ou numa família abastada? O tema da imigração também é discutido, de maneira rápida e sem se aprofundar muito.

Por fim, “Entre Facas e Segredos” é um filme que honra o suspense de Agatha Christie, mas que também age por conta própria, criando seu próprio estilo de narrativa, colocando humor e trazendo suas reflexões sociais. É um filme que, merecidamente, foi indicado à categoria de “Melhor Roteiro Original” no Oscar 2020, que conseguiu se destacar para a criar uma nova de série de filmes (“Glass Onion” foi lançado em 2022 e um terceiro filme já foi confirmado), e que certamente é um dos filmes de suspense mais memoráveis dos últimos anos.

Love, Death & Robots

 



 A obra de arte em forma de filme


ADRIANO FERREIRA SOARES FILHO


Já imaginou como seria um mundo fantasioso com seres místicos e afim? Ou até quem sabe um mundo totalmente tecnológico e avançado. Com uma criatividade inimaginável, tecnologia de ponta e um pouco de humor ácido. Love, Death & Robots é uma boa pedida para aqueles que buscam esse tipo de história.

Love, Death & Robots é uma obra da Netflix, criada pelo estúdio Blur Studios, fundada por Tim Miller e Philip Gelatt. Cada temporada conta com um conjunto de histórias que não são conectadas entre si, tirando um episódio ou outro, e cada episódio conta com uma construção de mundo única e um estilo de animação que faz os estúdios famosos passarem vergonha da quantidade de detalhes e carinho posto em cada frame de animação.

Como cada temporada e episódio não possuem um único tema, será analisado apenas o contexto da primeira temporada para demonstrar a linha artística e os extremos de temas tratados em cada episódio. Serão analisados, de forma breve, já que cada episódio merece uma resenha única, os episódios “Os Três Robôs” e “Para Além Da Fenda De Áquila”.

Os Três Robôs” conta a história de três robôs explorando o planeta terra após a extinção da raça humana, contando com um humor bem ácido e piadas envolvendo as “redundâncias” da vida humana a criticando. Contando com uma animação 3D detalhada, com incríveis visuais representando a terra após a guerra, e os personagens principais tão carismáticos e muitas vezes inocentes sobre as questões e tradições humanas, fazendo tanto sucesso que o episódio ganhou uma sequência na Terceira temporada da obra.

Para Além Da Fenda De Áquila” conta a história de uma tripulação que após acordar de uma viagem entre o hiper espaço, se encontram em um lugar familiar mas também estranho causando dúvidas sobre o que é real e o que é fantasia pois tudo parece “perfeito demais”. Utilizando uma técnica 3D que capta cada detalhe de expressão facial e os mínimos detalhes das imperfeições de pele, o episódio é um show de detalhes tanto nas animações dos personagens quanto de cenários e uma história de arrepiar os cabelos.

Love, Death & Robots é uma obra indicada para amantes de animação e storytelling, fazendo o impossível ao definir contexto histórico, leis de mundo e apresentação de personagens em episódios que duram no máximo 20 minutos ou até menos, com cada história possuindo um carinho especial. Qual será a próxima pequena grande aventura que nos irá fazer amar, ver a morte e os robôs?

Central do Brasil

 

Uma aula da realidade social do Brasil


ANDRE LUIS SAMORA DE SOUSA JUNIOR


O filme brasileiro Central do Brasil foi produzido no ano de 1998 e é considerado um grande clássico do cinema nacional. Dirigido por Walter Salles, a obra possui 110 minutos de duração e é definida como drama. 

A história acompanha a trajetória de Dora (Fernanda Montenegro), uma ex-professora que lê e escreve para pessoas não alfabetizadas na estação de trem Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Um desses clientes é Josué (Vinícius de Oliveira) e sua mãe. Porém, minutos depois, a mãe do Josué é atropelada por um ônibus e morre no local. A criança fica abandonada na estação. Porém, Dora, apesar de não querer mostrar sentimentos, ela tenta ajudar o menino na missão de encontrar o pai do Josué, que mora na cidade fictícia de Bom Jesus do Norte, em Pernambuco. Com temáticas como o tráfico de crianças e a violência policial no Rio de Janeiro, também é mostrada a cultura e a religiosidade nordestina. É uma verdadeira aula da realidade social do Brasil.

No início da trama é exibido a vida de pessoas simples. Até porque o enredo começa na estação de trem mais movimentada da cidade do Rio de Janeiro. É interessante notar as cenas com a ambientação caseira, porque faz o telespectador se sentir próximo da história por mostrar a vida dos trabalhadores nos seus trajetos diários com o transporte público lotado. Além disso, as histórias contadas pelas pessoas para que a personagem Dora transformasse em cartas é um grande exemplo dos cidadãos que deixaram seus estados para viver uma nova vida no Rio de Janeiro, principalmente do Nordeste, mas não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever. 

Outro assunto tratado é a forma que os “seguranças” da estação tratam os comerciantes, cobrando propina, e os criminosos, que são mortos mesmo rendidos. Em outro momento, o filme apresenta o risco do tráfico de crianças, com Dora ganhando dinheiro para que Josué tenha uma família rica, o que não faz sentido e ela percebeu depois. Ou seja, apresentam o problema do analfabetismo, falta de oportunidades e desigualdade no Brasil.

A viagem feita do Rio de Janeiro até Bom Jesus do Norte, expõe o interior do país, com seus diferentes cenários e culturas. É possível conhecer duas realidades opostas, o sertão e o urbano. A personagem de Fernanda Montenegro foge da mulher com gestos delicados. Dora desconstruiu o estereótipo de toda figura feminina ter o instinto materno. A protagonista é independente e não possui marido e nem família. Demorou para que Josué fosse acolhido na casa dela. Durante o filme, mostra o crescimento da amizade e companheirismo entre os dois.

Outro assunto predominante no filme é a religião, sem a ajuda do poder público, o povo ver a fé, a devoção e crença em uma entidade como a grande esperança de dias melhores. As cenas mais marcantes do filme são justamente essas. É a realidade do Brasil, com a mistura da miséria social e a devoção com sua religião.

A Central do Brasil conquistou várias premiações. Por exemplo: o Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e o Festival de Berlim como melhor filme e melhor atriz para Fernanda Montenegro. Além disso, a obra recebeu duas indicações ao Oscar, como melhor filme estrangeiro e melhor atriz para Fernanda Montenegro. Até hoje ela é a única atriz brasileira a ser indicada ao Oscar.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

multiverso

 TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO


Monalisa Peixoto Soares


O filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” desafia a perspectiva do telespectador em cada minuto das quase duas horas e meia de tela. Classificado como drama, comédia e ficção científica, sua narrativa traz a história de uma imigrante chinesa que está enfrentando problemas com a receita dos Estados Unidos ao passo que vivencia conflitos distintos com sua filha e seu marido. O filme explora a questão do multiverso, onde Evelyn (Michelle Yeoh) é convocada para salvar as realidades paralelas de uma possível destruição.

Semelhante a “Inception” (2010), também há uma equipe que trabalha em uma van monitorando o fluxo de viagens nas linhas temporais. Cada realidade possui características e habilidades específicas que podem ser acessadas por meio de ações imprevisíveis e aleatórias, como grampear a própria testa. A experiência com os “superpoderes” de cada linha temporal lembra o filme “Lucy” (2014) e “Sem Limites” (2011), com efeitos visuais imersivos e dinâmicos, criando uma experiência imersiva. Seus figurinos e maquiagens extravagantes trazem uma estética futurista e algumas cenas tem referências visuais de “Aves de Rapina” (2020), quando confetes coloridos e elementos lúdicos são inseridos no lugar do sangue.

Os diálogos trazem temas sensíveis, como as diferenças intergeracionais, a aceitação da homossexualidade, a construção da identidade e a crise nas relações humanas. O filme peca em certos momentos ao romantizar a questão do suicídio, mas no geral, articula discussões relevantes de forma muito sutil. Para os amantes do cinema como uma forma de provocação (e não apenas entretenimento), o vencedor do Oscar 2023 de melhor filme é um buffet completo.

São Bernardo

Um clássico sobre um clássico
 

 TIAGO HENRIQUE SALES


São Bernardo é um filme brasileiro dirigido por Leon Hirszman e baseado na obra literária homônima de Graciliano Ramos. Lançado em 1972, o filme é uma adaptação fiel e contundente do romance, trazendo para as telas a história de Paulo Honório, interpretado de forma brilhante por Othon Bastos.

A trama se desenrola através da sua própria narração, desde os primeiros passos de sua escalada agressiva como visionário empreendedor, bem próximo de um regime feudal, até se tornar o marido frustrado da jovem professora, Madalena (Isabel

Ribeiro), que, através das suas ideais progressistas, se choca com a forma exploradora que Honório trata os seus empregados, além disso, pelo que me pareceu, o fazendeiro se casa com um objetivo e necessidade de produzir um herdeiro.

O filme retrata de maneira bastante realista a realidade social e econômica do Brasil no período em que se passa. Através do protagonista, São Bernardo aborda questões como a concentração de terras, as relações de poder e a exploração do trabalho.

Othon Bastos entrega uma atuação intensa, capturando perfeitamente a essência do personagem de Graciliano Ramos. Sua interpretação é marcada pela força e pela brutalidade de Paulo Honório, mas também consegue transmitir momentos de vulnerabilidade e angústia. A obra também aborda a relação entre poder e submissão, mostrando como a busca desenfreada por controle pode corroer o caráter e os valores de uma pessoa.

A direção de Leon Hirszman é habilidosa ao transpor a narrativa literária para a linguagem cinematográfica. O uso de flashbacks e a montagem precisa contribuem para a construção da história e o desenvolvimento dos personagens. A fotografia, com sua paleta de cores áridas e a atmosfera áspera, complementa a ambientação áspera e opressiva da trama.

No entanto, vale ressaltar que o filme pode não agradar a todos os públicos. Sua narrativa lenta e contemplativa, aliada à atmosfera densa e melancólica, pode afastar aqueles que buscam uma experiência mais dinâmica ou escapista. Além disso, alguns aspectos técnicos, como a qualidade do som e a direção de arte, podem parecer datados para os espectadores acostumados às produções mais recentes.

Em resumo, São Bernardo é uma obra que equilibra a literatura e o audiovisual, além de ser um filme denso e complexo, que pode não agradar a todos os espectadores, mas que certamente deixa uma marca duradoura em quem o assiste. A atuação brilhante de Othon Bastos e a direção segura de Hirszman fazem deste um clássico do cinema brasileiro, capaz de provocar reflexões profundas sobre a natureza humana e sobre a sociedade em que vivemos.

Secretaria

 

Elogio da submissão?

Giulia Caroline de Campos


Secretária” (Secretary, de Steven Shainberg, 2002), é um longa provocante que merece seu reconhecimento significativo pela sua execução técnica, escolha de cores e narrativa intrigante. O longa aborda a história da personagem Lee Holloway, vivida majestosamente pela atriz Maggie Gyllenhaal, em uma atuação impecável que foge completamente dos romances tradicionais. O diretor abusa de elementos visuais e estilísticos para aprimorar a experiência cinematográfica.

Apesar do longa se tratar de uma história de amor sadomasoquista, tema bastante controverso na nossa sociedade. A direção de Shainberg consegue conciliar o sutil com a profundidade da obra, transmitindo a atmosfera peculiar e intrigante do filme, e como a personalidade dos protagonistas vai se transmutando ao decorrer do a obra.

A escolha de planos próximos e enquadramentos minuciosos nos proporciona uma sensação de intimidade, que nos permite capturar a expressão e a linguagem corporal dos personagens detalhadamente. Essa abordagem viabiliza a conexão emocional do público com a história e aprofunda o entendimento dos personagens.

Ao falar de “Secretária”, não podemos deixar de pensar sobre a escolha certeira das cores, que nos induz ao universo melancólico e sadomasoquista que a personagem está inserida. No longa, notamos a escolha de paletas predominantemente frias e melancólicas, com tons de cinza, azul e vermelho. Cores essas que ressaltam o ambiente opressivo em que Lee vive e refletem sua busca por libertação e autodescoberta.

A cinematografia é indispensável para a construção da atmosfera do filme. As composições visuais são bastante evocativas, transmitindo os sentimentos de soturnidade somada a tensão e desejo de Lee. Os ângulos meticulosamente escolhidos, acentuam a dinâmica de poder entre os personagens e ressaltam as emoções presentes em cada cena.

Perfume

 

"A História de um Assassino"


André Gustavo A. Martins de Souza.


É provável que, andando casualmente na rua, você já tenha sentido o perfume de um antigo amor, ou algo do gênero, e desejado que o cheiro não passasse mais. (ou talvez eu tenha algum desarranjo na cabeça). Em "Perfume - A História de um Assassino" começamos nos identificando com o personagem através desse gatilho. Todavia, o filme pende para um lado bem mais tenebroso.

Jean-Baptiste Grenouille, é um jovem com um olfato extraordinário, capaz de sentir e identificar literalmente todos os odores do mundo, e busca capturar e preservar os aromas perfeitos para criar a fragrância definitiva. Todavia, o subtítulo estraga a surpresa: ele é um assassino.

"Perfume" é inusitado, no estilo cinematográfico, desafia o senso comum e mergulha profundamente nas sombras mais escuras da psique humana. Dirigido por Tom Tykwer, esta obra cinematográfica é uma verdadeira provocação aos limites do que consideramos aceitável.

O filme trabalha a noção de moralidade ao retratar um protagonista assassino e sua obsessão insana. Todavia, o tom do filme é quase alegórico, pois durante quase todo o filme não sentimos realidade naquela trama, quase como se assistirmos um conto de fadas. Digo que existe um exagero, no bom sentido da palavra, para criar um visual cheio de textura que tenta traduzir o cheiro em imagens, junto com uma narração voz-over que completa esse tom. No mais, os demais personagens da trama não ficam para trás do assassino, todos os personagens botam a moralidade em cheque durante o filme em favor de suas ambições.

O diretor utiliza uma abordagem visual arrojada para retratar a jornada de Grenouille. As cenas são repletas de imagens perturbadoras e provocativas, capturando a decadência da sociedade da época e a mente distorcida do protagonista. A cinematografia explora ângulos incomuns, jogos de luz e sombra, e uma paleta de cores sombrias, acentuando o clima de morbidez. Essa estética visual impactante reforça a quebra de expectativas e a subversão do senso comum.

A direção de arte brilha no filme, assim como os outros departamentos, porém o roteiro do filme perde força do meio para o final e fica previsível. Apenas os minutos finais que salvam o filme e surpreendem o espectador.

No geral o filme é bem interessante e o diretor se mostra caprichoso da arte até a montagem. Porém, o filme não envelheceu da melhor forma. Na comparação com os filmes da época e o grande número de filmes lançados atualmente, "Perfume - A História de um Assassino" não passa de um filme legal, e nada mais que isso.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Através do Aranhaverso

 


Homem Aranha através do Aranhaverso

FRANKLIM MATEUS MENDONÇA BARBOSA

Excelente. Encantador. Deslumbrante. Comovente. Frenético. Acima de tudo: uma obra de amor aos fãs. Essas são algumas das formas que posso definir o que é a experiência de assistir esse segundo capítulo do que parece se consolidar como a melhor trilogia de filmes de herói já feita. Homem Aranha: Através do Aranhaverso é um exemplar de filme baseado em HQ, ou melhor, é o filme que melhor trabalhou os elementos das HQs no cinema, isso é indiscutível. Nenhum filme, nem mesmo seu antecessor, uniu tão bem as linguagens do cinema e dos quadrinhos. Para fãs de longa data é um deleite. Para o grande público, um espetáculo sem igual. É, sem sombra de dúvidas, a melhor animação de 2023.

Através do Aranhaverso se inicia cerca de um ano após o seu antecessor e divide seu foco principalmente entre dois cabeças de teia: Miles Morales e Gwen Stacy (Aranha Fantasma). Enquanto Miles tenta equilibrar sua vida de Homem Aranha com as suas obrigações familiares e escolares, Gwen se torna integrante de uma super equipe de Aranhas que tem como objetivo proteger os milhares de universos. Quando uma de suas missões a leva até o universo de Miles, o encontro dos dois desencadeia uma serie de problemas de níveis multiversais, os levando aos confins do Aranhaverso, e ao limiar do que significa ser um Homem Aranha.

Um dos maiores triunfos do filme são seu roteiro e sua progressão narrativa. Uma vez que tinha em suas mãos uma das maiores minas de fanservice já vistas na história (mais de 200 homens aranhas confirmados no filme), Através do Aranhaverso podia muito bem se sustentar nisso e entregar uma história qualquer coisa, alicerçada apenas nas múltiplas pessoas aranhas do filme. Mas para felicidade geral da nação, quase que a primeira metade inteira do filme é focada apenas na dupla de protagonistas e nos seus dramas pessoais. Tanto as questões psicológicas quanto os perigos físicos que os circundam são muito bem apresentados e imergem o público de forma magistral. Não existe aqui pressa para entupir a tela de cabeças de teia. Tudo ocorre no seu tempo em prol de um bom desenvolvimento para os protagonistas. Uma vez que estão suficientemente desenvolvidos, aí sim que somos jogados na viagem “atráves do aranhaverso”. Viagem essa que seria impossível de ser feita de forma tão magistral se não fosse em um filme animado.

Contando com a presença de variadas técnicas de animação, que vão de texturas de aquarela à stop-motion usando peças de lego, temos aqui o maior espetáculo cinematográfico do ano. Digo isso com tranquilidade por saber que o esmero e empenho da equipe artística aqui foi fora do comum. Eu nunca me senti tanto dentro de um filme quanto com esse. Muito disso se dá pela excelente condução que o filme tem - executada de forma brilhante pela direção tripla de Joaquim Dos SantosKemp PowersJustin Thompson – de forma que mesmo em meio ao caos (controlado) dos muitos estilos artísticos vistos em tela, conseguimos nos manter focados na trama e discernindo o que ocorre em tela; mas mais ainda se dá pelas dúzias de artistas que deram vida a esse universo tão amplo. Cada variação nos cabeças de teia é fundamental para que imerjamos tanto no físico quanto no psicológico dos personagens. Seus diferentes traçados não apenas os diferenciam, mas nos ensinam mais inclusive sobre o mundo em que vivem. Fazem com que cada aranha seja única. E isso é apenas a superfície, uma vez que a animação dos cenários está tão caprichada quanto a dos personagens, contando com mudanças bruscas de técnicas de animação para os diferenciar bem e os fazer igualmente únicos e memoráveis ao fim da sessão (adoraria visitar a Índia descolada e morreria de medo de pisar em 2099).

Infelizmente nem tudo são flores na vida e até uma obra fantástica como essa tem alguns deslizes. Apesar de não ter sentido dificuldades para acompanhar o fluxo narrativo, não posso dizer o mesmo para as sequências de luta, que talvez por contar com a presença de muitos estilos de animação que influenciavam a taxa de quadros do filme (famosos FPS), não conseguiu ser tão fluida e coesa quanto no primeiro filme, o que não faz dos combates do filme ruins, apenas um tanto quando difíceis de acompanhar em sua totalidade. Outro ponto do filme é o seu final “aberto”. Miles e Gwen evoluem e resolvem suas questões internas muito bem ao longo do filme, o que deixa nítido que as questões globais do filme realmente ficariam para um próximo longa e aqui teríamos um fim de jornada interna dos protagonistas, no entanto, jogar na tela um gélido “continua” antes dos créditos subirem me soou um tanto quanto covarde por parte da produção. Talvez seja algo que apenas me abalou por estar demasiado imerso, mas me recuso a acreditar que a equipe que desenvolveu tão bem toda a narrativa do filme não conseguiu pensar em um final mais redondo para ele. É doloroso, mas fazer o que.

No fim das contas, esses dois pontos negativos não tiram nem 0,1% do brilho estonteante de Através do Aranhaverso, filme que ficará lembrada por muito tempo, não só nas mentes dos fãs de carteirinha, como também nas dos críticos mais ávidos. Uma animação histórica. Um espetáculo sem igual. Um clássico imediato. Faça o que for, mas veja esse filme no cinema!

sábado, 17 de junho de 2023

titanic

Uma Jornada Épica de Amor e Tragédia


Sara Helen Santos Porpino


Quando o assunto é cinema épico e romântico, poucos filmes conseguem capturar a imaginação do público e se tornar verdadeiros clássicos como "Titanic", dirigido por James Cameron. Lançado em 1997, o filme mergulha nas profundezas do oceano Atlântico para contar uma história de amor arrebatadora e comovente que transcende o tempo.

A trama de "Titanic" é ambientada em 1912, a bordo do RMS Titanic, um majestoso navio de passageiros que, infelizmente, ficou marcado como o cenário de uma das maiores tragédias marítimas da história. No entanto, o filme não se limita apenas à reconstituição meticulosa do desastre; ele nos leva por uma jornada emocional ao acompanhar o romance proibido entre Rose DeWitt Bukater (interpretada por Kate Winslet), uma jovem aristocrata, e Jack Dawson (interpretado por Leonardo DiCaprio), um artista de espírito livre.

Um dos aspectos mais notáveis de "Titanic" é a habilidade de James Cameron em equilibrar a grandiosidade dos eventos históricos com a intimidade dos relacionamentos humanos. A bordo do navio, somos apresentados a personagens cativantes e complexos, cujas histórias entrelaçadas nos envolvem desde o primeiro momento. Kate Winslet e Leonardo DiCaprio entregam performances apaixonadas e convincentes, capturando a essência de seus personagens e nos fazendo torcer por seu amor improvável.

Além do romance central, "Titanic" também aborda questões sociais e de classe, retratando de forma crua a divisão entre os passageiros privilegiados da primeira classe e aqueles que lutam para sobreviver nas profundezas do navio. Essa crítica social sutil é habilmente tecida na trama, acrescentando camadas de complexidade à narrativa e fornecendo uma reflexão sobre as desigualdades presentes em nossa própria sociedade.

Visualmente, "Titanic" é uma obra-prima cinematográfica. Os efeitos especiais são espetaculares e inovadores, especialmente nas sequências que retratam o naufrágio do navio.

A escala imponente do RMS Titanic é retratada com um nível de detalhe impressionante, imergindo o público na grandiosidade e beleza do transatlântico. A cinematografia de Russell Carpenter é deslumbrante, capturando os contrastes entre a opulência dos salões da primeira classe e a crueza dos compartimentos inferiores.

A trilha sonora de James Horner é uma parte integral da experiência cinematográfica de "Titanic". A emocionante melodia de "My Heart Will Go On", interpretada por Celine Dion, tornou-se um hino icônico do filme e reforça a intensidade emocional das cenas mais tocantes.

No entanto, mesmo com todos esses elogios, é importante mencionar que "Titanic" não é perfeito. Com uma duração de três horas e quinze minutos, algumas cenas poderiam ter sido encurtadas para evitar um ritmo arrastado em determinados momentos. A narrativa, embora envolvente, apresenta alguns clichês e diálogos melodramáticos que podem parecer exagerados para alguns espectadores.

Apesar dessas pequenas falhas, "Titanic" é uma experiência cinematográfica inesquecível. James Cameron nos transporta para uma época passada, imortalizando uma história de amor épica que resistiu ao teste do tempo. O filme nos lembra da fragilidade da vida e da importância de valorizar cada momento.

Em resumo, "Titanic" é uma obra-prima do cinema que combina habilmente uma narrativa emocionalmente cativante com um espetáculo visual deslumbrante. É uma jornada épica de amor e tragédia que nos leva a rir, chorar e refletir sobre a natureza humana. Mesmo após décadas de seu lançamento, "Titanic" continua a emocionar e deixar uma marca duradoura no mundo do cinema.