Sob direção e roteiro de Carito Cavalcanti, o curta-metragem natalense “Operação plástica com Flávio Freitas”, mostra o artista que leva o nome do título em seu ofício diário: ser um pintor e desenhista. O guitarrista Edu Gomez é o responsável pela trilha sonora, que opino como interessante. Flávio também a compõe, no trompete. Um detalhe bacana da história por trás da produção do curta deve-se ao fato de que o próprio Flávio convidou Carito para filmar. Segundo matéria publicada no site do jornal Tribuna do Norte, as palavras dele foram: "um documentário pode funcionar muito bem com um recorte", e a partir daí, ideias começaram a ser anotadas no papel. O "timing" da filmagem + créditos são de exatos 10:51, tempo excelente que conseguiu passar bem o que eles pretendiam: mostrar um dia de trabalho de Flávio em seu ateliê no bairro da Ribeira, em Natal/RN. A primeira imagem do curta é do fusca dirigido por Flávio, que possui um adesivo de lagarto ou algum animal parecido. O começo acabou desenrolando de forma bastante ligeira, por meio de diversos cortes rápidos. Geralmente não aprecio tantos. Contando dos primeiros momentos, nos quais aparece o carro, até a cena dos 0:11 segundos, na qual o veículo já anda pelas ruas, são totais 13 cortes. São rápidos, práticos. Essa parte não me agradou tanto. Sou do tipo de pessoa que considera cortes necessários em apenas alguns casos "de vida ou morte". Aqui fala uma fã de plano sequência. As cenas seguintes ocorrem de maneira dinâmica. É preciso estar atento para não perder nenhum detalhe. Na verdade, até verifiquei se não havia colocado o vídeo em uma velocidade de reprodução mais acelerada. O sequencial é bastante interessante de se assistir, mostrando um passo a passo minucioso da rotina dele. É como se estivéssemos, pela maneira como a câmera está posicionada e pelos ângulos escolhidos, junto do artista potiguar durante o dia dele. O curta foi lançado em janeiro de 2012, e tomando como base parâmetros atuais, poderia ser considerado por muitos um simples "vlog" de 24h, devido à cultura do YouTube, coisa que ainda tomava os primeiros passos no ano que houve o lançamento. O curta do Praieira Filmes mostra de perto o processo de criação das obras de Flávio. Ele está à vontade e confortável durante o tempo filmado. Em alguns trechos, que predominam o bom e velho preto e branco, são escritas na tela frases ditas por ele, sendo uma delas: "Na minha vida de poucos anos, uma coisa que aprendi é que a disciplina é a mãe de todas as coisas boas. Eu não consigo ver a minha vida sem ser produtiva, realizadora, sem ter a coragem, um processo disciplinado". Todas as vezes em que Flávio fala, fica preto e branco, recurso bem pensado que deu um toque especial à obra. A proposta intimista se mostra presente 100% do tempo, todos os espectadores são "de casa". Uma das minhas partes preferidas é quando o artista pinta na tampa de um sanitário a frase "passagem secreta para o Rio Potengi", famoso ponto geográfico de Natal/RN. Considerei de uma criatividade e irreverência tamanhas. É conjuntamente cuidadosa a cena que ocorre em 5:06, em que o pintor olha a câmera através do espelho, enquanto trabalha em um desenho, gerando um recorte de grande sensibilidade. E por falar nela, sensibilidade não falta na mente de Flávio, que constroi um novo mundo particular cada vez que começa uma nova pintura. O curta também mostra detalhes sobre o ateliê. Não apenas a estrutura, mas consoante a isso, explica detalhes da fundação, como por exemplo, quando o artista tomou a iniciativa de montá-lo. "É a realização de um sonho", explica no filme. Perto do cabo da filmagem, a audiência vê cenas do fim da tarde, cortes belíssimos de bom gosto que mostram ruas da Ribeira e outras paisagens da encantadora capital norte-rio-grandense. Com toda certeza é um curta-metragem que merece destaque não somente pelos filhos do Rio Grande do Norte, mas também por todos aqueles que são pertencentes ao Brasil como um todo. É realmente um panorama interessante.
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