terça-feira, 19 de novembro de 2019

Jornalismo visto pelo cinema 3


REDE DE INTRIGAS

Allan ALMEIDA¹

Network (CHAYEFSKY, Paddy. EUA, 1976), nome original do filme “rede de intrigas”, foi produzido nos estados unidos e dirigido pelo cineasta americano Sidney Lumet. O filme traz uma crítica acerca do único objetivo do grande e importante canal televisivo UBS, o dinheiro. Ao analisar rede de intrigas feito em 1976 com o século atual, é perceptível que nada mudou. Os grandes canais televisivos apenas observam os números do ibope, isso é o que é de extrema importância para eles, seja qual for o conteúdo que esteja sendo exibido, tem que ter audiência.

No longa-metragem, Howard Beale – interpretado pelo ator Peter Finch – é o âncora de um jornal noticiário da rede UBS. Ele, sabendo que a audiência está cada vez pior e que não permanecera no ar por muito tempo, durante uma noite em um bar com seu amigo Max Schumacher (William Holden) relata sua frustração. Max, então, tentando amenizar o caso resolve dar uma ideia ao amigo, se suicidar durante a exibição do telejornal, e com isso alcançando uma audiência alta. No dia seguinte, Beale surta e fala ao vivo que cometeria o suicídio no ar, durante o programa exibido na terça-feira seguinte. Então, Max, dirigente da divisão de Jornalismo da rede, entra em pânico, com medo de ser o fim da sua carreira e de Beale.

Apesar de toda preocupação e desespero que a redação da UBS passou depois do anuncio feito por Howard Beale, foi notório a grande audiência que o jornal teve naquela noite. Por meio disso, a ambiciosa Diana Christensen (Faye Dunaway) passa a defender a permanência do jornalista na emissora. Ela, junto com o executivo Frank Hackett (Robert Duvall), demitiram Max Schumacher pelo fato do jornalista ainda ter algum escrúpulo. Beale, que permaneceu na UBS, é incentivado a falar o que pensa no ar, passando a imagem de uma pessoa revoltada para a sociedade, em seu novo programa.

Rede de Intrigas, é um exemplo de uma teoria do jornalismo conhecida como teoria do agendamento, ou agenda-setting. Essa teoria consiste na ideia em que a mídia escolhe o tema em que se tornará o diálogo da sociedade. A Doutora em Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade Paul Verlaine-Metz, na França, Kênia Maia junto com Luciane Agnez, mestranda do programa de pós-graduação em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte elaboraram um estudo referente a essa teoria.

O agenda-setting se insere na tradição funcionalista dos estudos norte-americanos em comunicação, que tem como ponto nodal a análise e detecção das funções e dos efeitos causados pelos meios de comunicação sobre a audiência. (MAIA; AGNEZ, P.2)

Na análise feita por Kênia e Luciene, encontra-se a referência à obra de McCOMBS e que determina bem o conceito e ideia dessa teoria.

O agendamento é bastante mais do que a clássica asserção de que as notícias nos dizem sobre o que é que devemos pensar. As notícias dizem-nos também como devemos pensar sobre o que pensamos. Tanto a seleção de objetos para atrair a atenção como a seleção de enquadramentos para pensar sobre esses objetos são tarefas poderosas do agendamento (McCOMBS; SHAW, 2000b, p. 131).
             
Portanto, é notório como tal teoria está intrínseca ao filme que, apesar de ter sido exibido em 1976, é totalmente atual. Aproveitar de um surto o qual gera um grande valor-noticia, para ganhar audiência, mostra o quanto a rede UBS não importa para a ética que exige a profissão do jornalista, associando o agenda-setting com a teoria do Newsmaking, onde a realidade é maquiada, fazendo com que a notícia sirva como construção social e não o reflexo do que é real.

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