quinta-feira, 3 de julho de 2025

Como Treinar o Seu Dragão (2025)


André Luís Araujo

O live-action “Como Treinar o Seu Dragão” (2025), dirigido por Dean DeBlois — também responsável pela elogiada trilogia animada —, inaugura uma nova etapa da franquia baseada nos livros de Cressida Cowell, agora sob o desafio de transpor para o realismo cinematográfico uma narrativa profundamente marcada pela fantasia visual e pela estética da animação.

A história mantém seu núcleo temático: a jornada de Soluço, um jovem viking que desafia as tradições bélicas de sua aldeia ao se aliar a Banguela, um temido Fúria da Noite. Mais do que um enredo sobre amizade, o filme evoca temas caros ao imaginário contemporâneo, como alteridade, empatia, superação de estigmas e resistência a discursos hegemônicos — aspectos que podem ser lidos como metáforas socioculturais, sobretudo quando se observa a relação do protagonista com o “diferente”.

A adaptação de 2025 se destaca por sua fidelidade emocional à obra original, mas com nuances atualizadas. A estética realista amplia a imersão e humaniza os personagens, contribuindo para o engajamento de novas gerações e para a ressignificação do universo dos dragões. Em termos narrativos, o filme mantém a estrutura clássica da jornada do herói, porém investe em simbologias visuais e na expansão do mundo ficcional, articulando tecnologia digital de ponta com um discurso sensível e inclusivo.

Do ponto de vista midiático, a obra é reflexo de uma tendência consolidada em Hollywood: a reelaboração de narrativas consagradas sob novas linguagens para fins de atualização cultural e expansão de mercado. A campanha de divulgação do filme foi marcada por forte presença digital, com trailers viralizados nas redes e ativações em plataformas de streaming, o que reforça o papel da indústria cinematográfica na construção de produtos transmídia e na renovação do capital simbólico de franquias consolidadas.

Por fim, “Como Treinar o Seu Dragão” (2025) se apresenta não apenas como um espetáculo visual, mas como um objeto cultural relevante, capaz de mobilizar valores afetivos, éticos e políticos junto a públicos diversos. Ao equilibrar nostalgia, inovação tecnológica e pertinência temática, o longa reafirma a potência narrativa do cinema juvenil e sua importância como campo de estudo no jornalismo cultural e nas análises da indústria do entretenimento.

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