Dyana Prynce
O filme francês “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d’Amélie Poulain, de 2001, teve seu roteiro escrito por Jean-Pierre Jeunet e Guillaume Laurant, e direção pelo próprio Jean-Pierre Jeunet. Com duração de 122 min. e conta com uma trilha sonora de Yann Tiersen, Amelie Poulain é dos filmes mais singelos e fortes ao mesmo tempo, Ele demonstra as relações humanas de uma forma desinibida e de como elas nos afetam como seres sociais. A fotografia das cenas é um dos pontos mais fortes do filme, o olhar para a simplicidade da vida , de forma lúdica, enxergando beleza nas rotinas do dia a dia.
Embora seja um clássico que nunca se enjoa, e tenha ganhado inúmeros prêmios, os recursos narrativos que ajudam na composição dos personagens, para a geração atual, parece um tanto estranho e cafona. Ao pararmos para assistir pela primeira vez nos causa um certo estranhismo, chegando a ser tediosa estas tais narrativas.
Filme estrelado por Audrey Tautou (Amélie Poulain), a história se passa em Paris, onde Amélie é garçonete no Café des Deux Moulins (Café dos Dois Moinhos), uma garota solitária que visita seu pai aos domingos. O início do filme conta sobre sua infância e sua relações com seus pais, uma com nervos à flor da pele, e um pai um tanto que distante, médico que cuidava de sua saúde uma vez ao ano, no qual o contato físico fazia o coração de Amelie disparar e seu pai achar que ela tinha uma doença. Sua mãe morre na porta de uma igreja, ao saírem uma jovem que estava se suicidando cai em cima dela, a vida de Amélie ficou ainda mais solitária o pai se fecha ainda mais. O abandono da infância faz com que Amelie tenha sérios problemas para se relacionar com outras pessoas, em até conhece algumas pessoas, mas nunca dá certo, no fundo ela anseia por ser amada. Ao descobrir um azulejo quebrado como uma espécie de cofre secreto onde um menino deixará uma caixinha com vários coisas de sua infância, em seu banheiro no dia da morte da Princesa Diana, Amelie decide então encontrar seu dono e a partir deste fato outras histórias vão sendo desenroladas. Amelie une um casal de seu trabalho, ajuda um cego a atravessar a rua, ajuda a seu pai a sair de um luto eterno e sair de casa para viver, faz justiça para o funcionário de uma banca de hortifruti onde o dono era abusivo, ajuda a um escritor a divulgar seu livro, escreve uma carta de amor para a vizinha como se os correios a tivesse se perdido na entrega anos atrás se passando por seu marido que a traiu, ela o amava mas carrega uma grande decepção por ele , e deixou de viver.
Amelie ajudou várias pessoas, mas precisava ser ajudada, ela sofria com tamanha solidão que sentia, ela sonhava com um grande amor em sua vida, na trama o senhor com ossos de vidro que também era seu vizinho é seu maior amigo e apoio neste momento, ele ajudava Amelie a expor o que sentia, uma vez que havia conhecido um rapaz chamado Nino Quincampoix (Mathieu Kassovitz), um jovem com uma história de vida parecida com a de Amélie, também solitário, que coleciona fotografias das cabines fotográficas estações de trem, que são jogadas nas lixeiras, ele trabalha em um sexy shop e as quartas em um trem fantasma, Amelie se identifica com ele, ela se apaixona profundamente por ele. A história mistura fantasia, com a vida real, onde personagens inanimados ganham vida e se comunicam com Amélie e com Nino evidenciando ainda mais as estratégias criadas pelas eternas crianças para driblar a solidão. Amelie decide correr atrás de seu amor e no final eles conseguem viver seus finais felizes um ao lado do outro, eles são daqueles casais que nunca se separam, são tão encaixados perfeitamente que um completa o outro.
O cenário, a fotografia, as cores, os contrastes, a trilha tornam de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, um dos filmes mais água com açúcar de tão perfeito que é. Amelie pode ser assistido todos os domingos com uma rotina em família, que ele jamais perde seu encanto e essência, cada assistida é uma nova visão, como ela mesma fala no filme “ prestar atenção aos detalhes que ninguém ver”. O vento que faz os corpos dançarem suavemente em cima da toalha da mesa, a quantidade de orgasmos daquele exato momento, a mão que se enfia entre a saca de grãos, o jogar de pedra no Canal de Saint-Martin, entre tantas simplicidades que deixamos passar por não olhar a vida de uma maneira mais lúdica, com um olhar inocente de uma criança.
O filme é isso, cativante, doce, e humano, mostra as vivências e sentimentos que todos nós temos dentro da gente, cada personagem tem uma parte nossa, que muitas vezes são escondidas, no filme eles são expostos, e colocados para reflexões, o filme é sobre a naturalidade do ser humano, olhado de uma forma encantadora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário