Jamilly Cristina Araújo da Silva Souza
O live action de Como Treinar o Seu Dragão (2025) emociona ao recontar, com fidelidade e beleza, a jornada de Soluço: um jovem viking que vive em uma vila onde todos são treinados para caçar dragões. Mas ele não se encaixa nesse destino. Frágil, sensível e curioso, Soluço teme não ser suficiente — especialmente para seu pai, o chefe da aldeia, um guerreiro orgulhoso e resistente a mudanças.
Ao encontrar Banguela, um dragão ferido, Soluço toma uma decisão que muda tudo: em vez de capturá-lo, estende a mão. É a partir dessa escolha que nasce uma amizade verdadeira e uma revolução silenciosa. Ele enfrenta o medo de decepcionar seu pai, enfrenta a tradição de sua vila, e se torna corajoso justamente por não agir como todos esperavam.
Tecnicamente, o filme impressiona: os atores remetem visualmente aos personagens da animação, as falas preservam a memória do desenho, e o CGI de Banguela é tão realista que emociona. É impossível não sentir que ele está vivo — cada gesto, olhar e expressão aproximam o espectador da fantasia.
A cena em que o Soluço é salvo por Banguela fecha o ciclo com força simbólica. O homem que desprezava os dragões, o pai de Banguela, tem a vida de seu filho protegida por um — e isso só é possível porque seu filho ousou pensar diferente. A transformação da vila começa com a coragem de um jovem que, mesmo com medo, escolheu fazer o que era certo.
No fim, o filme nos inspira a acreditar que não é preciso gritar para ser ouvido — e que, às vezes, o verdadeiro ato de coragem é ser gentil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário