sábado, 17 de junho de 2023

a cidade grande

“A GRANDE CIDADE” (1966)

 Monalisa Peixoto Soares


Um drama em preto e branco ambientado no Rio de Janeiro com personagens e diálogos fortes em meio à uma trilha sonora marcante. Essa é uma breve definição de “A grande cidade” (1966), filme dirigido por dirigido por Cacá Diegues. "As aventuras e desventuras de Luzia e seus 3 amigos chegados de longe" é o subtítulo do filme, que mostra a história de uma alagoana que vai para o Rio de Janeiro em busca do seu noivo (Jasão).

Diferente das produções que mostram o Rio de Janeiro como um “cartão-postal”, o filme traz cenas do cotidiano como a feira, o centro da cidade e cenários da desigualdade da conhecida “cidade maravilhosa”. Um de seus protagonistas, Calunga (Antonio Pitanga) remonta o estereótipo do carioca malandro e carismático, acolhendo os dramas de Luzia (Anecy Rocha).

Tornando-se um dos clássicos do Cinema Novo, “A grande cidade” traz vários aspectos do movimento, como a câmera na mão, os aspectos dramáticos em um estilo quase documental e a exposição de problemas sociais, como a fome e a desigualdade. Como por exemplo, nos trechos em que Luzia pergunta o que as pessoas fazem para sobreviver e Calunga responde “cada um se vira como pode.”.

Outros temas secundários também são mostrados no filme, como a migração de pessoas do nordeste para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições. Diálogos intensos com temas sobre a morte, sobrevivência, sofrimento, ódio e amor temperam as cenas, além da trilha sonora bem marcada em cada unidade dramática (suspense, romance e ação). Há contrastes entre cenas de alegria e descontração, e de tensão e perigo, como por exemplo, o carnaval e o poder policial. O filme parece enfatizar o lugar da violência na cultura brasileira, principalmente a partir de uma fala de Calunga: “A guerra é grande e está todo mundo nela”. Diante disso, o questionamento de Luzia ao longo do filme nos provoca: “Você tem medo?”.

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