quarta-feira, 28 de junho de 2023

pequena sereia

 


Ah, que pena seria…


EDUARDA CARDOSO DE MELLO

Apostando mais uma vez no que é seguro, Walt Disney Pictures, nos apresenta mais um live action dos seus contos clássicos. A Pequena Sereia (2023) de Rob Marshall nos leva ao fundo do mar para recontar a história de Ariel, a princesa sereia que é fascinada pelo mundo dos humanos.

Muito se questiona sobre o porquê do estúdio estar produzindo tantos live actions nos últimos anos e as hipóteses levantadas vão de uma possível falta de interesse das crianças de hoje em animações como as já produzidas a “será que as animações já deram tudo que tinham de dar?”. Filmes como Gato de Botas 2: o último pedido nos prova que isso não é verdade, então só me resta acreditar que o que a produtora quer é espremer o máximo que conseguirem daquilo que eles já sabem que a galera gosta, nos entregando mais do mesmo e nem sempre este mais é tão bom quanto o mesmo.

Não há como falar desta produção sem mencionar todo o burburinho que ela gerou desde a escalação de sua protagonista Halle Bailey. Assim que foi divulgada para o papel, a cantora sofreu ataques racistas por não ser parecida (leia-se: não ter o mesmo tom de pele) da personagem da animação, mas feliz e merecidamente, Halle calou todos com a sua graciosa voz (elemento muito importante na construção de sua personagem) que ela usa com muita maestria na em sua interpretação e performance encantadora, nos entregando toda a inocência e curiosidade de Ariel, e com certeza foi o que mais me cativou no filme.

Infelizmente não é possível dizer o mesmo sobre os outros personagens, mais especificamente, sobre os animais. A escolha de fazê-los o mais próximo da realidade levou embora 90% de suas personalidades. O mais carismático entre os animais que mais ganham destaque na minha opinião é o Sabidão, e isso me incomodou muito pois o Sebastião tem um papel muito mais importante na trama e ficou completamente apagado por de expressividade.. E a nossa relação com personagens animais não é a única coisa afetada por esta decisão. Na animação vemos um fundo do mar colorido com muitos peixes e corais para ver, e no live action só conseguimos identificar os elementos ao fundo de algumas cenas se os observarmos diretamente, tirando a atenção do que está acontecendo em tela no momento. E durante o número musical de Sebastião, vemos que havia condições de nos entregar uma experiência mais submersiva então por que não? O filme conta a história de um ser mítico que não existe de verdade então por que pesar tanto a mão em realismos?

Detalhes técnicos à parte, a narrativa segue a mesma da versão original, aquecendo nossos coraçõezinhos nostálgicos, e não se desvia quase nada disso, exceto para aprofundar algumas questões e relações já antes existentes, como o fascínio de Ariel pelo mundo humano, reforçando a visão de que ela não fez tudo o que fez apenas para ficar com o príncipe, o que é uma boa mensagem para as pequenas telespectadoras, e o seu próprio relacionamento com o Eric, deixando que as coisas fluísse mais naturalmente entre os dois, menos apressadas.

Em suma, é um filme bom, mas se eu precisasse mostrar A Pequena Sereia para alguém que nunca assistiu antes, eu com certeza optaria pela animação.

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