quinta-feira, 22 de junho de 2023

Secretaria

 

Elogio da submissão?

Giulia Caroline de Campos


Secretária” (Secretary, de Steven Shainberg, 2002), é um longa provocante que merece seu reconhecimento significativo pela sua execução técnica, escolha de cores e narrativa intrigante. O longa aborda a história da personagem Lee Holloway, vivida majestosamente pela atriz Maggie Gyllenhaal, em uma atuação impecável que foge completamente dos romances tradicionais. O diretor abusa de elementos visuais e estilísticos para aprimorar a experiência cinematográfica.

Apesar do longa se tratar de uma história de amor sadomasoquista, tema bastante controverso na nossa sociedade. A direção de Shainberg consegue conciliar o sutil com a profundidade da obra, transmitindo a atmosfera peculiar e intrigante do filme, e como a personalidade dos protagonistas vai se transmutando ao decorrer do a obra.

A escolha de planos próximos e enquadramentos minuciosos nos proporciona uma sensação de intimidade, que nos permite capturar a expressão e a linguagem corporal dos personagens detalhadamente. Essa abordagem viabiliza a conexão emocional do público com a história e aprofunda o entendimento dos personagens.

Ao falar de “Secretária”, não podemos deixar de pensar sobre a escolha certeira das cores, que nos induz ao universo melancólico e sadomasoquista que a personagem está inserida. No longa, notamos a escolha de paletas predominantemente frias e melancólicas, com tons de cinza, azul e vermelho. Cores essas que ressaltam o ambiente opressivo em que Lee vive e refletem sua busca por libertação e autodescoberta.

A cinematografia é indispensável para a construção da atmosfera do filme. As composições visuais são bastante evocativas, transmitindo os sentimentos de soturnidade somada a tensão e desejo de Lee. Os ângulos meticulosamente escolhidos, acentuam a dinâmica de poder entre os personagens e ressaltam as emoções presentes em cada cena.

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