sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

a vida de Brian



Fernando Medeiros Pereira


"A Vida de Brian", dirigido por Terry Jones e produzido pelo grupo Monty Python, é uma obra-prima da comédia satírica que transcende as décadas desde seu lançamento em 1979. A narrativa segue Brian Cohen, que nasce acidentalmente na manjedoura ao lado de Jesus, e, erroneamente, é confundido com o Messias. O filme é extremamente apimentado, carregado de piadas religiosas, de época e políticas, além de trazer uma estética Trash para a ambientação e com personagens absurdamente caricatos, muitas vezes tendo os mesmos atores para representá-los. Exatamente por todos esses motivos, ironicamente, esse filme se tornou meu favorito.

A força do filme reside na sua capacidade de utilizar o humor para lançar críticas afiadas à cegueira religiosa, ao fanatismo, à política e à manipulação ideológica. A sátira é simplesmente inteligente e muitas vezes desconfortavelmente pertinente. É possível citar, por exemplo, a cena do apedrejamento, onde as mulheres eram proibidas de participarem, porém todos os personagens na cena eram mulheres disfarçadas de homens, onde até mesmo chega ao ponto de uma delas ser um homem atuando como uma mulher disfarçada de homem. Esse desprendimento com a captação realista deixa a cena toda ainda mais inusitada e, claro, engraçada.

A narrativa surrealista mostra o trajeto de Brian desde seu nascimento, sendo confundido com Jesus, até sua morte por crucificação, onde o filme termina com a música “Sempre olhe para o lado bom da vida” enquanto dezenas de pessoas, inclusive o protagonista, estão condenados à morte pela cruz. No meio do trajeto de sua vida, ele é confundido com um tipo de Messias, criando até mesmo religiões divergentes sem querer.

No entanto, é notório que a abordagem irreverente é ofensiva para certos espectadores, obviamente, cristões ferrenhos e especialmente aqueles com sensibilidades religiosas à flor da pele, tornando o filme claramente uma obra que não é para qualquer um.

Além disso, algumas piadas são estendidas demais, perdendo a graça ou até mesmo a lógica, como a cena em que Brian cai dentro de uma espaçonave, gastando quase cinco minutos em tela que parece uma eternidade dele viajando pelo espaço e caindo no mesmo lugar apenas para dizer que é uma piada de Deus Ex Machina.

Por fim, "A Vida de Brian" é uma joia do humor subversivo e sua mensagem continua relevante atualmente. Como falado anteriormente, sou suspeito para falar, afinal, esse se tornou meu filme favorito, porém, não é um filme para qualquer um. É preciso ter uma mente aberta para aproveitá-lo ao máximo, mas com certeza é uma experiência inesquecível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário