sábado, 18 de janeiro de 2025

O Maníaco do Parque


 Maria Natany Lopes da Silva 


O Maníaco do Parque (2024) é um filme baseado em fatos reais, que mergulha na história do motoboy Francisco de Assis Pereira (Silvero Pereira), considerado o maior serial killer do Brasil, ele foi acusado de atacar 21 mulheres, assassinando onze delas e escondendo seus corpos no Parque do Estado, em São Paulo. Os detalhes de sua vida passam a ser investigados por Elena (Giovanna Grigio), uma repórter iniciante que enxerga a história do assassino, como uma forma de alavancar a sua carreira. 

O filme recria a trajetória de Francisco, desde sua abordagem às vítimas até o desenrolar das investigações policiais. A vulnerabilidade social das vítimas (em sua maioria, mulheres de baixa renda em busca de oportunidades de trabalho) revela a desigualdade estrutural que permeia o sistema, e isso permite que Francisco agisse impunemente por tanto tempo. O filme tenta, em partes, humanizar as vítimas, mostrando suas histórias e sonhos interrompidos. No entanto, há momentos em que elas são retratadas apenas como números ou peças em uma narrativa focada no assassino. 

Em paralelo a isso, tanto é notório a ineficiência das investigações, quanto é observado o papel da imprensa. É notório, que a mídia ajudou tanto na identificação do criminoso quanto na exploração sensacionalista dos casos, muitas vezes transformando o assassino em uma figura quase "mítica". A espetacularização do sofrimento das vítimas é um reflexo direto do jornalismo policialesco da época, algo que o filme denuncia, ainda que de forma sutil. A cobertura midiática acabou transformando Francisco em uma celebridade macabra, desviando o foco das falhas sistêmicas que permitiram seus crimes. 

Em geral, a obra consegue transmitir o clima de medo e tensão que tomou conta da sociedade na época. As atuações principais conseguem transmitir a complexidade emocional dos personagens, e a direção acerta ao criar um clima de suspense. Entretanto, em alguns momentos, o filme pode cair no risco do sensacionalismo, ao focar excessivamente nos atos violentos em vez de aprofundar questões psicológicas ou sociais mais complexas, por exemplo, mais tempo poderia ser dedicado às vítimas e suas famílias, oferecendo uma perspectiva mais profunda sobre o impacto emocional e social desses crimes. Mesmo assim, o filme é uma excelente obra que retrata a exploração midiática de tragédias e a falha das instituições públicas na prevenção desse tipo de crime.

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