quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

o fim do xxx mundo

 


“The End Of The F***ing World transcende o óbvio, mas paira na mesmice”

A temática mórbida, juvenil e de humor ácido cativa com as atuações, no entanto, o melodrama romântico acaba permeando um antro muito comum em obras audiovisuais.


João Augusto Pessoa


A série tem como base os quadrinhos de Charles S. Forsman, de mesmo nome, mas sem censuras. “The End Of The Fucking World”. A trama foca diretamente na vida de James, um jovem de 17 anos que acredita ser um psicopata, com grande prazer pelo mórbido e pelo desejo de matar. Sua coadjuvante e par romântico, Alyssa, é uma adoslecente rebelde, aquela típica personagem que é como um pavio, pronta para estourar a qualquer momento.

Os dois se conhecem por dois motivos. Alyssa se interessa romanticamente por James, o qual se interessa morbidamente pela garota, pois sua intenção é matá-la. Em primeiro momento, pois isso vai se dissolvendo ao longo da trama e transformando-se em mais uma paixão vendável de ficções televisivas.

A atuação, principalmente das protagonistas, é absurdamente envolvente, pois ela nos coloca sempre no agora da cena, com uma verossimilhança ímpar. Trazendo certo desconforto que a ação passa e nos envolvendo em um eterno clima de fuga. Pois durante a primeira temporada o casal se encontra sempre nesse escape de suas vidas, fugindo das encrencas em que se metem e que surgem repentinamente.

Já a segunda temporada é, certamente, menos emocionante, porém ao mesmo tempo muito resolutiva e surpreendente, assim como cativante por nos prender a trama com afinco, pois trás revelações e desdobramentos amplamente inesperados, relacionados principalmente a um assassinato em que os jovens se envolvem na primeira temporada.

Contudo, o melodrama romântico permeia lacunas narrativas que, a meu ver, poderiam ser preenchidas com outros respiros nessa história. Porém, fazendo um balanço geral a série é muito boa, deixa com aquele gostinho de quero mais, mas tem um ritmo e contexto geral muito satisfatório, por deixar tudo posto e explicado. Ainda mais com uma fotografia que permite a contemplação dos momentos, principalmente nos planos mais demorados e no mise-en-scène que permeia o roteiro em uma dança singular.

Com certeza, é uma experiência peculiar se deixar envolver por essa trama. Por mais estranha que pareça, é uma obra incrível e que não se corrói, trazendo sempre coerência nas surpresas e não deixando o ritmo chato.

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