“Walden” ou “Diário, notas e esboços” é um filme dirigido por Jonas Mekas. O filme expõe cenas da vida de Mekas, incluindo encontros entre artistas da vanguarda estadunidense, memórias de família, imagens do cotidiano ou simplesmente coisas da vida nova iorquina. Em geral, o filme tenta transparecer o dia a dia do cineasta, conseguindo transmitir a sua visão de mundo.
O estilo de Jonas Mekas se constituí basicamente de filmagens caseiras que se misturam a músicas eruditas, sons interessantes, conversas em off ou monólogos do próprio Mekas. É comum o espectador se emocionar com essa fluidez de imagens , pois Mekas sempre traz uma sensibilidade inacreditável e um pensamento genuíno sobre a vida, as coisas e as pessoas. Em geral, esse cinema imprime algo que somente os grandes artistas conseguem.
Especificamente, em Walden, Mekas nos mostra um verdadei ro show de cinema. Em meio a todas as belas imagens que escorregam em nossos olhos, é revelado o ambiente em que viviam os cineastas de vanguarda da época(como Michael Snow, Gregory J. Markopoulos e Stan Brakhage). Outro trecho famoso é o “Notas sobre o circo”, onde as filmagens de acrobacias e outras presentações, acompanhadas de cortes rápidos, transmitem a agilidade do circo.
O cinema experimental é o tipo de cinema que melhor transparece as obsessões dos cineastas ao público. Em um dos momentos mais especiais do filme, Mekas visita o grande diretor Carl Theodore Dreyer e, por algum motivo, a filmagem focou obsessivamente nas mãos abertas do Dreyer durante toda a visita. Esses pequenos detalhes nos revelam o como funciona o subconsciente do autor em pr ofundidade.
Ao rever a câmera percorrendo as mãos de Dreyer e mostrando a sua face, consigo perceber o verdadeiro valor desse filme: a procura pelo belo. Um jeito de olhar para as coisas que se perdeu no mundo moderno. Tentar recuperar a ternura, a imp ortância do olhar, o gesto e o amor. O filme é fantástico.
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