Em
Algum Lugar da Floresta
Maria Luiza Mafra Silva,
Paulo Henrique de Araújo Medeiros
Criada por Alex Hirsch e produzida pela Disney Television Animation, Gravity Falls: Um
Verão de Mistérios (2012 - 2016) é uma das animações modernas mais influentes, devido
principalmente ao seu belo encerramento (dividido em duas partes intituladas Estranhegeddon 3:
Recuperando Gravity Falls e Estranhegeddon 4: Em Algum Lugar da Floresta), se sustentando
qualitativamente inclusive a partir dos critérios pragmáticos analíticos mais bem quistos.
Iniciando pela análise geral, a série inteira mas em suma seu capítulo final, são sim
riquíssimos: na linguagem, que é direta, lúdica, estrutural e expressiva, pautando-se em recursos
e discursos hiperbólicos e moralistas, com uma tipologia expositiva porém sutil nos limites; no
conteúdo, onde vemos uma virtualidade fictícia e fantasiosa, mergulhada em uma “salada” de
mitologias ressignificadas por uma roupagem contemporânea, romantizando vertentes oníricas,
irreais e cômicas; e na metanarrativa, com um conjuntivo folclórico, lendário e quimérico,
misturando fabulações clássicas e coetâneas funcionais à explorar incontáveis arquétipos, isto
através de motes cotidianos (como problemas pessoais e relações afetivas) e não cotidianos
(como resolução de mistérios sobrenaturais, conspirações multiversais e o próprio apocalipse).
Já narrativamente, as ideias mágicas e jocosas da direção de Alex, assimiladas pela
leveza pueril aderente as típicas produções da Disney, são dissolvidas em duas temporadas que
englobam uma sequência de suspense, mistério e acontecimentos estranhos, direcionados pelos
principais agentes narrativos: os protagonistas e irmãos gêmeos Dipper e Mabel Pines.
Assim,
encaminha-se o enredo para o arco final, marcado pelo fenômeno fantástico do Estranhegeddon.
Inclusive, sobre o episódio final em si, é retratado de forma inteligente a força de vontade e
união entre Dipper, Mabel e sua equipe de amigos, que buscam criar um plano para enfrentar o
vilão Bill Cipher e recuperar o controle da pacata cidade de Gravity Falls, recém dominada por
estranhezas interdimensionais. Sendo assim, são designados vários elementos visuais (e suas
respectivas sonoridades) que reforçam uma “estética do bizarro”, representada por coisas como:
olhos gigantes metade morcegos, uma pirâmide gigante suspensa no céu, uma cabeça humana
gigante com um braço embutido, transmutações bizarras do vilão principal, etc.
Ademais,
ressaltam-se os sentimentos das personagens e como eles foram importantes para o resultado
final da batalha, dessa vez discutindo a reconciliação dos gêmeos Stanley e Ford (tio-avôs de
Dipper e Mabel), que tiveram que renunciar as desavenças para salvar Gravity Falls, deixando
assim uma mensagem positiva tanto para seus sobrinhos quanto para nós telespectadores.
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