A minissérie acompanha a jornalista Vivian (Anna Chlumsky) enquanto ela investiga a glamourosa e misteriosa Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem socialite que tem uma vida de luxos e festas e que se apresenta como uma herdeira alemã milionária, mas que na verdade utiliza dessa fachada para dar inúmeros golpes em bancos e jovens ricos. Depois que os golpes de Anna são expostos e ela acaba sendo processada e presa, Vivian decide contar a história de como Anna conseguiu se tornar uma das maiores figuras da elite burguesa de Nova Iorque mesmo vindo de uma origem pobre.
Perdendo-se em um cenário recorrente, “Inventando Anna” é um grande trunfo para a atriz Julia Garner, que nos faz acreditar em uma história inventada por um fraudador. É difícil decidir em quem ou no que acreditar. Criada por Shonda Rhimes, a minissérie é baseada no caso de Anna Delvey, uma falsa herdeira alemã que conquistou a alta sociedade de Nova Iorque e enganou desde socialites a bancos de investimento com base em toda uma série de mentiras.
Vale notar que “Inventando Anna” faz as ressalvas em cada episódio de que a história ali apresentada é "completamente real, exceto pelas partes puramente inventadas". A jovem de 25 anos está construindo um verdadeiro império de imagem. Ostentando milhares de dólares que ela não tinha em sua conta, Anna estava tecendo uma rede e ganhando a confiança de cada um deles, trapaça após trapaça em uma engenhosa cadeia de golpes.
Grande parte da credibilidade de Anna no programa vem da atuação de Julia Garner. A atriz se rende ao personagem e nos coloca no lugar de todo rico traído, assim como faz com aqueles ao seu redor. Julia Garner é uma verdadeira mágica para o público. Os golpes e mentiras estão aí para todos verem. A manipulação de "amigos" por Anna é clara e lúcida, mas tudo é feito com tanta naturalidade, com tanto “amor” que confunde perigosamente o real e o virtual. Já não sabemos qual é qual.
A história de Anna rendeu uma bomba na imprensa americana. A série foi escrita por Vivian Kent, outra vítima dos encantos dela. Se Vivian busca uma boa história que gere cliques para o portal em que estava trabalhando no início, com o tempo Anna vai construindo uma relação de poder entre as duas. Vivian convoca vários colegas para ajudá-la com o perfil. Não demora muito para que os limites éticos do jornalismo sejam ultrapassados e a proximidade das duas deixe de ser entre fonte e repórter e se transforme em conversa de amiga. Torna-se gratuito para todos, para informações e até para o prestígio de estar ao lado de Anna, assim como Todd, um advogado cujo casamento está em apuros por causa de sua dedicação em defender Anna.
Não há dúvida de que a história de Anna Delvey é uma boa minissérie, mas falha em dois pontos-chave inter-relacionados: roteiro e ritmo. Os golpes sem fim de Anna começam a se repetir e, apesar do feitiço da protagonista, cansamos e até antecipamos os próximos passos. Sessões muito longas podem ser cortadas sem danos.
A certa altura, Anna agradece a Vivian por torná-la famosa. É assim que o verdadeiro bandido deve se sentir em relação a Shonda Rhimes. A série levou sua história além das fronteiras dos EUA e até reintroduziu o caso. A fortaleza das imagens está longe de ser destruída.
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