quarta-feira, 27 de julho de 2022

STRANGER THINGS

A metamorfose

ANNE PENHA 

A série estadunidense Stranger Things, criada e dirigida pelos irmãos Matt e Ross Duffer para a plataforma de streaming Netflix, em 2016, apresenta 4 temporadas com 34 episódios. A série é ambientada na década de 1980, situada na cidade rural fictícia Hawkins, Indiana. Os Irmãos Duffer apresentam na sua tessitura elementos de vários gêneros cinematográficos para compor a narrativa fílmica, desde o gênero de ficção científica ao drama adolescente, de modo a entrelaçar com elementos sobrenaturais. 

Na narrativa acompanha-se os personagens principais Will Byers (Noah Schnapp), Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin), Dustin (Gaten Matarazzo) e Eleven (Millie Bobby Brown) em suas peripécias ao longo das temporadas, que se têm a amizade e o amadurecimento como plano de fundo. 

A princípio, assim como as demais temporadas, a quarta temporada revisita e faz referências aos clássicos do cinema da década de 1980. A trama em cada temporada vai aprofundando-se nos conflitos íntimos, psicológicos dos personagens, trazendo aos espectadores não apenas a ambientação da adolescência nos anos oitenta com suas tensões e dramas, mas também temas universais, como o amadurecimento, o luto e o bullying. 

Em cada temporada surgem novos personagens que vão trazendo mais núcleos narrativos para série. Assim, além dos personagens principais da série, têm-se a Maxine "Max" Mayfield (Sadie Sink), que entrou na segunda temporada. 

No primeiro episódio da quarta temporada, observa-se um paralelo entre Max e Eleven, pois são um dos arcos narrativos que se entrelaçam na série. Assim, se por um lado temos os traumas expostos de Max por meio dos pesadelos, após a morte do irmão na terceira temporada, do outro lado temos as dores da heroína Eleven, não apenas com a perca dos poderes, mais adificuldade em viver uma nova vida longe dos amigos e do pai, Hopper (David Harbour). 

A narrativa vai utilizando elementos da linguagem cinematográfica desde a paisagem sonora aos elementos cénicos para interligar os personagens. Com isso, na progressão delas são evidenciadas a jornada das heroínas, conceito cunhado por Maureen Murdock, em 1990. 

Dessa forma, a partir dos flashbacks, dos pesadelos, das alucinações dos personagens vai sendo introduzido na trama o antagonista Vecna (Jamie Campbell Bower) que entra na mente dos personagens na narrativa. Com isso, fazendo uma referência a um dos ícones do terror da década de oitenta, Freddy Krueger. A partir disso, têm-se a estrada das provações das duas personagens, ambientando o espectador na ilusão do sucesso, na desconstrução e na descida das heroínas. Por fim, ao longo da temporada elas vão enfrentamento seus traumas na busca e reconstrução de si, na compreensão do outro e das diferenças para resolver os seus conflitos internos perante o mundo.

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