quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Cidadão Kane

O homem que tinha tudo e não tinha nada


Lucas Ney de Lima Sabino


“Cidadão Kane” é considerado por muitos a melhor produção de Orson Welles. O filme conta a história de Charles Foster Kane (interpretado pelo próprio Orson Welles), um magnata da imprensa. O que conduz a narrativa é a palavra “Rosebud” dita pelo Sr. Kane antes de sua morte, isso intriga jornalistas e os fazem ir atrás de pessoas que conheciam o magnata para entender o significado dessa expressão. No fim, o filme é uma reflexão sobre o que realmente importa na vida.


Para entender melhor o motivo e como esse filme traz essa reflexão, primeiro vale uma citação “A riqueza não consiste em ter grandes posses, mas em ter poucas necessidades.” dita por Epicteto que viveu na Grécia Antiga, onde foi um filósofo estoico. Ele acreditava que a filosofia não é apenas uma forma de pensar, mas uma parte importante da experiência de vida. Mas em que isso se relaciona com o filme? Charles Foster Kane era um homem multimilionário, tinha posses em imóveis, empresas, ações em bancos, controlava (em certo ponto) a mídia, tinha grande influência na sociedade, artistas sobre seu cuidado, ações em banco… Porém, no desenvolvimento da narrativa, percebemos o quanto ele se sentia sozinho e vazio. Morreu sem amigos, sem família e sem esposa.

O filme não entrega essa reflexão de bandeja, é preciso estar atento a três coisas, a primeira é  que os repórteres estão atrás do significado da expressão “rosebud” dita pelo Sr. Kane, acreditando se tratar de algum tesouro ou herança deixados pelo magnata, ou uma amante secreta, alguma viagem marcante e etc. Eles não descobrem e acabam desistindo. A segunda são os globos de neve segurados pelo o Sr. Kane quando ele termina seu casamento e no momento de sua morte. E a terceira é que no final, no meio das coisas que estão sendo descartadas e queimadas do Charles Foster Kane, vemos um trenó usado pelo mesmo na infância, o trenó era da marca “Rosebud”.

Somando tudo isso, ao flashback de sua infância, a conclusão que tiramos é que embora o cidadão Kane fosse um homem com muitas posses e com muito dinheiro, o único momento em sua vida em que ele se sentiu feliz de verdade, foi quando morava com sua mãe, mesmo sendo muito pobre e seu único brinquedo um trenó velho, ele se sentia amado por sua mãe que abriu mão de tudo (inclusive de estar com seu filho) para que o pequeno Charles pudesse ter um futuro melhor.


Por fim, na minha opinião, o filme é sim uma obra prima. Tem boas atuações, inovações técnicas como profundidade de campo, a narrativa é contada com flashbacks de entrevistas, a direção faz um trabalho sensacional. Mas não é um grande filme somente por isso, mas por essa reflexão trazida de uma maneira sútil e muito interessante.

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