domingo, 27 de novembro de 2022

Love, Death & Robots


Yasmim Ariely Barbosa Pereira

Não é difícil conceber que na era dos streamings e blockbusters grandes produtoras como a Netflix têm investido em modelos audiovisuais que prezam muito mais pela quantidade do que pela qualidade de seus conteúdos. Em contrapartida, é fato que essa realidade gera a experimentação de novos formatos, tramas e categorias. Felizmente, resultados positivos como Love, Death & Robots conseguiram surgir desse cenário, quebrando barreiras que até então estavam travadas pela típica linearidade das narrativas cinematográficas.

Criada pelo famoso Tim Miller e produzida por ninguém menos que David Fincher, a série usa ao seu favor a antologia dos episódios, que tornam-se ainda mais ricos diante do universo de possibilidades concebido pelo poder da animação e a alternância entre diversos gêneros, estilos e traços.

Possuindo atualmente 3 volumes, a soma de seus 35 episódios narra diferentes distopias com tramas profundas e surpreendentes, circunstância que particularmente considero difícil realizar durante a média de 15 minutos em que os episódios se concretizam. Na maioria das vezes, Love, Death & Robots consegue superar essa barreira e produzir ideias pontuais, objetivas e interessantes com eficácia, porém ocasionalmente temos histórias medianas e um tanto superficiais que necessitavam de mais tempo para se desenvolver e encerrar seu enredo com mais firmeza.

Diante disso o impacto da trama pode oscilar com o passar dos episódios, - levando em consideração a incerteza da ordem em que são assistidos - mas é fato que a qualidade visual permanece altíssima. Seja stop motion ou um 3D fotorrealista, o padrão das direções de arte são igualmente impecáveis, nos instigando a apreciar ainda mais a obra, até mesmo diante de traços bastante incomuns.

Portanto, cai na ilusão quem espera de Love, Death and Robots ingenuidade e que seja apenas uma maneira de passar o tempo. A ideia de dar total liberdade criativa para a equipe de animadores nos possibilita o embarque em diferentes universos a cada “play”. É isso que a torna mais especial. Muito mais que amor, mortes e robôs, a obra é ambiciosa, equivale a uma explosão sem fim de ideias, perspectivas e reflexões - muitas reflexões. Com certeza é uma das melhores séries que já assisti.

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