quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Não se preocupe, querida

 

Giovanna de Andrade Augusto

Don’t Worry Darling, ou “Não se preocupe, querida” em português, é um filme dirigido pela atriz Olivia Wilde lançado pela Warner Bros. nos cinemas de todo o mundo em 2022. A trama conta a história de Jack (Harry Styles) e Alice (Florence Pugh) e seu cotidiano no Victory Project, uma cidade experimental na qual os homens trabalham em um projeto ultra secreto, enquanto as mulheres cuidam de suas casas, filhos, e fazem compras, toda a estética e os costumes do local remetem às décadas de 50 e 60. O problema começa quando Alice começa a desconfiar de que talvez o projeto não fosse aquilo que falavam, peças soltas e estranhos acontecimentos fazem a protagonista buscar cada vez mais respostas sobre a verdade do lugar, porém isso pode trazer riscos à sua família e sua própria vida. Além de Pugh e Styles, que voltou às telas pela primeira vez desde sua pequena participação em Dunkirk (2017), o elenco contém grandes nomes como Chris Pine, Gemma Chan e Nick Kroll. A diretora também aparece atuando como Bunny, um dos personagens da trama. O filme é considerado um terror psicológico e teve seus bastidores conturbados, com fofocas, dramas e uma grande mídia em cima do dito relacionamento entre Harry e Olivia.

O filme é... interessante. A bela fotografia é um dos principais pontos positivos do longa. Mas deixa a desejar em muitos outros pontos. O plot é previsível e nada inovador, além do terror psicológico não ter nada de terror. Florence faz uma atuação maravilhosa, mas também é só ela. Chris e Gemma fazem algumas poucas aparições e seus personagens não são muito aprofundados na trama. Harry Styles não foi a melhor escolha para protagonizar um homem com a profundidade que Jack Chambers pedia, mas conseguiu fazer um trabalho adequado com seu pouco estudo e experiência, definitivamente ele faria um bom papel em uma comédia romântica. Olivia Wilde foi o maior exemplo de fazer muitas coisas e não fazer nada direito. Entre dirigir, atuar e se meter em mil dramas com os holofotes em sua vida pessoal e brigas internas entre o elenco, a diretora se perdeu e não conseguiu entregar excelência em nenhum aspecto, o que foi decepcionante, principalmente para os amantes de Booksmart (outro filme dirigido por ela).

Outro ponto extremamente incômodo do filme foi o fato da diretora entregar em inúmeras entrevistas relatos sobre como o filme é focado no prazer da mulher e a constante sexualização da personagem principal. Os relatos e trailers basicamente vendiam o filme como quase um pornô, a extrema ênfase nas poucas cenas sexuais (como foi descoberto após o lançamento do longa) tirou de foco também o intuito principal do filme: entender como Alice iria fazer para descobrir a verdade sobre o Victory Project. Essa sexualização trouxe inúmeros debates após o lançamento pois no final do filme é descoberto que Alice está inserida nessa realidade nova contra sua vontade, portanto, todas as cenas sexuais retratadas no filme não seriam consensuais e retratariam estupros. Como a diretora poderia vender isso como prazer feminino? Até a própria Florence veio à público e comentou sobre as fofocas sobre o filme, falando sobre seu desconforto com a “Redução de seu personagem às cenas de sexo ou ao homem mais famoso do mundo transando com alguém.” e que “Não é por isso que ela está na indústria.”

O final do filme tinha potencial para ser extremamente bom, foi inserido um último plot twist inesperado que deu movimento para o fim da trama, mas, novamente, deixou a desejar. Muitas cenas divulgadas durante a gravação fazem parte de um final do filme que foi cortado e que daria esse fechamento final para a narrativa, o final ficou aberto e no cinema só podia ser visto inúmeros rostos confusos, tentando compreender que o filme tinha realmente acabado, pois não parecia.

Por fim o filme é apenas isso, um filme, sem grandes detalhes ou cenas. O estrelismo da diretora tirou o foco da real protagonista da história e de um potencial desenvolvimento da trama. O plot é raso e inclusive lembra muito o filme “Mulheres Perfeitas” de 2004, faltou inovação na história e uma propaganda verídica aos acontecimentos do longa.


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