sábado, 26 de novembro de 2022

O canto da sereia

 

Davi Miguel Mendonça Souza


Baseada no romance “O Canto da Sereia – Um Noir Baiano”, de Nelson Motta, a minissérie conta, em quatro capítulos, os bastidores da vida de Sereia, uma grande estrela da música pop e do axé, assassinada no alto de um trio elétrico em plena terça-feira de Carnaval em Salvador. 

A fotografia de “O Canto da Sereia”, assinada por Walter Carvalho, é marcada por uma saturação de cores quentes e uma ausência de tons frios. Sereia é destacada pelo estilo mais diferente de todos: utilizando apenas vestidos e saias, os figurinistas construíram para a personagem um figurino lascivo, que dá a ideia de movimento, e com muitas transparências para evidenciar a sua sensualidade. As cores azul, pérola e prata são utilizadas com predominância na maquiagem da atriz, para dar o efeito das águas do mar e sempre relacionar a personagem com a figura de Iemanjá. 

A concepção do diário de Sereia, onde ela registrava todos os fatos importantes de sua vida, levou em conta as constantes alterações de humor da personagem. A equipe de produção de arte criou páginas manchadas, preenchidas com diferentes canetas. 

A autoria do crime é revelada no último episódio da minissérie. O tiro foi disparado por Só Love, um grande amigo de Sereia. Poucos dias antes do Carnaval, Sereia revela a ele sobre sua doença terminal e pede que, como prova de amor, ele a mate, pois ela não quer sofrer em cima de uma cama de hospital e todos assistirem ela ficar debilitada. E assim o desejo dela acontece. Só Love, que aprendeu a atirar nos anos que passou no Exército, consegue uma arma contrabandeada e, do alto de um prédio, dispara o tiro que mata Sereia. 

Eu lembro de assistir essa minissérie inteira com a minha mãe em 2013 e foi uma das melhores experiências, envolvendo televisão, que tive junto dela. Como planejou Sereia, ela ficou na memória do povo como uma mulher linda, alegre e vitoriosa. 

“Foi o melhor para Sereia, meu coração está tranquilo. Eu não matei Sereia. Eu fiz Sereia viver para sempre.”

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