DOUGLAS SILVA DE AMORIM
Com roteiro e direção de Ryan Murphy, "GLEE" tornou-se uma das séries de maior ucesso da contemporaneidade. Tendo seu episódio piloto lançado em 19 de maio de 2009, a série logo modificou todo um cenário de seriados: uma série televisiva musical com músicas regravadas de musicais da Broadway e de cantores que fizeram sucesso em décadas passadas. A obra que mistura drama, comédia e musical, retrata um coral escolar que por muito tempo é desvalorizado por seus colegas de turma e até mesmo desacreditado pela própria direção da escola.
Recheada de referências que nos traz uma nostalgia constante, Ryan Murphy explora muito bem a adolescência dos personagens. Abordar assuntos que demais seriados não abordam talvez – além das músicas – tenha sido a virada de chave para o sucesso: assuntos como gravidez na adolescência, aceitação de pais com filhos LGBT+, dependência química dentre outros tópicos que não eram bem aceitos pela mídia televisiva. Buscando uma alternativa de mesclar a realidade com ficção junto as músicas apresentadas por eles era o que tornavam-o inovador.
Em destaque, é inegável falar de Glee e não mencionar a atuação de Lea Michele que, apesar de não ser minha personagem preferida, esbanja talento e competência em seu papel. Sendo a personagem principal da trama, Lea dá vida à Rachel Berry, que tem como sonho ser uma grande estrela da Broadway. Sua voz e sua perseverança em transformar o Glee Club como o clube de maior respeito de sua escola, mostra a força e audácia da personagem e, principalmente, do seriado.
Em contrapartida, apesar de ser 'comfort serie', a partir da 4ª (quarta) temporada, a série desandou e perdeu a força que havia nas três primeiras temporadas. Após a morte de Cory Monteith (1982-2013) que interpretava o personagem e que fazia par romântico com Rachel, Finn Hudson, o elenco juntamente ao idealizador do projeto, perdem um pouco do rumo para prosseguir com a série. Abalados e ainda em set, o elenco não se viam conectados após tamanha perda. Uma cena marcante onde mostra a dor do elenco que ultrapassa a linha personagem e vida real, é a interpretação da música "If I Die Young" (Adele) por Santana Lopez, de Naya Rivera (1987-2020): assim que a música acaba, ela foge das câmeras e vai para o camarim. Foi confirmado na época que isso não estava previsto no roteiro.
Embora haja essa queda estrondosa de recepção entre a quarta e quinta temporada, em sua 6ª (sexta) e última temporada a série dá uma melhorada. "GLEE" é um projeto que exige bastante atenção e principalmente que esteja de coração aberto para conhecer um repertório diferente produzido entre seriados musicais. Seu jeito catártico e ao mesmo tempo cativante, mostrou ser seu diferencial no mainstream. Com mais de 100 episódios e pra lá de 500 músicas cantadas durante toda a exibição, GLEE vai além do conforto e da diversão. Ela busca mostrar perspectivas reais numa classificação indicativa para 14 anos com temas de fácil entendimento, mas que ainda são tabus em nossa sociedade.

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