Adir Aguiar
Baseado no livro “As Pelejas de Ojuara” do escritor Nei Leandro de Castro, “O Homem que desafiou o Diabo” (2007) é uma comédia brasileira dirigida por Moacyr Góes, que mistura humor, crítica social e elementos da cultura nordestina. A obra se destaca pelo elenco de peso e pela valorização de artistas locais do Rio Grande do Norte. A produção de Luiz Carlos Barreto.
O filme acompanha a trajetória de Zé Araújo, interpretado por Marcos Palmeira, um caixeiro-viajante sedutor e cheio de lábia, que conquista mulheres por onde passa. Sua vida muda radicalmente quando é obrigado a se casar com Dualiba, vivida por Lívia Falcão, e se submeter ao trabalho árduo no armazém do sogro.
A partir dessa situação de opressão e humilhação, Zé Araújo se revolta e se transforma em Ojuara, um caboclo mítico e irreverente, que desafia convenções e vive aventuras fantásticas.
Entre os destaques do elenco, além de Marcos Palmeira e Lívia Falcão, estão Flávia Alessandra com Mãe de Pantanha, Fernanda Paes Leme como Genifer, e Sérgio Mamberti no papel do Coronel Rusevelt. Também participam Leandro Firmino (Zé Pretinho), Renato Consorte (Turco), Helder Vasconcellos (Cão Miúdo) e Carminha Medeiros (Dona Belinha). Essa diversidade de atores reforça o caráter híbrido da produção, que une nomes consagrados da televisão e cinema brasileiros com talentos regionais. O roteiro assinado por Moacyr Góes, Bráulio Tavares e Nei Leandro de Castro, mantém a essência da obra literária, mas a adapta para o cinema com uma linguagem acessível e visualmente atraente. O diretor imprime ritmo ágil e aposta em sequências cômicas que dialogam com a tradição das narrativas populares nordestinas
A trilha sonora e os cenários reforçam a cultura e a tradição nordestina, aproximando o espectador da atmosfera sertaneja. A participação de artistas locais é um ponto relevante. Além de atores regionais em papéis secundários, figurantes e técnicos da produção foram recrutados no próprio estado fortalecendo o vínculo entre o filme e a comunidade potiguar. Essa escolha não apenas confere autenticidade às cenas, mas também promove o cinema regional, dando visibilidade a profissionais fora do eixo Rio-São Paulo.
“O Homem que desafiou o Diabo” pode ser visto como uma metáfora da luta contra a opressão e a busca pela liberdade. A transformação de Zé Araújo em Ojuara simboliza a ruptura com a submissão e a afirmação da própria identidade. O personagem encarna o espírito irreverente e contestador do sertanejo, que enfrenta adversidade com humor e coragem. Portanto, o filme não se limita a ser uma comédia de costumes, mas também traz reflexões sobre poder, resistência e autonomia. O filme é uma celebração irreverente da cultura popular e do imaginário regional.

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